GM "toma posição" contra corrupção em novo comercial do Cruze; veja
Marca afirma que corrupção (grande ou pequena) quebra empresas, países e não pode ser tolerada. Mas isso serve na hora de vender automóveis? Opine
Vai dar o que falar: a General Motors do Brasil estreia nova campanha publicitária neste domingo (19) se posicionando sobre os temas "ética" e "corrupção". Tudo, claro, serve de pano de fundo para promover a venda de carro: trata-se da propaganda dos novos Chevrolet Cruze hatch e sedã.
UOL Carros teve acesso antecipado ao comercial, que você pode assistir dando o play no vídeo que abre esta reportagem. No domingo, peças com 30 e 60 segundos de duração serão exibidas nos canais da TV Globo, Band, Sony e AXN. Além disso, haverá veiculação no YouTube e também inserções "programáticas" (de acordo com perfil do usuário) nas redes de Facebook, Twitter e Instagram. Se tudo funcionar como a GM pretende, a carga de mídia será de quatro meses.
A GM acerta ao se posicionar publicamente sobre ética e corrupção com um comercial de automóvel?
Enquete encerrada
Total de 3172 votosFeito pela agência Commonwealth/McCann, com direção de Quico Meirelles (O2), o vídeo gravado nas ruas do Rio (RJ) mostra imagens de manifestações, protestos, pessoas à frente do computador, no trânsito e também nas urnas -- todas situações simuladas para a propaganda, mas que se aproximam bastante do clima real do Brasil atual.
Esta é a segunda ação "posicionada" da GM no Brasil: em novembro, a marca fez uma palestra com formadores de opinião em São Paulo e discutiu a "retomada da cidade" ao mesmo tempo em que lançava o novo Chevrolet Tracker. Depois, replicou a ação nas redes sociais, mas acabou criticada (a marca, porém, fez leitura positiva do episódio, pelo "engajamento" de milhões de usuários).
Aparecendo apenas no final da peça, o Chevrolet Cruze (sedã e hatch) é vendido desde meados de 2016 no Brasil (o dois-volumes chegou no começo deste ano) por iniciais R$ 91.970 (LT) e R$ 101.990 (LTZ). Com motor 1.4 turbo (153 cv com etanol), câmbio automático de seis marchas, tecnologias como controle adaptativo de cruzeiro, manutenção ativa de faixa e monitoramento remoto OnStar, o modelo ficou até R$ 20 mil mais caro em relação à geração anterior, sendo dedicado a executivos de meia-idade (sedã) e casal jovem formador de opinião (hatch).
Contra tudo isso aí
De fundo, a voz da atriz Camila Morgado passa a mensagem: "Somos um povo que aprendeu a exigir mudança [...], que não aceita menos do que o justo [...], que se cansou da malandragem. Somos um povo que entendeu que sua força vem de cada pessoa". Enquanto isso, na imagem, faixas com dizeres como "A ética não é flexível" e "Nenhum direito a menos" se alternam com imagens de manifestantes, policiais, capas de jornais, presos em operações policiais, propaganda política e o que seria um cidadão votando.
É possível ver santinhos eleitorais, mas nenhum dos personagens podem ser atribuídos -- diretamente -- a figuras do Brasil atual. Uma das legendas é de um PNTB (número 73) -- no mundo real, o Partido Nacionalista dos Trabalhadores Brasileiros disputou eleições apenas em 1992. Outra é do PCE (número 41), que só poderia ser associada, parcialmente, ao Partido Comunista Espanhol (o 41, no entanto, foi usado no Brasil pelo PSD de Nabi Abi Chedid até 2003).
UOL Carros conversou com o chefe de marketing da GM para América Latina, Hermann Mahnke, que esclareceu: "Não há um posicionamento de bandeira política, de esquerda ou de direita, certamente não. Mas há o posicionamento pela bandeira da ética, porque buscamos uma mudança de ação, não uma crítica a um ou outro partido político".
Segundo o executivo, a peça crítica veio da análise e do diálogo com o público de redes sociais através de mecanismos de "social listening" (literalmente "escuta social"), ferramentas e técnicas de análise de tendências de assuntos em redes sociais. "Captamos essa insatisfação com o momento geral do país através do nosso diálogo com o público nas redes sociais. Como vivemos numa democracia, percebemos que toda essa mudança começa conosco".
"A ideia é mostra que enxergamos e entendemos isso e dar voz a esse sentimento atual do brasileiro", afirma Mahnke.
"Corrupção pequena e grande quebram país"
Segundo o diretor de marketing, a ideia por trás do comercial é associar "o símbolo de tudo o que há de mais moderno no mercado automotivo do Brasil e na linha da Chevrolet [o Cruze] a esse novo sentimento nacional de que precisamos de mudança, de que não toleramos mais a falta de ética e a corrupção, seja ela grande ou pequena".
"Será o carro para você que quer mudança, porque a mudança começa dentro de cada um", afirmou o executivo.
Bandeiras como tecnologia, segurança e inovação, que o executivo acredita estarem ligadas ao carro, casariam com demandas por condutas sócio-políticas corretas, nos planos privado e também público.
"Não temos mais tolerância com desvios éticos e com corrupção, nem mesmo com o tal jeitinho, mesmo em coisas menores. Fechar o cruzamento, desviar meia-entrada no cinema, são hábitos que começam pequenos, mas que quando se somam à corrupção política também podem quebrar um país", concluiu Mahnke.
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