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O 'super-humano' que seria capaz de sobreviver a acidentes de carro

Graham, o "super-humano" capaz de sobreviver a acidentes de trânsito, criado em 2016 na Austrália - Divulgação
Graham, o 'super-humano' capaz de sobreviver a acidentes de trânsito, criado em 2016 na Austrália Imagem: Divulgação

Colaboração para o UOL, em Santos

17/02/2022 11h50Atualizada em 17/02/2022 15h25

Como seria um ser humano resistente a acidentes de carro? Especialistas australianos criaram um protótipo do que seria esse tal "super-humano". O objetivo é mostrar como o corpo do ser humano é vulnerável e comprovar a segurança e eficácia das tecnologias e sistemas de segurança que podem nos salvar no trânsito - além de apelar para que os motoristas sejam mais cautelosos atrás da direção.

Cabeça grande, ausência de pescoço e mamilos extras são algumas das características bizarras de Graham, o "super-humano". O protótipo foi criado em 2016 pela Comissão de Acidentes de Transporte da Austrália, após meses de pesquisa por um cirurgião de trauma e um investigador de acidentes de carro.

O protótipo foi idealizado pela artista plástica Patricia Piccinini - Divulgação - Divulgação
O protótipo foi idealizado pela artista plástica Patricia Piccinini
Imagem: Divulgação

Os materiais utilizados para construir o modelo foram resina, fibra de vidro, silicone e cabelo humano. Como parte das ações educativas, Graham será exposto em diversos locais da Austrália.

O protótipo ganhou forma pelas mãos da artista plástica Patricia Piccinini. Suas feições podem parecer incomuns, mas aparentemente é como os humanos seres humanos precisariam ser para sobreviver a um acidente de carro se não tivéssemos tecnologia de segurança nos veículos.

O crânio de Graham foi projetado para absorver o impacto, por isso seu formato é como o de um capacete. A estrutura é maior, com zonas de deformação côncavas para absorver quaisquer forças de impacto ao se chocar contra o para-brisa de um carro.

Para garantir que o cérebro não seja danificado numa colisão, o crânio de Graham foi projetado com uma quantidade maior de líquido cefalorraquidiano e ligamentos para apoiar o órgão.

Para ajudar a evitar lesões, seu nariz é reduzido e suas orelhas são protegidas pela estrutura do crânio. Tecido gorduroso foi adicionado em torno de áreas salientes, como as maçãs do rosto, para ajudar a absorver ainda mais a energia do impacto.

Graham também foi projetado com costelas mais fortes para lhe dar melhor proteção em um acidente. Seu peito é grande e em forma de barril para suportar impactos maiores.

Airbags "naturais"

No entanto, seu torso é mais parecido com um airbag do que com uma armadura. Pequenas bolsas adiposas, que fazem um trabalho semelhante ao de um airbag, foram colocados entre cada uma das costelas de Graham.

No impacto, esses "airbags" naturais absorveriam a força e reduziriam seu impulso para frente. Eles fornecem uma camada adicional de proteção para o coração e outros órgãos vitais.

O torso de Graham possui pequenas bolsas de gordura entre as costelas, que absorvem o impacto - Divulgação - Divulgação
O torso de Graham possui pequenas bolsas de gordura entre as costelas, que absorvem o impacto
Imagem: Divulgação

Para chegar a este resultado, a escultora Patrícia Piccinini contou com a ajuda de Christian Kenfield, cirurgião especializado em traumatismo, e David Logan, pesquisador de acidentes de trânsito.

De acordo com a Comissão de Acidentes de Transporte do estado de Victoria, na Austrália, entidade responsável pelo projeto, as pessoas costumam pensar ser invencíveis, porém, impactos a apenas 30 km/h já podem ser fatais para os humanos.

"Os carros evoluíram muito mais rápido que os humanos e Graham nos ajuda a entender por que precisamos melhorar todos os aspectos do nosso sistema rodoviário para nos proteger de nossos próprios erros", afirmou ao Daily Star o chefe da Comissão de Acidentes de Transportes, Joe Calafiore.

"As pessoas podem sobreviver correndo a toda velocidade contra uma parede, mas quando se trata de colisões envolvendo veículos, as velocidades são mais rápidas, as forças são maiores e as chances de sobrevivência são muito menores", declarou ele.