Perua única do Astra no Brasil foi confiscada e espera há 2 anos para rodar

Uma perua do Astra extremamente rara no Brasil chegou ao País em 2019 e até hoje não pode rodar em vias públicas daqui.

O carro, que seria o único exemplar perua da segunda geração do Astra em território brasileiro, foi confiscado pela Receita Federal logo após seu desembarque em Santos (SP), proveniente da Suíça.

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Acabou nas mãos de um colecionador de Curitiba (PR), que arrematou o veículo em leilão realizado no mês de maio.

Em conversa com UOL Carros, o atual proprietário conta que até hoje lida com a burocracia para finalmente colocar placas brasileiras na perua - fabricada na Alemanha em 2003 e que traz emblema da Opel, ex-subsidiária europeia da General Motors.

Segundo o engenheiro mecânico Brunno Maia Gapski, de 37 anos, a Receita confiscou a station wagon porque o veículo não atende duas exigências para a respectiva importação - ser zero-quilômetro ou ter sido produzido há mais de 30 anos.

"O dono era um brasileiro que mora aqui e também na Suíça. Consegui localizá-lo e ele contou que tinha planos de trazer a perua com a intenção de dirigi-la em uma viagem pela América do Sul. Pensou que era só embarcar o veículo e recebê-lo no Brasil para sair rodando", relata o engenheiro, que também é youtuber e dono do canal Garagem do Maia.

Supostamente, o dono anterior não sabia da possibilidade de admissão temporária do Astra para viabilizar a pretendida viagem. Além da station, diz Gapski, o antigo proprietário também importou da Suíça um caminhão Volvo - este sim, feito há mais de 30 anos.

"O Astra foi enviado em cima desse caminhão. O dono afirma que ficou 20 dias hospedado em Santos e até consegui acertar os documentos do Volvo, mas por questão de logística não conseguiu removê-lo do pátio a tempo. Estourou o prazo legal e ele perdeu também o caminhão, igualmente leiloado".

Leilão concorrido

Brunno relata ter pago R$ 26 mil pelo automóvel, o dobro do que pretendia originalmente. Contudo, antes do arremate, imagens do Astra já circulavam nas redes sociais e a concorrência cresceu.

Após dar o maior lance, diz, começaram as burocracias. Segundo o colecionador, que participa de leilões há cerca de dez anos, a maior dificuldade foi recolher o ICMS - condição para viabilizar a legalização no País.

"Levei quase duas semanas para descobrir e recolher a alíquota correta. Ninguém te dá um tutorial. A retirada do carro somente seria possível com o comprovante de pagamento do imposto estadual e a guia de licitação, que você recebe após a compra no leilão".

O youtuber retirou o Astra em 25 de maio e já tratou de encaminhar o respectivo emplacamento - processo que, de acordo com ele, poderá levar meses.

O pontapé inicial já foi dado: o cadastro BIN, que é o registro do carro no Denatran (Departamento Nacional de Veículos) para viabilizar a emissão do respectivo Renavam - exigência para efetuar o emplacamento.

"Tive de informar todas as características do carro, desde a potência até a capacidade de carga. Quando o Renavam for emitido, bastará passar ao despachante para emplacar como carro zero-quilômetro".

Brunno Gapski diz que sua perua Astra é bastante parecida com o Chevrolet Astra brasileiro da mesma época, produzido e vendido aqui somente nas variantes hatch e sedã.

As diferenças mais significativas, destaca, são o compartimento de bagagens maior, a traseira com desenho exclusivo, a presença de controle eletrônico de estabilidade e o motor 1.8 16V de 125 cv - cerca de 15 cv mais potente do que o 1.8 8V brasileiro.

O colecionador diz que adquiriu o Astra com dois jogos de rodas e pneus: um para uso na neve e outro de "verão", que atualmente está instalado.

"Só fiz o básico até agora, como troca de óleo e filtros, além de colocar nova bateria. Quando resolver a documentação, vou realizar uma limpeza detalhada e arrumar alguns pequenos problemas de funilaria. O carro foi muito bem cuidado, não será necessário fazer muita coisa".