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Anielle Franco

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Anielle Franco lança livro de cartas escritas após assassinato de Marielle

Anielle Franco - Mayara Donaria
Anielle Franco Imagem: Mayara Donaria

Colunista do UOL

06/12/2022 06h00Atualizada em 06/12/2022 14h32

Na próxima semana, lançarei meu mais novo livro "Minha irmã e eu", que reúne cartas que escrevi para Marielle após seu assassinato, em 14 de março de 2018, e memórias de nossa infância e vida juntas. Desde então, um hábito que eu tive durante toda a minha infância com as mulheres da minha família, ganhou um novo significado.

Se antes escrevíamos para contar as histórias felizes e os últimos acontecimentos do intercâmbio, de um relacionamento ou outro, de uma música ou livro que tínhamos descoberto, da vida de cada uma de nós e aguardava ansiosa pela resposta que viria. Após seu assassinato, essa escrita se tornou dolorosa, não havia mais histórias felizes para compartilharmos, o cuidado com nossos pais passou a ser só meu, e perdi, em definitivo, uma confidente. Mas estava, junto com centenas de pessoas, construindo histórias para contar.

Nesses quase cinco anos, escrevi para tentar aliviar o peso do meu peito em viver sem minha irmã e conseguir sentir que seguia contando a ela tudo que estamos fazendo para manter sua memória viva e levar seu legado para mais mulheres negras, jovens e de periferias do Brasil e do mundo.

Angela Davis, ao falar de Marielle e do trabalho desempenhado pelo Instituto, diz "Marielle continua sendo uma inspiração constante, nos ajudando a passar por esse momento crítico com força e coragem. E, neste dia, nós honramos seu legado, sua família e o Instituto Marielle Franco, que está dando continuidade ao seu trabalho".

Ouvir isso de uma importante referência do movimento feminista negro mundial é uma inspiração. Ao mesmo tempo, não deixo de pensar o quanto a própria Mari ficaria feliz em conhecer Angela Davis e poder trocar sobre seus feitos políticos, no Brasil e nos EUA.

Taís Araújo, atriz que crescemos assistindo na TV e que hoje é uma grande companheira de lutas, também escreve sobre meu livro e sobre sua relação com Marielle. Taís foi eleitora de Marielle, não a conhecia pessoalmente, mas assim como todos seus eleitores, sentiu seu voto e aposta de futuro melhor para a política brasileira desrespeitados e interrompidos após o assassinato de Marielle, a vereadora.

A data e local para o lançamento desse livro de memórias não poderiam ser diferentes. O lançamento oficial do livro "Minha irmã e eu" está previsto para o dia 11 de dezembro de 2022, durante a Festa Literária das Periferias, a FLUP.

O lançamento acontece apenas um dia após a data que se celebra o Dia Internacional de Direitos Humanos, data importante para a luta de todas nós, defensoras e defensores de direitos humanos, e com um significado especial neste ano que foi de tantos desafios para todas as pessoas que defendem os direitos humanos e lutam por uma vida com dignidade para suas comunidades.

O evento da FLUP acontecerá na Favela da Maré, minha favela, onde cresci e vivi minhas melhores experiências, onde me formei como cidadã e onde nossa família se construiu nessa cidade.

Convido todas e todos a lerem esses escritos tão íntimos e conhecer um pouco mais sobre a história da minha família, da Mari, e da nossa relação e de toda nossa luta por memória, que segue firme, com novos contornos, com muita saudade, mas também com muita energia para transformar nosso mundo em um lugar melhor.

Minha irmã e eu: Diário, memórias e conversas sobre Marielle
Editora Planeta

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