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Ford Focus 2016 exibe recheio amplo e mesmos câmbios; saiba como anda

Leonardo Felix

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

24/06/2015 02h09

A Ford apresentou para o Brasil o Focus 2016, hatch médio reestilizado e com mais recheio, que chega às lojas em agosto indicando até que chega às lojas na segunda quinzena de agosto com os mesmos preços do modelo atual e desconto para quem tem o modelo atual -- uma espécie de compensação da Ford por mudar o carro tão rápido. Infelizmente, as mudanças ficam mais claras na versão mais cara da gama, a Titanium Plus 2.0 de R$ 95.900, que UOL Carros já teve a oportunidade de testar e mostra em ensaio fotográfico exclusivo.

Além disso, a Ford agora usa o nome AT para definir versões com o câmbio automatizado Powershift -- não se trata de câmbio automático, nada mudou na mecânica. 

Na versão Titanium Plus AT é possível perceber que o carro que já era um dos mais completos, e não à toa líder do segmento, ficou ainda mais recheado e parelho ao nível de modelos vendidos na Europa e Estados Unidos. As novidades que se somam ao equipamento já existente são: assistente de estacionamento também para vagas perpendiculares; frenagem automática emergencial (com parada total a 20 km/h, e redução de velocidade acima disso e até 50 km/h).

Computador de bordo colorido e digital de 4,2 polegadas no quadro de instrumentos; e sistema multimídia Sync de terceira geração, com tela de oito polegadas da Sony (a mais avançada do segmento), navegação por GPS, comandos de voz para áudio, telefone, navegador e ar-condicionado, e Assistente de Emergência, que alerta automaticamente o Samu em caso de acidentes. 

Boa parte dos itens foi herdada do sedã grande Fusion e está presente, no Brasil, apenas em modelos de patamar superior. Assim, a versão Titanium Plus serve de meio termo entre o abismo dos Volkswagen Golf Highline 1.4 e GTI 2.0 e ainda pode ser opção a carros ditos "premium". Uma estratégia muito interessante. De novo, apesar da boa surpresa, é preciso frisar que não se trata de um carro barato e que estamos lidando com um modelo médio de praticamente R$ 100 mil.

Ainda assim, é um passo que deve movimentar também o restante do segmento. Isso também pode se dito da remodelação. Concentrada na dianteira, finalmente alinha o Focus sul-americano ao europeu e americano. Na frente, temos a atual linguagem da Ford vista no Fiesta e também no Fusion. Atrás, há até uma "pegadinha": o tema da lanterna não mudou, mas a peça está ligeiramente menor, afinada, aumentando a distância para o vidro traseiro e desfazendo o alinhamento com o bocal do combustível. Além disso, os elementos internos foram rearranjados.

Ford Focus Titanium 2.0 A/T - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Não sabe manobrar, né? Tecnologia do Focus 2016 ajuda na baliza e na parada a 90º
Imagem: Murilo Góes/UOL

Mais para esportivo, que para confortável

Não falta conforto ou ergonomia ao Focus, pelo contrário. Mas muito motorista brasileiro ainda vai se ressentir do ajuste mais firme das suspensões. De toda forma, é um comportamento até esperado de um hatch com estilo mais agressivo. A Ford, porém, prometeu um veículo com isolamento acústico melhor, mas ainda dá para ouvir da cabine o trabalho de amortecedores e até o combustível se mexendo no tanque durante movimentos um pouco mais bruscos. Ruídos de motor e rolagem dos pneus não chegam a incomodar, contudo.

Já o acabamento é bastante correto, mas não espetacular. Nas portas, há áreas suaves ao toque revestidas em couro. No restante do painel, plástico duro predomina, mas de qualidade e sem rebarbas.

Por isso, o ponto forte do dois-volumes é mesmo o desempenho: embora não tenha ângulo de esterço tão satisfatório, o Focus 2016 proporciona muita estabilidade no contorno de curvas de raio longo, fora a força de propulsão: o motor 2.0 de quatro cilindros em linha, que gera 178 cv de potência com etanol (a 6.500 rpm), e 22,5 kgfm de torque (a 4.500 giros), responde bem, mesmo tendo de movimentar 1.399 kg em ordem de marcha (o Golf Highline, por exemplo, pesa 1.238 kg).

Só não dá para concordar com a nova estratégia da Ford em chamar o câmbio PowerShift, automatizado de seis velocidades, de automático -- a sigla "AT" está presente nos nomes das versões. Não se engane: o sistema continua o mesmo. E ainda mantém trancos e trepidações além do razoável para um modelo deste valor. Golf Highline (automatizado de sete marchas) e Chevrolet Cruze LTZ (automático de seis) estão um pouco à frente.