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Tesla é alvo de processo por baixar autonomia de carros sem avisar clientes

Volante do Tesla Model S em Seul - Kim Hong-Ji/Reuters
Volante do Tesla Model S em Seul Imagem: Kim Hong-Ji/Reuters

Da Agência Reuters

10/08/2019 07h00

Um dono de um Tesla entrou com ação contra a fabricante de veículos elétricos. Ele alega que a empresa limitou a faixa de utilização das baterias de veículos mais antigos por meio de uma atualização de software, para evitar um recall caro para consertar baterias supostamente defeituosas.

O processo, aberto na quarta-feira no tribunal federal do norte da Califórnia, alega fraude e busca o status de ação coletiva para os potencialmente "milhares" de proprietários do Model S e do Model X em todo o mundo - que viram o alcance de suas baterias de gerações mais velhas sendo encurtadas em 40 milhas (64 km).

O alcance perdido tem sido um tema em destaque desde maio em fóruns online de proprietários, como o TeslaMotorsClub.com, no qual muitos proprietários detalham como a faixa de utilização das baterias caiu. Alguns usuários compraram modelos mais caros porque ofereciam maior alcance. Eles dizem que a Tesla tirou isso com a atualização do software, desvalorizando o carro, limitando a distância que eles podem viajar e forçando-os a recarregar com mais frequência.

O Model S 85 do autor do processo, David Rasmussen, perdeu a capacidade da bateria em cerca de 8 kWh, mas foi informado pela Tesla que a degradação era normal, segundo alega na ação judicial.

Um porta-voz da Tesla disse que a prioridade da empresa era oferecer a melhor experiência possível ao cliente, com o maior respeito pela segurança.

"Uma porcentagem muito pequena de proprietários de veículos Model S e X mais antigos podem ter notado uma pequena redução no alcance máximo de carga após uma atualização de software projetada para melhorar a longevidade da bateria", disse Tesla.

A empresa acrescentou que está trabalhando para diminuir o impacto sobre o alcance das baterias dos proprietários afetados, e que "estão lançando atualizações de sistema para abordar essa questão desde a semana passada".

A questão surgiu pela primeira vez em maio. Depois que um Model S pegou fogo em Hong Kong, a Tesla disse que, por cautela, estava revisando as configurações de carga e gerenciamento térmico nos veículos Model S e X por meio de uma atualização de software. O objetivo era "ajudar a proteger ainda mais a bateria e melhorar a longevidade da bateria". Em junho, a empresa anunciou que planejava melhorar o impacto da atualização de software depois que alguns proprietários reclamaram.

Alguns proprietários que viram seus carros não poderem utilizar a capacidade de suas baterias em 100% buscaram reparação por meio da justiça, enquanto pelo menos três venderam seus carros, de acordo com os posts do fórum Teslamotorsclub.com. Outros desativaram o Wi-Fi para evitar atualizações de software que possam afetar seu alcance.

"Sob o disfarce de 'segurança' e para aumentar a 'longevidade' das baterias, a Tesla manipulou fraudulentamente seu software com a intenção de evitar seus deveres e obrigações legais para com seus clientes de consertar ou substituir as baterias dos veículos. A Tesla sabia que elas eram defeituosas, mas não informaram seus clientes sobre os defeitos", diz o processo.

O processo aponta para uma recente onda de incêndios de baterias Tesla e afirma que, em vez de informar seus clientes sobre um potencial risco de incêndio, a empresa "optou por, pelas costas de seus clientes, usar atualizações de software e estrangulamento da bateria para evitar responsabilidade".

Em seu relatório de segurança de veículos publicado em seu site, a Tesla diz que os incêndios de veículos são "excepcionalmente raros", e de 2012 a 2018 houve aproximadamente um incêndio em um veículo Tesla para cada 170 milhões de quilômetros percorridos.

A montadora comparou isso com dados da Associação Nacional de Proteção contra Incêndios dos EUA e do Departamento de Transportes dos EUA, mostrando um incêndio em veículos a cada 19 milhões de milhas percorridas no país. Essas entidades medem incêndios em todos os veículos, não apenas em Teslas.

Em maio, a Tesla informou que seus veículos eram 10 vezes menos propensos a sofrer incêndios do que um carro a gás. Eles disseram que em sua investigação do incêndio de Hong Kong apenas alguns módulos de bateria foram afetados e a maior parte da bateria não foi danificada.

Um dos proprietários, Nick Smith, de Orlando, Flórida, disse em uma entrevista que ficou frustrado com o mau atendimento ao cliente da Tesla, com respostas lentas a suas ligações e e-mails, sendo mantido no escuro sobre a verdadeira raiz do problema e o que será feito para remediar isso.

"É como se você levasse seu carro até a oficina e tivesse um tanque de 20 galões, mas agora você tem um tanque de apenas 10 galões sem o seu conhecimento ou permissão", disse Smith em uma entrevista.

O Model S P85 de Smith de 2013 não passa de 90% da carga após a atualização do software. A Tesla disse a ele que a perda foi devido à degradação normal da bateria, segundo afirma o proprietário. As baterias em questão têm uma garantia de oito anos

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