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Júlia Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Criança preta não pega trauma

Quarto de menina de 9 anos onde polícia matou homem desarmado na favela do Jacarezinho, no Rio - Herculano Barreto Filho/UOL
Quarto de menina de 9 anos onde polícia matou homem desarmado na favela do Jacarezinho, no Rio Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

11/05/2021 09h47

Quem disse que é assim tão traumático ver um homem ser executado dentro do seu quarto? Só por que era uma criança de 9 ou 10 anos? Agora, você vai me dizer que uma briguinha dessas causa algum problema emocional nesses pivetes? Essas crianças de favela são tudo criada, já. Já tudo cheia de maldade. Já faz coisa que adulto não faz! Tudo criada na rua, sem eira nem beira. Agora você vem me dizer que um policial honrado, fazendo a sua obrigação de combater o crime explodindo a cabeça do bandido vai causar trauma em criança de favela? Desde quando apontar o fuzil e espalhar cérebro de bandido pelo chão traumatiza essa criança preta? E daí que era um ser humano rendido e desarmado? Tudo bandido igual.

Aí você vem me dizer que uma criança dessa vai precisar de psicóloga, gente? Que frescurada do caramba. Esses filhotes de bandido vêem coisa pior todo dia na favela!

Agora vem esse pessoal de blusa vermelha de conversinha mole dizer que trabalhador pulando corpo e poça de sangue na porta de casa vai ficar deprimido. Aí você tá forçando a barra. Vai defender direitos humanos pá pobre, também? Pá favelado? E favelado tem depressão por acaso, patrão? Favelado lá tem tempo pra adoecer dos sentimentos, chefia? Faça-me o favor, meu amigo!

Onde já se viu?! E lá criança preta e pobre pega trauma? E lá gente pobre tem tempo de sentir as coisas? Se trabalhasse mais em vez de ficar escutando funk não tinha tanto tempo pra essas frescuras de sentir as coisas.

Quem mandou se envolver com tráfico? Quem mandou ser bandido? Devia ter arrumado um emprego. Até essas crianças aí de 9 anos que tava em casa vendo fuzilamento de bandido. Se elas estivessem trabalhando e não em casa dormindo aquela hora da madrugada, não tinha motivo pra ter trauma uma hora dessas. Eu, nessa idade, já trabalhava. Hoje em dia, esses pivetes não podem trabalhar. Só pode ser bandido! Isso a esquerda gosta. De ver esses pivete tudo virar bandido?

Quer psicólogo? Devia era querer trabalhar. Mas aí essa mídia vendida esquerdopata, tudo petista, defensor de bandido, esses comunistas ficam dizendo que criança não pode trabalhar. Isso que dá. Depois reclama. Quando a gente disse que criança devia trabalhar, era até nisso que a gente tava pensando. Evitar ficar em casa pra não vê bandido ser fuzilado!

O bagulho é o seguinte: tem de matar bandido, mesmo! Polícia tem que chegar atirando. Não tem ninguém ali inocente. Você vê pela cara. Olha as fotografias e me fala se aquilo ali não é tudo bandido? É pra entrar atirando e matando. Tem cara de bandido, tem de morrer.

Se o cara mora ali naquele lugar, santo ele não é. O cara é preto e favelado, e ainda veste roupa de bandido, usa corrente e boné de bandido e escuta música de bandido? Você chega na casa do sujeito e tá tocando funk. Você acha que o cara é o quê? Estudante? Empresário? Só não enxerga quem não quer. Ou então quem nunca viu um programa do Datena.

Essa esquerdalha, esse pessoal dos direitos humanos! Esses caras vão pedir o quê? Que a gente leve flores pra bandido? Não se enfrenta o crime com flores. Quer presunção de inocência? Quer direito de defesa? Quer julgamento justo, é? Quer pena justa? Meu amigo, nasce branco, e compra um helicóptero. Vai traficar direito. Vai traficar igual homem.

Quer moleza? Senta no colo do meu chefe!

Direitos humanos! Direitos humanos, meus 400 quilos de pasta base de cocaína primeiro, otário.

Criança preta pega trauma p*rra nenhum, tu me respeita! Psicólogo de preto é uma massa de cimento e uma pilha de tijolo. Toma vergonha, comunista! Direitos Humanos? Direitos humanos meus 117 fuzil na sua cara.

(Para quem não entendeu, esse texto é feito integralmente de ironias)