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Por que o cheiro de carro novo está fadado a desaparecer nos próximos anos

Interior Aston Martin DBX - Divulgação
Interior Aston Martin DBX Imagem: Divulgação

Do UOL

Em São Paulo (SP)

12/09/2020 04h00

Para muitos amantes da cultura automotiva, o cheiro de carro novo é um dos maiores atrativos para se adquirir um modelo zero km. No entanto, ele pode estar com os dias contados. No Reino Unido, órgãos reguladores têm pressionado fabricantes para evitar a utilização de produtos químicos que exalam cheiro em plásticos, colas, tecidos e outros materiais que compõem o interior dos carros.

A tentativa é que as montadoras utilizem alternativas mais puras e inodoras. Oito substâncias que comumente podem ter seu odor sentido nas primeiras fases da vida dos carros foram identificadas como tendo um efeito adverso aos ocupantes. São os compostos orgânicos voláteis (COVs). Eles são: acetaldeído, acroleína, benzeno, etilbenzeno, formaldeído, estireno, tolueno e xileno.

Os cheiros destas substâncias podem induzir reações alérgicas em algumas pessoas, como irritação nos olhos, espirros, tonturas, falta de ar, fadiga, náuseas e dores de cabeça.

CEO da empresa de testes Emissions Analytics, Nick Molden diz que exposição a estes compostos acaba durando muito tempo.

"Eles não simplesmente evaporam e depois desaparecem", falou ele ao site britânico Autocar. "Vai evaporar para dentro da cabine e depois, ao anoitecer, quando esfriar, será reabsorvido pelas superfícies.

"E vai evaporar novamente no dia seguinte, então, quando você mistura tudo em uma espécie de sopa de COV e depois o expõe à luz do sol, você basicamente tem uma biosfera de COVs, que pode durar muito tempo."

As maiores queixas quanto ao cheiro de carros novos vêm da Ásia. O cheiro do interior é consistentemente citado como uma das maiores reclamações, senão a maior, entre os compradores de carros novos nas pesquisas de satisfação de proprietários na China e na Coreia do Sul.

A Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa (UNECE) monitora o problema desde novembro de 2014 e atualizou suas orientações sobre padrões e testes de qualidade do ar no interior de automóveis. Nenhum país ainda adotou as recomendações, mas as diretrizes oferecem uma estrutura para os governos interessados.

Ainda segundo Molden, as pessoas com o tempo poderão notar que aos poucos o cheiro irá desaparecer do mercado, entretanto os preços dos veículos podem subir, com as empresas repassando os custos dos novos materiais.

"Eles (as montadoras) exigirão que todos os seus fornecedores testem amostras de carpete, pedaços de couro e sejam capazes de comprovar que atendem a essas regulamentações", disse ele.

"Então, eles precisarão aprovar para garantir que os materiais ainda atendam aos limites quando você juntar tudo."