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Dart chega ao Brasil em um mês, com empurrão da Fiat e logo da Dodge

Dart em seu modelo 2013: corpo de sedã médio, cara de mau e alma de <i>geek</i> -
Dart em seu modelo 2013: corpo de sedã médio, cara de mau e alma de <i>geek</i>

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em Santiago (Chile)*

23/03/2012 19h49Atualizada em 25/03/2012 23h56

Em 10 de janeiro, durante o Salão de Detroit, Fiat e Chrysler afinaram o discurso das negativas: norte-americano (embora de "ascendência" italiana), o novo Dodge Dart não chegaria ao Brasil com o emblema da Fiat por ser grande demais, premium demais, tecnológico demais, conforme UOL Carros ouviu de fontes ligadas às duas empresas (releia aqui). Além disso, o fato de ser fabricado apenas no estado de Illinois (em Belvidere) prejudicaria a importação direta pela submarca da Chrysler, por conta do alto imposto cobrado de carros de fora do eixo Mercosul-México. Menos de três meses depois, porém, tudo mudou: o Dart chega ao Brasil em um mês, nos informaram os mesmos interlocutores.

Ainda não há definição sobre quais pacotes -- versões e motorizações -- são as mais adequadas ao nosso país, nem sobre possíveis rivais do modelo, que é considerado como um médio do segmento premium, do mesmo time de Mercedes-Benz Classe C, Audi A3 (que terá versão sedã em breve), Volvo S60 e companhia. Baseados em informações do jornalista Marlos Ney Vidal, especializado nos bastidores do setor automotivo e editor do site Autos Segredos, podemos apontar que o carro vem ao país agora justamente para testar as melhores configurações e para completar todo o processo de homologação.

A missão do Dart no Brasil, no entanto, já é clara: mostrar que o DNA da Fiat pode gerar um carro estiloso, tecnológico e, veja só, potente -- o que de fato é o papel aplicado à boa parte dos carros do segmento premium. Quando foi lançado no Brasil, o crossover Freemont também recebeu esta tarefa, mesmo sem ter o perfil adequado: tratava-se apenas de "rebadge", uma troca de logomarcas feita sobre o Dodge Journey. O currículo do Dart é melhor: o sedã americano é construído sobre a plataforma italiana que dá origem, na Europa, ao Alfa Romeo Giulietta, ou seja, tem um típico caso de influência da Fiat num produto da americana Chrysler.

Caberá à Chrysler, claro, divulgar, vender e dar assistência ao novo modelo. A Fiat, porém, não vai abrir mão de atuar nos bastidores ressaltando as qualidades de sua cria.

Por falar em cria, o Dart e sua cara de mau têm muito a ver -- na opinião de UOL Carros -- com o mais recente filhote da Fiat, o Grand Siena, lançado aqui no Chile, nesta quinta e sexta-feira.

Além do visual frontal semelhante, ambos podem estar intimamente envolvidos no futuro do Linea, ramo mal-sucedido da linhagem Fiat. O novo Siena, por exemplo, pode roubar os poucos compradores habituais do sedã mais caro da Fiat, sobretudo quando suas versões mais equipadas (como a Essence Dualogic com teto solar, que chega em maio) estiverem no mercado. E isso praticamente garantiria a extinção do Linea em sua forma atual. 

Quanto ao Dart, muito se especulou, antes de seu nascimento, que o carro seria o sucessor imediato do Linea nos mercados onde a Fiat atua -- algo negado veementemente pela marca. Que também negou, como dito no começo desta reportagem, sobre a chegada do modelo da Chrysler ao nosso país.

Agora que a importação está assegurada, pode ser que novas "surpresas" surjam. Segundo o site Carsale, não será espanto que o Dart ganhe mesmo nova identidade e, mais além, seja fabricado no Brasil pela Fiat (saiba mais aqui). Essa ideia toma corpo, em tempos de revisão no acordo com o México e mão pesada sobre os importados em geral, e também pode ser confirmada pela investigação do Autos Segredos.  

JOGA EM QUAL TIME?
Uma coisa nos parece certa: não deveremos ver um Dodge no Brasil empurrado por um motor pequeno, mesmo que avançado e potente. Traduzindo: nada do Dart com motor 1.4 MultiAir Turbo (160 cavalos e cerca de 25,5 kgfm de torque). Embora de maior cilindrada, o Tigershark 2.0 quatro-cilindros tem a mesma potência, mas força menor (pouco mais de 20 kgfm), o que também poderá vetá-lo. Resta a opção de 2.4 litros, de 184 cv e 23 kgfm.

Essa hipótese, aliás, nos leva a imaginar uma possível releitura do que ocorreu com o Journey/Freemont: a chegada do Dodge Dart com motor mais potente e, após sua aceitação pelo mercado, a entrada de sua contra-parte no jogo, vestindo o uniforme da Fiat e equipado com motores menores, por que não?

Também não se sabe se o Dart poderá mostrar toda sua faceta tecnológica no Brasil, principalmente seu painel de instrumentos totalmente configurável (o motorista escolhe quais informações quer ver, em qual disposição e com qual aparência) e seu sistema de navegação com ares de smartphone (informa, por exemplo, qual o posto de sua bandeira favorita mais próximo, no momento em que o carro entrar na reserva de combustível). A justificativa para esta possível lacuna está na falta de confiabilidade dos dados no Brasil, bem como na ausência de interesse do brasileiro. Uma coisa é certa: a Fiat tem todo interesse em voltar ter um produto atrativo para o segmento dos médios. A conferir.

* Viagem à convite da Fiat