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Mercedes-Benz investe R$ 510 milhões para fazer Classe C e GLA em São Paulo

Do UOL, em São Paulo (SP)

01/10/2013 14h25Atualizada em 01/10/2013 15h16

Confirmado: a Mercedes-Benz ergue em Iracemápolis (SP) sua nova fábrica de carros e utilitários leves, com início de operação previsto para 2016. A Daimler, controladora da marca, fez o anúncio oficial nesta terça-feira (1), por meio de comunicado. O investimento total será de 170 milhões de euros (cerca de R$ 510 milhões). Espera-se que a fábrica no interior paulista entregue cerca de 20 mil unidades/ano. Os modelos a serem produzidos são o Classe C, campeão de vendas da marca no Brasil, e o SUV compacto GLA.

Representantes da Mercedes estiveram em Brasília (DF) para assinar, juntamente com a presidente Dilma Rousseff, os termos do contrato para a instalação da fábrica. Nesta tarde, será a vez de o governador paulista, Geraldo Alckmin, receber os executivos. Dilma ganhou de Andreas Renschler, chefão de produção da Mercedes, uma miniatura do sedã CLA -- que não será feito em Iracemápolis, ao menos por ora (o México será seu primeiro endereço).

Segundo o comunicado da Daimler, a expectativa é de que a unidade gere cerca de 1.000 empregos diretos, além de 3.000 entre os fornecedores. "O Brasil é um importante mercado do futuro", diz Renschler na nota da Daimler. "Com a produção local, aceitamos o desafio e encaramos os competidores".

  • Reprodução/Facebook

    Andreas Renschler, da Mercedes, e a presidente Dilma Rousseff com uma miniatura do CLA

Não são palavras ao vento. A Mercedes anuncia sua fábrica local meses depois de a arquirrival BMW escolher Araquari (SC) para erguer uma inédita fábrica no Brasil, e a outra "inimiga" alemã, a Audi, anunciar que fará o A3 Sedan e o SUV compacto Q3 no Paraná, aproveitando as instalações da Volkswagen.

O CEO da Mercedes no Brasil, Philipp Schiemer, lembra que a Mercedes passa a ser a única fabricante de veículos "que atua em todos os segmentos da mobilidade no Brasil, com carros, caminhões, ônibus e vans". Ele também ressaltou a proximidade entre as unidades de São Paulo e Minas Gerais como um benefício logístico para a companhia. Em Juiz de Fora (MG), a Mercedes já fabricou o antigo Classe A (o novo ficou de fora nos planos futuros) e o cupê CLC, fora de linha.

Iracemápolis fica a cerca de 150 km da capital paulista, relativamente perto de centros de empresas automotivas como Limeira e Campinas. A cidade tem apenas 22 mil habitantes, é a 168ª colocada no índice municipal de desenvolvimento humano (medido pela ONU) e atualmente pé gerida por um prefeito do PT.

A fábrica da Mercedes é a 12ª de carros e utilitários leves instalada, ou a ser instalada, no Estado de São Paulo.

  • Divulgação

    Mercedes-Benz Classe C: Brasil deve fabricar logo de cara a nova geração do sedã

OS CARROS
Os modelos que a Mercedes fará no Brasil são, por ora, "virtuais". O Classe C nacional será o da próxima geração, que, segundo fontes da Mercedes, crescerá em tamanho -- justamente para não atrapalhar o CLA, sedã compacto que é o verdadeiro rival do A3 Sedan (contra o Classe C, a Audi tem o A4). Resta saber se crescerá também em preço: atualmente, a gama C parte de R$ 118.300 (C 180 CGI).

Esse preço fez com que o sedã atraísse antigos donos de sedãs médios, como Toyota Corolla e Honda Civic, cujas configurações mais completas podem esbarrar nos R$ 90 mil. Até o final de agosto, 3.168 unidades do Classe C foram emplacadas no Brasil, de acordo com dados da Fenabrave.

O GLA foi apresentado como carro de produção no Salão de Frankfurt, em setembro, e suas vendas na Europa ainda nem começaram. Não seria surpresa se, ao surgir no Brasil como ano-modelo 2017, ele já viesse com um primeiro facelift leve sobre o que se viu no evento alemão. Modelos feitos sobre a mesma plataforma, como o já citado CLA e o novo Classe A, são candidatos naturais à fabricação local num futuro ainda indefinido.  

NO SEU BOLSO
Os benefícios de erguer uma fábrica no Brasil são óbvios -- para as montadoras. A unidade local aumentará gradualmente o índice de nacionalização dos carros, o que gera os benefícios fiscais previstos no Inovar-Auto, regime automotivo implementado em 2012. Além disso, as empresas ganham o direito de aumentar suas cotas de importação, evitando filas de espera e até cobrança de ágio nas concessionárias.

Para o consumidor não deve haver alterações significativas no mais importante: o preço final dos carros. Pelo menos no início das operações, a amortização do investimento e o alto índice de peças importadas impedirá essa boa notícia. Mas certamente os serviços de pós-venda, como revisões e consertos na rede autorizada, além do prêmio de seguro, poderão ter preços reduzidos.