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Trabalhadores de montadoras do ABC devem ter aumento acima de 10%

Alberto Alerigi Jr.

Em São Paulo

19/09/2010 14h59

As montadoras de veículos do ABC, na região metropolitana de São Paulo, ofereceram reajuste salarial de 10,8% para seus milhares de trabalhadores, mas a oferta acabou não sendo aprovada neste sábado (18), uma vez que as empresas dividiram reajuste e abono entre este ano e 2011.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, as montadoras da região -- Volkswagen, Ford, Toyota, Scania e Mercedes-Benz -- ofereceram aumento de 9% este ano que seria complementado por mais 1,66% em 2011. A proposta também envolve abono de R$ 2.200 dividido em duas vezes, em outubro e novembro.

Os trabalhadores, em assembleia na manhã de sábado, aprovaram o índice de reajuste de 10,8%, mas decidiram exigir o pagamento integral do aumento e do abono retroativo a 1º de setembro, data base da categoria, informa o sindicato em comunicado. Com isso, o sindicato poderá fechar acordo "se as montadoras concordarem em unificar o pagamento do abono e aplicar o 1,66% (índice que significa a incorporação do abono de 2009) agora", afirma a entidade.

A negociação do sindicato com as montadoras, encerrada na madrugada do sábado, envolve ainda metalúrgicos de Taubaté, São Carlos e Tatuí.

Segundo o presidente do sindicato do ABC, os 10,8% de reajuste mais o abono de R$ 2.200 "representa uma proposta de 14,56% de aumento salarial, o maior índice conquistado pelo sindicato na história categoria".

No interior do Estado, na semana passada, trabalhadores da fábrica da General Motors em São José dos Campos (SP) aprovaram reajuste salarial de 9%, retroativo a 1º de setembro.

Já os trabalhadores na base do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, metalúrgicos em greve das montadoras Toyota e Mercedes-Benz, seguem negociando com cada empresa, depois que os trabalhadores da Honda aceitaram reajuste de 10,5% durante a semana.

PARANÁ
No Paraná, metalúrgicos da Renault aceitaram na sexta-feira (17) reajuste salarial de 10,08%, 10% de aumento no piso e abono de R$ 4.200 pagos em setembro e outubro. Inicialmente a companhia havia oferecido 7% de reajuste, mas melhorou a proposta após paralisações dos trabalhadores.

Na Volkswagen, trabalhadores reunidos em assembleia na manhã do sábado decidiram decretar "estado de greve-pipoca", ou seja, paralisação alternada de turnos a partir da segunda-feira (20). Durante a semana, a montadora ofereceu 7%, mas a proposta foi rejeitada e a empresa não voltou a propor um novo índice. Com isso, os metalúrgicos da montadora alemã decidirão na segunda se mantêm o atual estado de greve ou se ampliam o protesto para uma paralisação de maior escala.

Na Volvo os metalúrgicos conseguiram 10% de aumento salarial e mais R$ 4,2 mil de abono e voltam a se reunir em assembleia também na segunda-feira para decidir o rumo de mobilização. Os trabalhadores decretaram greve na sexta-feira e ainda tentam melhorar o valor de vale-mercado de R$ 60 para R$ 300.

"Esperamos que até segunda a Volvo apresente um vale-mercado à altura do valor dos seus trabalhadores", afirma o presidente do sindicato de Curitiba, Sérgio Butka, em comunicado.