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Venda de veículos bate recorde, mas Fenabrave reduz projeções

Alberto Alerigi Jr.

Da Reuters, em São Paulo (SP)

06/11/2012 11h14

As vendas de veículos novos no Brasil bateram recorde para o mês de outubro, mas a associação de distribuidores Fenabrave reduziu nesta terça-feira (6) sua estimativa para o crescimento dos licenciamentos em 2012, após ser surpreendida pelo tombo registrado em setembro.

Em outubro, as vendas de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus subiram 18,6% na comparação com setembro e 21,8% em relação ao mesmo período de 2011, para 341,7 mil unidades.

O volume levou o acumulado de licenciamentos no ano para 3,13 milhões de veículos, crescimento de 6% sobre os 10 primeiros meses de 2011.

Apesar disso, a Fenabrave decidiu rever suas projeções para os licenciamentos de automóveis e comerciais leves este ano, de alta de 8,05%, divulgada em agosto, para crescimento de 4% a 4,8%. Se confirmada, a estimativa será equivalente a um volume entre 3,5 milhões e 3,6 milhões de unidades.

Segundo o presidente de conselho da entidade, Flávio Meneghetti, a revisão ocorreu após a queda acima do esperado das vendas em setembro, de mais de 30% na comparação com o recorde histórico de agosto.

"O que nos fez rever foi o comportamento de setembro. O tamanho da queda nos surpreendeu. Além disso, o anúncio da presidente Dilma (Rousseff) de renovação do desconto do IPI até o fim do ano fez os consumidores esperarem mais para comprar", disse Meneghetti em entrevista nesta terça-feira.

A entidade começou o ano com uma expectativa de crescimento de 4,5% nas vendas de automóveis e comerciais leves, mas revisou os números por algumas ocasiões no decorrer do ano, conforme o mercado reagia a medidas de incentivo concedidas pelo governo, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no fim de maio.

Para 2013, Meneghetti afirmou que ainda é cedo para fazer estimativas firmes, mas aposta em um crescimento de vendas acima de 3,5%. A taxa de 3,5% é a mesma estimada para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano pela consultoria MB Associados, que assessora a Fenabrave.

"O desempenho do próximo ano está ligado ao crescimento do PIB. Toda a vez que o PIB cresce 3,5%, as vendas avançam 20% acima disso", disse Meneghetti.

"Num cenário normal, 4% é coerente com o que está acontecendo com a economia agora. Mas, no final do ano, as montadoras sempre forçam vendas para melhorar participação. Além disso, locadoras estão renovando frotas antes da volta do IPI mais alto no ano que vem, por isso o 4,8%", afirmou.

Segundo ele, os licenciamentos dos próximos dois meses seguirão aquecidos, mas serão mitigados por um volume de dias úteis menor na comparação com 2011. Novembro terá 19 dias úteis, enquanto dezembro terá 18. Em comparação, outubro teve 22 dias para emplacamentos.

Para o restante dos segmentos, a Fenabrave manteve suas estimativas para 2012: caminhões vão recuar 19%, para 139,85 mil unidades; ônibus terão alta de 8%, a 37,53 mil unidades; e motocicletas sofrerão queda de 12%, para 1,7 milhão de unidades.

CAMINHÕES E MOTOS
Em outubro, as vendas de caminhões saltaram 48% sobre setembro, para 12,54 mil unidades, catapultadas pela redução de juros de financiamento do programa PSI-Finame, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no fim de agosto, de 5,5% para 2,5% ao ano.

Porém, sobre outubro de 2011, o volume licenciado caiu 9,6%, não conseguindo superar o forte movimento de antecipação de compras gerado pela mudança no regime de emissões de poluentes a partir de 2012, que exigiu produção de motores mais limpos, mas mais caros.

"Houve também maior agilidade na aprovação de crédito do Finame", disse o presidente-executivo da Fenabrave, Alarico Assumpção Jr. Em setembro, ele estimou um crescimento de 10% nas vendas de caminhões em 2013.

Já as vendas de motocicletas subiram 16,9% em outubro sobre setembro, para 134,7 mil unidades. Sobre outubro de 2011, porém, houve queda de 7,8%. No ano, o segmento acumula licenciamentos de 1,38 milhão de unidades, queda de 12,8% sobre o mesmo período de 2011.

Apesar de ter havido um aumento recente nas aprovações de crédito para consumidores comprarem motocicletas, o nível segue baixo, com apenas 22 pedidos de financiamento sendo aprovados a cada 100 entregues aos bancos, disse Assumpção. Ele atribuiu a desconfiança ao alto índice de inadimplência e à dificuldade "muito grande" das instituições financeiras para a retomada dos bens.

RANKING
A Fiat encerrou outubro na liderança do segmento de automóveis e comerciais leves, com licenciamentos de 80.797 unidades, elevando sua participação no total das vendas para 24,7% ante 21,7% em outubro de 2011.

A Volkswagen registrou vendas de 70.562 unidades em outubro, elevando sua fatia no período de 20,2% para 21,6%. A montadora alemã foi seguida por General Motors, com licenciamentos de 54.065 veículos e participação recuando de 18,9% para 16,5%. A Ford teve emplacamentos de 29.936 carros e comerciais leves em outubro, com fatia crescendo de 8,6% para 9,2%.

O período foi marcado pela entrada da Hyundai e da Toyota no segmento de carros compactos, o de maior volume no mercado nacional.

O modelo HB20, fabricado em Piracicaba (SP) pela Hyundai, teve vendas de 3.312 unidades. Já o Etios, da Toyota, produzido em Sorocaba (SP), teve emplacamentos de 1.112 unidades. Em outubro, o automóvel mais vendido do país foi o Gol, da Volkswagen, com 27,7 mil licenciamentos.