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Ford vê alta de 2% a 4% no mercado de veículos do Brasil em 2013

Alberto Alerigi Jr. e Brad Haynes

Do UOL, em São Paulo (SP)

05/12/2012 17h48

O mercado brasileiro de veículos deve crescer até 4% em 2013, previu nesta quarta-feira (5) a quarta maior montadora do país, Ford, estimando que a indústria pode enfrentar problemas de capacidade ociosa diante de uma série de investimentos recentes em aumento de produção de marcas atuais e de novos entrantes.

"Esperamos que o mercado continue crescendo em 2013, mas isso vai depender do cenário macroeconômico e de um ambiente de juros continuando em patamares baixos", disse o presidente da Ford para o Brasil, Steven Armstrong.

Segundo ele, as vendas internas de veículos novos devem avançar de 2% a 4% em 2013, num ritmo menor que o previsto para este ano. A associação que representa as montadoras do país, Anfavea, estima crescimento de 4% a 5% nos licenciamentos em 2012, para entre 3,77 milhões e 3,8 milhões de unidades.

"A competição está se intensificando e melhorando (seus produtos) a cada ano no Brasil, que é o quarto maior mercado do mundo", disse Armstrong, acrescentando que a companhia vai investir R$ 4,5 bilhões no país de 2012 a 2015.

Em 2013, a Ford deve fazer 18 lançamentos de veículos novos e versões de atuais no Brasil, após 15 em 2012.

A montadora norte-americana viu sua participação de mercado em automóveis e comerciais leves ter ligeiro recuo no acumulado do ano até novembro, para 8,9%, ante 9,2% no mesmo período de 2011, diante da estratégia de renovação de seus modelos para produtos globais que incluem o novo EcoSport, desenvolvido no Brasil. Enquanto isso, a quinta colocada Renault avançou para 6,66% de market share, partindo de 5,58%.

Em termos de vendas externas, Armstrong comentou que espera que a Ford Brasil apresente exportações estáveis em 2013 ante este ano, em cerca de 60 mil veículos.

CAUTELA SOBRE 2013
Segundo o diretor de assuntos corporativos da Ford, Rogelio Golfarb, a montadora encara 2013 com uma postura de "cautela", diante do crescimento mais lento do mercado interno de veículos e dos planos de investimento em produção de uma série de marcas, incluindo as chinesas Chery e JAC e a sul-coreana Hyundai.

"O Brasil tem risco de ter capacidade ociosa de produção (de veículos) já em 2013", disse Golfarb, acrescentando que o nível atual de ocupação da indústria automotiva é de cerca de 85%.

A capacidade de produção nacional hoje é de cerca de 4,5 milhões de veículos por ano.

De olho num potencial de crescimento do mercado brasileiro para 6 milhões de unidades nos próximos dez anos e com o novo regime automotivo que força um nível de produção local maior, várias montadoras têm anunciado planos para novas fábricas ou ampliações de instalações no país.

Golfarb afirmou que "não há dúvidas" de que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2013 terá expansão maior que 2012 e que a queda na taxa de básica de juros (Selic) ainda não teve tempo suficiente para ser refletida no crédito ao consumidor, algo que deve ocorrer no próximo ano e ajudar as vendas.

Ele evitou comentar se o governo poderá prorrogar para além de dezembro a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de veículos, estabelecida pelo governo em maio para ajudar as vendas da indústria.