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Alemanha pode exigir caixa-preta de carros que guiam sozinhos

Edward Taylor e Jan Schwartz

Em Frankfurt (Alemanha)

20/06/2014 14h17

Montadoras alemãs avaliam o uso de gravadores semelhantes às caixas-pretas de aviões em carros autônomos, uma ideia controversa num país preocupado com a privacidade, mas que pode ser o passo crucial para permitir que a tecnologia chegue às estradas. Mercedes-Benz e a BMW estão entre as montadoras que desenvolveram carros autônomos ou semi-autônomos, junto com o Google .

Mas enquanto alguns itens, como estacionamento assistido, estão comercialmente disponíveis, questões jurídicas prejudicam a implantação de outras tecnologias, tais como ultrapassagens automáticas nas estradas; por isso, os carros totalmente autônomos permanecem sendo protótipos.

O quase-autônomo (e alemão) Mercedes Classe S

A instalação de um gravador de dados no estilo dos usados em aeronaves poderia ajudar a resolver algumas questões, dando a fabricantes e seguradoras clareza sobre quem deverá ser responsabilizado quando um carro autônomo se envolver num acidente. A questão está sendo debatida num painel sobre condução autônoma na Alemanha, num grupo formado por funcionários do governo.

O grupo tem como objetivo assegurar à Alemanha não perder a sua vantagem na fabricação de automóveis autônomos e inclui montadoras, advogados, defensores da privacidade e executivos de seguradoras encarregados de identificar deficiências na regulação do país, de conhecimento tecnológico e sbre enquadramento jurídico.

"A necessidade de os carros terem uma caixa-preta é um dos itens discutidos", disse uma pessoa envolvida nos debates, que pediu anonimato.

CARRO FAZ, CARRO PAGA?
Com 90% dos acidentes de automóvel causados por erro humano, os engenheiros da montadoras estão convencidos de que deve ser dada mais liberdade aos carros para intervir e ajudar os motoristas numa situação de perigo -- da mesma forma que os computadores ajudam os pilotos a pousar aviões.

Mas uma questão crucial que está sendo debatida por um subgrupo da mesa redonda gira em torno de responsabilidade: em caso de acidente, a lei alemã não faz distinção entre um carro dirigido de forma semiautônoma ou completamente sem o condutor, apesar de haver uma diferença enorme de tecnologia.