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Ex-Lata Velha revela truques e perrengues de reformas do programa de Huck

Acervo pessoal
Imagem: Acervo pessoal

Carolina Barros Lopes

Do UOL em São Paulo (SP)

12/12/2022 04h00

Reformas pitorescas, prazo quase impossível e carros inacabados apresentados como concluídos. Famoso quadro dos programas de Luciano Huck, o Lata Velha teve alguns de seus macetes revelados ao UOL Carros por alguém que conheceu de perto a rotina pesada das customizações dos veículos das atrações da TV Globo.

Luiz de Souza Barbosa Júnior trabalhou por seis anos como funileiro do Lata Velha e foi responsável por alguns dos projetos curiosos apresentados pelo programa. Assim como donos de oficinas que já participaram do programa, ele relata uma rotina complicada de reformas realizadas no programa.

De acordo com Luizão, que trabalhou no Lata Velha entre 2009 e 2015, o prazo apertado era a principal dificuldade das reformas. Segundo o funileiro, reformas que durariam meses tinham que ser realizadas em duas semanas, independentemente da complexidade do projeto. A parte de funilaria, sua responsabilidade, tinha apenas sete dias para ser concluída.

Luiz ex-lata velha - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Luiz ex-lata velha
Imagem: Arquivo pessoal

Outro detalhe revelado pelo especialista foi que nem tudo o que era exibido sendo restaurado na televisão era real. Algumas das peças não tinham mais conserto e tinham que ser substituídas por novas - o que não era exibido no programa. E foi justamente assim que Luizão ganhou seu apelido.

"Meu apelido era marreta de prata porque eu destruía tudo que não seria reutilizado. Tinham carros que não aproveitavam as portas, parte traseira e lateral. Como a gente tinha parceria com fornecedores, eu quebrava as peças para a gravação e depois substituíamos por novas. A carcaça era a mesma e nem sempre isso acontecia, o que dava para aproveitar nós reformamos", afirma Luizão.

O funileiro ainda conta que nem sempre um carro que era exibido no programa já estava concluído. Com o prazo apertado e a necessidade de aparecer nas gravações, em vários casos os veículos eram concluídos após serem exibidos como 'prontos' por Huck - mas sempre com a anuência, em contrato, dos proprietários.

"A gente não fazia gambiarra. Tem muita gente que conta história para ganhar mídia. O que acontecia, e estava previsto em contrato, era que após as gravações o carro poderia voltar para a oficina para finalizarmos alguns reparos. Fazíamos a parte estética e mecânica, mas caso algo não estivesse 100%, o guincho esperava até o fim da gravação e levava o carro de volta para terminarmos o serviço", revela Luiz.

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Como foi parar no Lata Velha

"Me chamaram para fazer a funilaria e pintura da caminhonete do seu Bené [um dos participantes do quadro]. O problema era o prazo de cinco dias. Os donos da oficina me questionaram diversas vezes se eu seria capaz de realizar o serviço, disse que faria e esse foi o meu primeiro carro para o Caldeirão".

"Depois que eu fiz a caminhonete em cinco dias, prazo estipulado para funilaria e pintura, o Luciano teve a ideia de reformar um Fusca no Lata Velha. Sugeri fazer um conversível, que posteriormente foi batizado como "ervilha atômica". Ele gostou da ideia e foi assim que entrei para a equipe", completa.

Luiz revelou quais foram os projetos mais marcantes que realizou no programa. Para ele, os memoráveis foram marcados pela sua esquisitice. "Um dos carros mais bizarros que fiz foi uma Brasília. A dona vendia churrasquinho e queriam um carro prático para o trabalho dela. Então fiz uma churrasqueira a carvão na parte da frente do veículo", relembra.

Outro veículo marcante foi o 'pedreiromóvel', carro que já apareceu no UOL Carros abandonado anos após a reforma. "Quando o diretor do Caldeirão chegou para mim com a ideia de um carro com azulejo eu não acreditei. Questionei várias vezes se realmente era essa a proposta do projeto. Ele me disse que a Globo compraria o azulejo, a massa e era para assentar o piso no carro. Obedeci e achei engraçado", explica Luiz.

Carro de tijolo e azulejo - Reprodução - Reprodução
Carro de tijolo e azulejo
Imagem: Reprodução

Carreira de influenciador

Há anos longe do programa, Luiz tem se arriscado em uma nova empreitada como influenciador. O funileiro exibe as reformas que realiza em vídeos publicados no seu canal no Instagram - que leva o nome do programa da Globo.

"Um amigo falou para postar nas redes os meus vídeos, pois via como sua irmã estava fazendo sucesso no TikTok. Nos meus vídeos tento imitar os donos do carro. Estou fazendo a Kombi branca e rosa da Suelen, e quando gravo sobre a reforma do carro me visto de mulher para parecer com ela", relata.

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