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Montadoras japonesas tentam manter excelência apesar do iene

30/11/2011 10h18

Por Chang-Ran Kim

TÓQUIO (Reuters) - Montadoras japonesas mostraram conceitos futuristas como casas abastecidas energeticamente por carros e veículos esportivos recarregáveis no Salão do Automóvel de Tóquio, mas a insistente valorização do iene é uma pedra no caminho da indústria, ameaçando a chance dessas fabricantes de se manterem na liderança da tecnologia de próxima geração.

O evento bienal abriu as portas para a imprensa nesta quarta-feira e mostrou o usual leque de carros "verdes", como os veículos elétricos e os movidos a célula de combustível, enquanto as maiores montadoras japonesas foram adiante e mostraram como os carros possivelmente se ligarão à rede elétrica e armazenarão energia nas baterias.

A ideia de captar energia solar ou a energia não usada e mais barata dos carros durante a noite para abastecer casas ganhou força no Japão após terremoto e tsunami de 11 de março terem deixado milhões de residências sem luz e deflagrado uma crise de energia nuclear.

Mas a duradora valorização do iene, a cerca de 78 dólares agora, corroeu os lucros das montadoras japonesas no mercado doméstico, afetando a concorrência com companhias como a sul-coreana Hyundai e a alemã Volkswagen em termos mundiais.

"A minha maior preocupação agora é que, sim, as montadoras japonesas têm grande excelência em tecnologia e fabricação, mas serão capazes de manter esta excelência?", questionou o analista de carros Christopher Richter, da CLSA Asia-Pacific Markets.

"Construir nova tecnologia requer dinheiro. Se você está sem, seus concorrentes em nível mundial não vão poupá-lo das dificuldades no Japão. Se (as montadoras japonesas) não mudarem, haverá um desgaste lento da vantagem competitiva que elas podem bancar."

As montadoras japonesas estão fechando um ano de desafios sem precedentes, incluindo desastres no país e interrupção de fornecimento de autopeças por causa das enchentes na Tailândia, embora a apreciação do iene praticamente em relação a todas as moedas tenha sido a maior das dores de cabeça do setor.