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Pesquisas buscam proteger os mais "fracos": pedestre, ciclista, crianças...

Universidade de Munique desenvolveu sistema de assistência a bordo que identifica com precisão pedestres ou ciclistas, mesmo que estejam totalmente encobertos - Divulgação
Universidade de Munique desenvolveu sistema de assistência a bordo que identifica com precisão pedestres ou ciclistas, mesmo que estejam totalmente encobertos Imagem: Divulgação

Fernando Calmon

Colunista do UOL

10/11/2014 18h01

Uma das maiores preocupações de segurança no tráfego urbano é proteger usuários mais expostos: pedestres, ciclistas, cadeirantes e quem apresenta dificuldade de locomoção ou qualquer deficiência sensorial. Na Europa Ocidental esse sentimento tornou-se tão agudo que os fabricantes precisaram mudar o projeto frontal de todos os modelos para tentar diminuir as consequências de atropelamentos. Ainda assim são 8.000 mortes por ano -- mas a frota real circulante passa de 300 milhões de veículos, o que significa números relativamente baixos.

Principais iniciativas estão na Alemanha. Entre elas, o UR:BAN (acrônimo em alemão para Área Urbana: Gerenciamento de Rede e Sistema de Assistência Focado no Usuário) reúne 30 parceiros, desde 2012, liderados pela Daimler e com apoio financeiro parcial do Ministério da Economia e Tecnologia.

Até agora os programas de detecção de perigo e de frenagem automática, que já equipam até carros europeus de preço menor, só evitam colisões com pedestres e ciclista em linha reta. Um dos projetos desenvolve um sistema de reconhecimento por imagem mesmo em trajetória de curva do veículo. Detecta posição ou atitude de pedestres, motociclistas, ciclistas e até de crianças brincando.

O novo método combina padrões de comportamento empíricos a informações detalhadas, por meio de sensores, do perfil do pedestre e seus movimentos de cabeça e pernas. Quando integradas aos sensores de arredores, aos movimentos do próprio veículo e ao seu espaço dentro da faixa de circulação, permitem determinar o risco potencial de modo preciso e robusto.

Pesquisadores, na realidade, consolidaram os resultados obtidos de câmeras de vídeo estereoscópicas e radares (ambos presentes em vários automóveis) de forma a monitorar tudo em torno do veículo. Significa identificar de forma instantânea a posição, tipo, tamanho e movimento de todos os usuários das vias e também obstáculos fixos como carros estacionados, calçadas e postes, além de pedestres parados, andando ou correndo. Dessa forma, o carro só seguirá em frente se nada puder interromper sua trajetória.

VENDO NO "ESCURO"
Outra frente de estudos, à parte do UR:BAN, é da Universidade Técnica de Munique, também na Alemanha, com parceiros da indústria automobilística. Ela desenvolveu um sistema de assistência a bordo, menos sofisticado e de menor custo, que identifica com precisão pedestres ou ciclistas, mesmo que estejam totalmente encobertos (ver ilustração no alto da reportagem). Para tanto, pessoas e veículos precisariam usar um transponder, ou seja, dispositivo de rádio transmissor/receptor que responde a sinais específicos, semelhante ao utilizado nos aviões para evitar colisões aéreas.

Trata-se de instrumentos extremamente precisos, da ordem de centímetros e de milionésimos de segundo, para medir distâncias entre objetos. Pode ser calibrado para alertar o motorista e/ou iniciar uma freada emergencial, especialmente em áreas residenciais.

Outra possibilidade é o transponder, fácil de carregar em bolso ou mochila, ser substituído pelo telefone celular. Essa solução parece mais adequada porque seu uso está praticamente generalizado. Bastam apenas pequenas mudanças nos aparelhos, e um dos grandes fabricantes de telefone já se interessou pelo projeto.