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Montadoras querem ajuda do governo para exportar mais carros

Luiz Moan, novo presidente da Anfavea, fala durante apresentação da cúpula da entidade, em São Paulo  - Alf Ribeiro/Futura Press/Folhapress
Luiz Moan, novo presidente da Anfavea, fala durante apresentação da cúpula da entidade, em São Paulo Imagem: Alf Ribeiro/Futura Press/Folhapress

Em São Paulo (SP)

22/04/2013 19h32

As montadoras instaladas no Brasil pedirão ao governo federal incentivos para aumentar as exportações veículos, tendo como meta vendas externas de 1 milhão de unidades anuais nos próximos anos -- mais do que o dobro do previsto para 2013.

A proposta, anunciada nesta segunda-feira (22) pelo novo presidente da Anfavea (associação das fabricantes), Luiz Moan, vem num momento em que o setor, responsável por 23% do PIB industrial do Brasil, já é beneficiado pelo aumento do imposto de importação, desoneração das vendas internas e com entrada em vigor do regime automotivo Inovar-Auto, que prevê redução do IPI a empresas que conseguirem melhorar a eficiência de consumo de combustível de seus veículos e investirem em produção local.

Em sua primeira entrevista como novo presidente da Anfavea, Moan, que é diretor de assuntos governamentais da General Motors no Brasil, disse que o programa "Exportar-Auto", que ainda será proposto ao governo, tem como objetivo inicial evitar queda nas vendas externas e, num segundo momento, ampliar o mercado para o produto brasileiro.

A última vez que o Brasil chegou perto do patamar de 1 milhão de veículos exportados foi em 2005, com cerca de 900 mil unidades. Desde então, a forte expansão do mercado interno e as crises internacionais, além da propalada queda na competitividade, corroeram as vendas externas do país.

O pedido de criação do Exportar-Auto seria oficializado pela Anfavea ao ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, em solenidade ainda nesta segunda.

Segundo Moan, entre os focos da proposta do Exportar-Auto está o ingresso do setor no Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado (Recof), mecanismo que prevê processos aduaneiros mais simplificados e desoneração da cadeia produtiva. Ele também citou como alvo a carga de 8,8% de impostos sobre veículos que não é compensada com créditos tributários e que incide diretamente sobre o custo das empresas.

"Se não fizermos nada, o número de 420 mil [veículos a serem exportados em 2013] vai cair", disse Moan. Ele evitou cravar quando a meta de 1 milhão deve ser alcançada, mas afirmou que espera que o número seja obtido até o fim de 2017.

Segundo a Anfavea, apesar de o Brasil ser o quarto maior mercado consumidor de veículos do mundo, é apenas o sétimo em produção, mesmo com 55 fábricas de 28 empresas instaladas no território nacional.

Moan defendeu o livre comércio de automóveis entre o Brasil e a Argentina, um dos principais destinos das exportações brasileiras de veículos. "Nossa posição é de defesa do livre comércio", disse, sem dar mais detalhes.

AUTOPEÇAS
Além do Exportar-Auto, a nova gestão da Anfavea também continuará negociando com o governo a criação do programa "Inovar-Peças", que tem como objetivo fortalecer a pulverizada indústria de autopeças do país, que enfrenta dificuldades para investir no mesmo ritmo que o cobrado das montadoras pelo Inovar-Auto.

Segundo Moan, as montadoras investirão no Brasil R$ 60 bilhões entre 2013 e 2017, dos quais cerca de R$ 14 bilhões em engenharia automotiva. A capacidade de produção das empresas crescerá dos atuais 4,5 milhões de veículos por ano para 5,5 milhões nesse período, em meio à chegada de novas marcas asiáticas ao país e projetos de ampliação de montadoras já estabelecidas.

Para o mercado interno, as expectativa é de vendas de 5 milhões de veículos anuais, incluindo importações. A previsão da Anfavea para 2013 é de vendas de cerca de 4 milhões de unidades.

Moan substitui Cledorvino Belini, presidente do grupo Fiat para a América Latina, no comando da Anfavea.