Topo

Audi quer retorno do A3 'made in Brazil' como forma de conter BMW

A3 Sportback 2013: Audi apresenta modelo que deve voltar a ser feito no país para combater BMW - ERIC PIERMONT/AFP
A3 Sportback 2013: Audi apresenta modelo que deve voltar a ser feito no país para combater BMW Imagem: ERIC PIERMONT/AFP

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em Munique (Alemanha)

21/11/2012 05h53

Acelerada na condução de sua imagem de marca premium no Brasil (a linha conta com 41 modelos à venda no país, alguns com valores acima de R$ 1 milhão, caso do R8 GT), a Audi está preparando não uma redução de velocidade, mas uma ligeira (e necessária) mudança de rumo, que deve ser marcada pelo fortalecimento da linha dos best-sellers A3 e A4 no país. E o reforço do poderio destes modelos passa, fundamentalmente, pela construção de ambos no Brasil, decisão que vai ganhar corpo até 2014.

Oficialmente, o presidente da Audi do Brasil Leandro Radomile mantém a posição anunciada durante o Salão do Automóvel de São Paulo, em outubro, e afirma apenas que a marca está estudando alternativas -- melhoria do fluxo de importação da Alemanha para o país (complicado pelo atual cenário automotivo nacional e sem perspectivas de avançar sem uma política de investimento local) e adoção do até então inédito eixo México-Brasil (a marca fabricará o SUV médio Q5 por lá a partir de 2016, numa produção voltada principalmente ao mercado americano, ao menos de acordo com a concepção do projeto). Nos bastidores, porém, executivos e pessoas ligadas à Audi afirmam que a vontade de voltar a construir carros no país se intensificou e está na pauta do dia.

A ideia, claro, é decorrente de outros dois movimentos recentes do mercado brasileiro. O primeiro deles é a mão-pesada do governo brasileiro sobre os veículos importados, com aplicação do super-IPI e cotas para quem não se enquadrar no novo regime automotivo e processar diversas etapas automotivas em nosso país: ou seja, neste momento é preciso ter instalação para poder ter o direito de vender no Brasil de forma competitiva.

O segundo fator, decisivo, foi a confirmação da fábrica da rival BMW em Santa Catarina (de onde deverão sair Série 1, Série 3 e X1), feita em outubro na abertura do Salão do Automóvel de São Paulo (relembre aqui) e que culminou também na aceleração de planos por parte de outra concorrente da Audi, a Mercedes-Benz, que mostrou ter planos consistentes para desenvolver sua nova família de carros compactos (médios para os nossos padrões) no Brasil (saiba tudo aqui).

QUEM VEM
Para Radomile, é certo que tais anúncios mexem com o mercado de automóveis premium na forma como é conhecido atualmente. Para o presidente da marca, uma fábrica como a da BMW, com capacidade anunciada de 30 mil unidades, vai saturar o espaço para este tipo de carro e (virtualmente) acabar com as chances de qualquer outra marca no médio prazo.

"O mercado atual de carros premium gira perto de 20 mil unidades e projetamos chegar a 40 mil unidades nos próximos anos. Uma única marca dizendo entregar 30 mil carros deixaria pouco espaço para as demais", afirmou o executivo.

O antídoto seria ter o que oferecer em termos de produto local. E a dose vem na forma dos modelos com maior reconhecimento e entrega em nosso mercado: A3 e A4.

A nova geração do hatch médio, com visual alinhado ao restante da marca e muitos equipamentos (motor 1.8 turbo de 180 cavalos e duplo sistema de injeção, acesso à internet e maior segurança, entre outros, além de uma versão 1.4 turbo) chega ao Brasil por importação a partir de março de 2013, já de olho na obtenção da cidadania. Neste momento, a marca faz a apresentação do A3 Sportback (quatro portas) à imprensa mundial, evento do qual UOL Carros participa e sobre o qual trará informações em breve.

Na última semana, porém, a movimentação da marca e de seus executivos foi forte junto a empresários brasileiros, que estiveram aqui na Alemanha (mais precisamente em Berlim) e participaram de um evento da marca, e junto ao vice-presidente da República Michel Temer, que também particiou de um Fórum no país à convite do gabinete do presidente alemão e da câmara de comércio local. Entre a delegação brasileira estavam pessoas ligadas à antiga fábrica da marca em São José dos Pinhais (PR).

É desta série de conversas e mostras que deve sair o sinal verde da matriz alemã para o retorno da produção ao Brasil. Sem ela, a Audi corre o risco de ver tanta velocidade no lançamento de carros em nosso país chegar a lugar nenhum.

Viagem à convite da Audi do Brasil