Tóquio quer Olimpíada de 2020 como prova para carros autônomos
Em 2011, o 42º Salão de Tóquio foi realizado ainda sob o impacto de duas catástrofes naturais: o terremoto seguido de tsunami que atingiu o Japão em março daquele ano; e as enchentes na Tailândia, que destruíram diversas fabricas das montadoras nipônicas. A 43ª edição, que abre ao público no próximo sábado (23), quer mostrar que superou o estado de choque de dois anos atrás e que voltou o foco ao futuro -- especificamente a 2020.
Daqui sete anos, Tóquio volta a sediar uma Olimpíada, e as fabricantes de carros locais querem aproveitar a ocasião para mostrar qual é seu papel numa sociedade ultratecnológica e muito bem servida pelo transporte público. "Cerca de 90% das competições da Olimpíada vão acontecer num raio de 8 km dentro da cidade", explica Koki Konishi, executivo de relações públicas da Toyota do Japão. "Queremos que esta área seja um exemplo de mobilidade urbana individual segura, com acidente zero e emissões poluentes quase zero também".
Konishi se refere não apenas a lotar a Tóquio olímpica de carros elétricos e -- especialidade da casa -- híbridos. A ideia é criar uma espécie de zona urbana em que a direção autônoma seja plenamente possível; nela, haveria interação carro/carro, carro/rua e carro/pedestre, por meio de dispositivos instalados nos veículos (boa parte já em uso, como câmeras estereoscópicas e radares) e na infra-estrutura urbana.
Curiosamente, a Mercedes-Benz foi a primeira fabricante a indicar uma data para oferecer no mercado um modelo que pode dirigir a si mesmo -- e esta data também é 2020 (o carro é a próxima geração do Classe S).
UOL Carros apurou que a Toyota ainda vai levar seu plano para a Olimpíada ao governo japonês, mas que não há qualquer dúvida quanto ao apoio oficial, dada a influência que a empresa tem na economia local -- até porque Shinzo Abe, atual primeiro-ministro do Japão, vem tomando medidas econômicas heterodoxas que incluem mais gastos em infra-estrutura. As demais montadoras devem aderir (particularmente a Nissan, que também investe em direção autônoma).
Vale notar que, enquanto no Rio de Janeiro debate-se o impacto positivo da Olimpíada de 2016 para o transporte público da cidade (caso todas as obras previstas sejam concluídas), em Tóquio a situação é diametralmente oposta: o sistema de ônibus, metrô, trem e monotrilho da cidade é soberbo, e pesquisas vêm detectando um crescente desinteresse dos japoneses mais jovens por dirigir/possuir um carro.
Melhorar a infra-estrutura de transporte individual para acomodar um trânsito que praticamente se auto-dirige, que não deixa vítimas e que não emporcalha o ambiente, pode ser uma solução para reavivar o gosto pelo carro entre os japoneses.
Viagem a convite da Toyota
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