Volkswagen up! de duas portas cai no preço e no conceito; leia avaliação
Para a Volkswagen, 2014 começou com uma certeza -- a aposentadoria do Gol G4 e da Kombi, desatualizados em segurança -- e uma esperança: a de que o up! mudaria a forma como o consumidor brasileiro enxerga carros urbanos. Ele estreou em janeiro com nota máxima para segurança e consumo, diferentes versões e equipamentos e boa avaliação por jornalistas especializados, inclusive aqui de UOL Carros.
Apesar do sucesso de crítica, o carrinho está longe da unanimidade entre o público (que, aliás, é quem decide o jogo ao assinar o cheque ou não): nas redes sociais, muito se falou sobre o preço elevado do up!, que só passou de 5 mil emplacamentos mensais em abril -- ficando sempre atrás de Fiat Uno, Chevrolet Celta e Toyota Etios (o hatch). No ano, conseguiu menos (11 mil unidades) do que o Gol faz em 30 dias.
Como resposta, a montadora apresentou no último mês o catálogo de duas portas, disponível apenas para as duas versões mais básicas, com preço inicial descendo de R$ 28.900 para R$ 26.900 -- na prática, redução de R$ 2.000 (ou R$ 1.000 por porta). Houve também a incorporação da opção de câmbio automatizado I-Motion, sem embreagem e com cinco marchas, a partir do pacote move up!. Os preços são:
+ Volkswagen take up! 2 portas -- R$ 26.900
+ Volkswagen move up! 2 portas -- R$ 28.300
+ Volkswagen move up! 2 portas I-Motion -- R$ 30.990
Nos bastidores, executivos da Volkswagen disseram acreditar na maior aceitação do carro com as novas versões "de entrada" da marca. Com elas, a marca voltaria a ter a chamada opção "pé de boi", mais aceita por quem tem orçamento pequeno e também por frotistas.
Aproveitando a deixa do lançamento, UOL Carros pediu para testar uma unidade do take up! por uma semana para saber como era o carro mais barato da Volkswagen e... torcemos o nariz: "pelado", o up! distorce toda sua proposta inicial e se torna um modelo banal, nada diferente do que o mercado brasileiro sempre viu.
DIFÍCIL FICAR A BORDO
Acabamento espartano, simples demais, sem graça, por vezes mal-executado. O mais barato dos up! é mais do mesmo, temos de dizer. UOL Carros mostrou a versão take up! a pessoas que haviam convivido com o red up! testado em fevereiro e acabou ouvindo uma frase emblemática: "Mas é o mesmo carro?" De fato, o up! basicão rasga sua própria cartilha.
Se a proposta do up! era entregar uma experiência que o comprador de carros urbanos nunca teve no Brasil -- visual atual, cabine bem resolvida, até um certo ar "pop chique" -- a Volkswagen pecou duas vezes. Primeiramente, por não saber vender a ideia (o comercial de televisão fala tudo, menos o que se quer ouvir sobre um carro: qual o motor e sua potência, qual o consumo, quanto cabe no porta-malas?). Depois por não saber ouvir o consumidor e "resolver" a questão do preço com corte não de valores, mas de conteúdo (adeus, portas).
Falando especificamente do up! de duas portas, podemos dizer que a ausência das entradas traseiras tira parte da funcionalidade na cidade. Quer levar amigos ou parentes? Prepare-se para se levantar do carro e ainda perder o ajuste ao mover o banco (é tão mais caro usar um mecanismo que mova o assento sem mexer no encosto?). Quer parar em vagas mais apertadas e próximas à parede? Você não vai conseguir abrir totalmente a porta -- que ficou maior -- é pode se ver obrigado a descer pelo outro lado.
Há ainda a questão das vigias laterais traseiras: a "polêmica" surgiu já no processo de adaptação do up! europeu, que usa janelas basculantes por lá. Para o nacional de quatro portas, optou-se pela solução de manivela e vidro que sobe e desce -- informalmente, falou-se em evitar o aspecto "pobre" do clipe de abertura da janela basculante... . Acontece que o up de duas portas não tem qualquer abertura ali, "rica" ou pobre, e os passageiros têm de viajar enclausurados.
Falando de erros comuns ao take up! de duas e quatro portas, o quadro de instrumentos também contribui para o "show de horror", com seu mostrador único, misturando todas as informações como na época do primeiro Fox (ou da Kombi). O painel todo é triste e pobre como o de um carro feito nos anos 1990, inclusive com pequenas falhas de construção não encontradas nas versões mais caras.
Quer ajustar o retrovisor externo? O comando é manual. Vai se refrescar? Esqueça: não só o ar-condicionado é pago (R$ 2.800), como também o módulo mais simples de aquecimento (R$ 467). É a conhecida política da Volks de cobrar por tudo o que você precisa ou quer ter em um carro. Chegamos ao extremo: o rádio disponível é melhor que o da versão mais cara, por ter mais conexões (falamos da entrada USB). Mas para instalá-lo, gasta-se mais de R$ 1.000 ao pagar por fios e antena (R$ 335), falantes (R$ 235) e, claro, pelo aparelho (R$ 538).
Para resumir, o carro testado por UOL Carros, com aquecimento, som, travamento elétrico central, pintura metálica e rodas de aço de 14 polegadas com calotas (Bristol) e pneus de baixo atrito (175/70) no lugar das comuns de aro 13 saltou dos R$ 26.900 para R$ 30.688.
Como dissemos na última semana, o up! só entrega alguns itens interessantes para a sanidade no trânsito a quem paga "por fora" ou a quem compra as versões mais caras. Por outro lado, rivais como o Nissan March entregam tudo isso no catálogo inicial (R$ 32.990 por lá).
Claro, o up! segue sendo mais seguro e econômico. Nossa média após 370 km (aferida na calculadora, já que o carro não tinha computador de bordo) ficou acima dos 18 km/l (com gasolina) e poderia ter sido ainda melhor, não fossem os picos de tráfego e longas esticadas. Segue também sendo um bom companheiro nas travadas ruas da cidade, com boas trocas proporcionadas pela caixa manual de cinco marchas e ótima leitura do asfalto feita pelo conjunto de suspensão. Mas isso acaba sendo obrigação.
Afinal, o up! é um carro criado no Século 21 e, por isso, não deveria se comportar como adversários concebidos e feitos para hábitos de séculos passados. Quer algo diferente? Fuja da versão de entrada e peça desconto nos pacotes mais caros.
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