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Gasolina cara: etanol e carro flex podem 'salvar' o bolso dos brasileiros?

Etanol deve ficar mais vantajoso nos próximos dias, mas com o passar do tempo o aumento pode acompanhar o da gasolina - Reuteurs
Etanol deve ficar mais vantajoso nos próximos dias, mas com o passar do tempo o aumento pode acompanhar o da gasolina Imagem: Reuteurs

Paula Gama

Colaboração para o UOL

12/03/2022 04h00Atualizada em 12/03/2022 13h01

Com o aumento de 18,77% no preço da gasolina nas refinarias, causado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, as atenções se voltam a um velho conhecido dos brasileiros, o etanol. Neste ano, o preço do combustível derivado da cana-de-açúcar já caiu 8,85%, o que o tornou a opção mais vantajosa em alguns estados brasileiros. Mas, afinal, a aproximação da safra da cana, a partir de abril, tornará o álcool um trunfo para o Brasil diante da nova crise do petróleo?

A resposta não é tão assertiva quanto o brasileiro gostaria que fosse, mas não deixa de ser positiva. A expectativa de especialistas consultados por UOL Carros é de que o etanol se torne o combustível mais vantajoso em mais Estados brasileiros além de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo - onde já é a melhor opção. No entanto, não dá para esperar reduções expressivas no preço do álcool.

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Plinio Nastari, presidente, da consultoria Datagro, explica que, no curto prazo, o etanol deverá ganhar competitividade na bomba ante o preço da gasolina comum (com 27% de etanol anidro).

A estimativa leva em consideração, inclusive, a recuperação do volume de cana a ser moída na região Centro-Sul em 22/23 e a expansão na produção de etanol a partir do milho. Mas o melhor cenário é esperado para o médio e longo prazos.

"O contexto de elevado preço do petróleo deverá acelerar investimentos na expansão deste setor de energia renovável, que continuará desempenhando importante papel na transição energética no Brasil e no mundo", avalia Nastari.

Otimismo contido

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Douglas Pina, Head de Mercado Urbano da Edenred Brasil, também vê um horizonte positivo para o uso do etanol como alternativa para enfrentar a crise. Ele explica que o cenário atual, com sucessivos aumentos do combustível derivado do petróleo, associado à safra de cana, a gasolina deixa de ser o combustível mais econômico para abastecimento em mais regiões do Brasil - uma tendência que já vem sendo sinalizada nos últimos levantamentos do IPTL (Índice de Preços Ticket Log). Mas não dá para ser tão otimista.

"Com exceção da Região Norte, podemos ter nos próximos dias e meses um avanço do etanol frente a gasolina em Estados brasileiros nos quais historicamente o etanol tende a apresentar vantagem para os consumidores no período da safra da cana. Entretanto, não podemos afirmar que esse fator seja um trunfo para o Brasil, considerando que o preço das commodities, por exemplo, também varia de acordo com o valor do barril, que chegou no patamar de US$ 127 [cerca de R$ 642] em março. Vale ressaltar também que o etanol costuma acompanhar os aumentos da gasolina, por uma questão de regulação de mercado e para que seja possível manter os estoques desse combustível", alerta Pina.

Como fazer a conta

Analisar se o etanol é mais interessante que a gasolina não é tão simples porque, quando abastecido com o derivado da cana-de-açúcar, o veículo consome mais. Para valer a pena, a diferença de preço entre os dois deve compensar esse aumento no consumo.

O presidente da UDOP (União Nacional de Bioenergia), Amaury Pekelman, opina que a matemática usada pelo consumidor leva em conta apenas os aspectos econômicos do uso de etanol, desprezando os benefícios ambientais de sua utilização, como o sequestro de carbono da atmosfera, que torna o ar nas nossas cidades mais limpo. No contexto atual, pondera, o combustível renovável será mais vantajoso até mesmo economicamente.

"A paridade média que torna econômico o uso do etanol no lugar da gasolina gira em torno de 70% do preço do combustível fóssil. Ou seja, o litro do etanol deve ser pelo menos 30% mais barato na comparação com o combustível fóssil para valer a pena e compensar o maior consumo", afirma Pekelman.

Para uma análise mais fiel, é possível fazer uma conta considerando os dados do próprio veículo , esclaece Mário Campos, presidente da Siamig (Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais).

"O consumidor pode fazer a conta de acordo com a relação de consumo com etanol e gasolina do seu próprio carro. Basta verificar quantos quilômetros por litro o carro faz com cada combustível. Em alguns veículos, o etanol pode render mais do que 70% na comparação com a gasolina. Então, o consumidor deve ir ao posto e dividir o preço do etanol pelo da gasolina. Se der menos de 0,7, quer dizer que é melhor abastecer com etanol. Acima disso, é melhor a gasolina", exemplifica.

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