Japonesas são usadas como espelho por rivais; Hyundai cala a Kia e bomba Veloster
O que as marcas japonesas, tradicionalmente fortes nos Estados Unidos, mostraram no Salão de Detroit? Responder rapidamente a esta pergunta não foi uma tarefa fácil para muitos dos profissionais que visitaram o evento durante os primeiros dias, abertos à imprensa e à indústria automotiva (o salão abre ao público no sábado, dia 14). Por outro lado, os sulcoreanos -- sobretudo a Hyundai -- souberam atrair a atenção de muitos no pavilhão do Cobo Center.
Toyota e Honda apresentaram, cada uma, pelo menos três novidades, além de reestilizações. O Toyota Prius C foi muito falado nos bastidores, mas fez pouco barulho entre a imprensa global. Curiosamente, todas as marcas americanas usavam a Toyota e seus best-sellers (Camry, Corolla e Prius), e em menor escala a Honda (sobretudo com o Accord), como parâmetro para falar de seus próprios lançamentos.
Já a Hyundai se valeu da própria boca (enquanto silenciou a Kia, que nada trouxe de novo) para bombar tanto o lançamento da nova geração do Genesis, antecipada pelo cupê esportivo, quanto o da versão turbinada do Veloster, apresentado tanto na vida real quanto no mundo virtual.
2011 FOI UM ANO RUIM
Não é fácil levantar o moral das japonesas nos EUA ultimamente. Primeiro foi o repeteco quase incessante dos casos de recall avassaladores, para modelos de Toyota e Honda; depois, a sequência de catástrofes naturais no Japão e na Tailândia, que afetou principalmente a líder mundial de 2010.
O resultado foi a queda: a Toyota perdeu essa liderança global para a General Motors e ainda foi ultrapassada pela Volkswagen. No mercado americano, segundo o Automotive News, tanto ela quanto a Honda foram "líderes" num único ponto: o de marcas que mais perderam vendas no ano que passou, com redução de 7%. A má fase levou a apresentações mais contidas, mas nem por isso menos interessantes.
SAFRA NOVA
A Toyota mostrou um conceito híbrido cheio de tecnologia de apoio ao motorista e ao pedestre, o NS4, que pode originar a nova geração do Camry (ou de um sedã global similar) em 2015, mas seu modelo mais falado nos bastidores foi o Prius C ("C" de City), versão curta do modelo híbrido, propícia aos centros urbanos e capaz de fazer 20 km/l de gasolina na cidade e 22 km/l na estrada. O carro leva o nome Aqua em outros mercados.
Para o americano, o grande diferencial do Prius C está no fato de o modelo ter visual e tecnologia (só na segurança são nove airbags contra seis) mais arrojados que os do conservador Corolla (aqui, um compacto para pessoas jovens) a preço interessante, US$ 19 mil (cerca de R$ 35 mil), apenas US$ 2 mil dólares acima do sedã. O espaço interno é semelhante, enquanto o porta-malas do C é mais generoso, graças à configuração da cabine do Prius e também por contar com abertura maior, típica de hatches.
A Honda teve apenas uma novidade realmente interessante, o conceito Accord Cupê, que antecipa a nona geração do sedã grande (médio aqui nos EUA) que vai brigar com Fusion, Camry, Sonata e companhia a partir do terceiro trimestre do ano, já como modelo 2013. Aqui, terá três opções de motorização: um 2.4 com injeção direta e 183 cavalos, um 3.6 V6 com transmissão automática de seis marchas e um híbrido (2.0 a gasolina, mais elétrico de 120 kW/162 cv).
A divisão de luxo da Honda ainda pontuou a feira com conceitos, sendo o que o mais interessante é o Acura NSX, releitura para o século 21 do lendário cupê esportivo concebido nos anos 1980 com o emblema da matriz.
Outro protótipo a chamar a atenção foi o Nissan Pathfinder Concept, que tem formas mais sinuosas (linhas da carroceria lembram o intragável Murano, mas com arremate mais sensato) e dará origem à nova geração do SUV. Como as coisas ainda precisam se ajustar, este lançamento é outro que só ocorre no final do ano, no terceiro trimestre.
*Viagem a convite da Anfavea
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