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Nem todo "defeito" gera recall; lanterna do Punto é exemplo

Renata Turbiani

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

26/12/2013 15h48

Apesar de defeitos existirem (e, pelos números de recalls, aparentemente estarem aumentando), nem sempre eles geram convocações por parte das montadoras. Assim, o consumidor tem de enfrentar sozinho problemas que afetam o uso normal do carro, cortam seu preço de revenda e ainda podem levar a acidentes.

Um exemplo disso é o possível problema de infiltração nas lanternas do Fiat Punto 2013, apurado por UOL Carros em maio. Diversos proprietários do modelo notaram a presença de água sob as lentas da peça traseira.

  • Renata Turbiani e arquivo pessoal

    Lanternas traseiras do Punto 2013 com água sob as lentes: não deu em nada

Na ocasião, a fabricante italiana enviou a seguinte nota: "A condensação da umidade do ar nas lanternas, com ocorrência predominante nos dias mais frios e úmidos, é prevista no Manual de Uso e Manutenção e não afeta a funcionalidade do conjunto. É diferente de infiltração, onde não só água, como sujeira, pode invadir o componente. A Fiat encontra-se à disposição para, através de sua rede de concessionárias, atender eventuais reclamações, identificando a origem correta do inconveniente e providenciando as intervenções necessárias".

A partir da reportagem de UOL Carros, o Serviço de Proteção ao Consumidor (Procon) de São Paulo pediu, ainda em maio, esclarecimentos à montadora. Como conta Márcio Marcucci, diretor de fiscalização do órgão, a resposta não foi satisfatória, e outra notificação foi encaminhada no mês seguinte. "Em meados de julho a Fiat nos enviou um novo relatório, que compartilhamos com a Secretaria Nacional do Consumidor, um departamento do Ministério da Justiça", conta o especialista.

Marcucci diz ainda que, de posse de todas as informações, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) emitiu, em outubro, um laudo afirmando o seguinte: "A respeito da presença momentânea de água no interior das lanternas traseiras do Fiat Punto, derivada da ocorrência de natural condensação, não se configura a presença de nocividade ou periculosidade que possa comprometer a saúde e a segurança do usuário". Com isso, o caso foi arquivado.

A Fiat, por meio de sua assessoria, informa que o assunto está mesmo encerrado e que não recebeu registros de novos problemas envolvendo as lanternas do veículo. Em 2008, a montadora foi investigada após denúncias de que um suposto defeito no hatch Stilo, já fora de linha, tenha provocado ao menos oito acidentes.

Dois anos depois da instauração do inquérito, o Denatran constatou falhas na fabricação dos cubos das rodas traseiras do veículo, o que poderia provocar a soltura das rodas. Em março de 2010, a empresa foi obrigada a convocar um recall, que envolveu 52.474 unidades. Logo depois, enterrou o Stilo e o substituiu pelo Bravo.