VW fala em fazer carros mais baratos e conectados... e assusta fãs do Fusca
Chefões do grupo Volkswagen se reuniram esta semana para divulgar os balanços de 2014 e atualizar o projeto de fazer da fabricante a líder global do setor de automóveis até 2018 -- tarefa que inclui deixar para trás Toyota (líder que só teme seus próprios tropeços) e GM. O objetivo global é fazer mais carros mais baratos, com menos dinheiro. O presidente e chefe do conselho do grupo, Martin Winterkorn afirmou ainda que precisará haver um ajuste de 5 bilhões de euros anuais (quase R$ 17 bilhões), o que desencadeou o clima de "crise". Algumas publicações até cravaram a morte de modelos, como Polo e Fusca de nova geração, mas a questão não é exatamente esta.
Considerando todas as submarcas, a Volkswagen vendeu 10,1 milhões de unidades ao redor do mundo em 2014, alta de 4,2%. Ponto alto para a China, onde a marca lucrou 18 bilhões (R$ 60 bilhões); tropeço forte no Brasil (e América do Sul como um todo) e Rússia, com perdas em venda e redução do lucro de 2,9 bilhões (em 2013) para 2,5 bilhões de euros (quase R$ 8,5 bilhões). No resumo, a marca espera crescer 4% em 2015 em todo o mundo, ao passo em que vai monitorar a economia de Brasil e Rússia de perto.
Para crescer, vai aumentar a eficiência, usando basicamente três bases ou plataformas em todo o mundo, investir pesado em modelos híbridos e elétricos (serão 40 modelos em três anos) e ter todos os carros conectados à internet até 2020, além de ao menos um modelo (da Audi) que ande sozinho. A marca sabe que só conseguirá ser líder se modernizando.
Este ajuste faz parte da equação de produzir mais gastando menos -- que também é o mote de outras marcas como Volvo, Mercedes-Benz, BMW e Fiat Chrysler, apenas para citar empresas que estão apostando em plataformas universais. No caso da Volkswagen, houve investimento de 11,5 bilhões de euros (quase R$ 40 bilhões) em desenvolvimento de modelos em 2014. Até 2020, a marca vai gastar outros 85 bilhões de euros (quase R$ 300 bilhões) para realizar a transição das fábricas para uso de plataformas globais e para entregar carros mais "verdes" e conectados. Muito dinheiro? Para Winterkorn, investimento.
"Isso vai nos permitir economizar muito dinheiro e, além disso, dos tornará extremamente dinâmicos", afirmou o executivo. Ou seja, fica claro que os 5 bilhões de economia anuais são apenas o resultado dos ajustes que deixarão a marca mais maleável, eficiente e "dinâmica", como disse Winterkorn.
Adeus, Fusca?
Muitas publicações cravaram que o plano de ajuste mataria dois modelos -- Polo europeu de duas portas e Eos -- e colocaria a nova geração do Fusca na berlinda, por conta das baixas vendas. A informação teria vindo do próprio Winterkorn à alemã "Der Spiegel". Acontece que a própria publicação alemã citou outro periódico, o "Manager Magazin".
Segundo a seção europeia do "Automotive News", mais acostumada aos rumos automotivos, o cenário é mais esperado e menos drástico. O conversível Eos nunca fez sucesso e sua aposentadoria era dada como certa há muito tempo. Há outras opções sem teto na linha, como o próprio Golf Cabriolet (além de modelos da Audi).
No caso do Polo, vale a rotina atual da Volks, que quer fazer cada vez mais carros sobre a plataforma MQB: Golf 7 e Audi A3 (que serão feitos no Brasil ainda este ano) e Passat, entre outros, já se beneficiam de suas vantagens de construção mais barata, maior segurança, conforto e tecnologia. O Tiguan é o próximo -- será feito na Europa e também no México a partir de 2016 (do país latino será enviado aos EUA e também ao Brasil), para então abrir espaço na fila ao compacto europeu.
De quebra, a mudança do Polo europeu permitiria a revisão de seu papel no mercado, com a versão de duas portas sendo aposentada para abrir espaço ao pequeno up!, que ainda não vende como deveria. Enquanto o Golf foi líder absoluto na Europa em 2014, com mais de 520 mil unidades (alta de 11% para 2013, segundo a consultoria Jato Dynamics, em pesquisa feita por UOL Carros), o Polo foi o quarto modelo mais vendido do velho Continente, com 280 mil carros (alta de 5% no ano), ainda que tenha ficado atrás de Ford Fiesta e Clio. A Volkswagen acredita em melhores resultados com um "Polo MQB" mais bem ajustado.
E o Fusca? Vale o mesmo raciocínio: o Beetle de nova geração (como é chamado em outros mercados) está no meio de seu ciclo de vida e deveria receber uma reestilização em breve. Não é popular como o velho Fusca, dos anos 1950, 1960 e 1970 (esse papel é do up!). Agora é um carro de estilo, que geralmente vende menos. Entregou 29 mil unidades na Europa em 2014, contra 36 mil em 2013 (mas acima do patamar de 26 mil de 2012). A questão é que o modelo é fabricado sobre plataforma mais antiga (a mesma do atual Jetta) e a tendência é transferi-lo também para a MQB em algum momento.
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