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'Do contra', Mazda adia eletricidade e projeta futuro em motor a combustão

<b>Crossover médio CX-5 estreia em 2012 com pacotão da tecnologia Skyactiv</b> - Claudio de Souza/UOL
<b>Crossover médio CX-5 estreia em 2012 com pacotão da tecnologia Skyactiv</b> Imagem: Claudio de Souza/UOL

CLAUDIO DE SOUZA

Enviado especial a Tóquio (Japão)

30/11/2011 09h44

A Mazda, uma fabricante de veículos idiossincrática a ponto de ter usado até propulsores rotativos em seus modelos, prevê que por volta de 2020 o motor a combustão ainda será crucial para a indústria automotiva. A vasta maioria dos carros, inclusive os híbridos, ainda usará o sistema.

Em vez de procurar um ovo de colombo energético e/ou gastar milhões em pesquisas com baterias e novos componentes, a Mazda decidiu, por ora, aprimorar o carro movido a combustível fóssil para, em 2015, entregar ao mercado um consumo de combustível 30% menor que o registrado pela gama da marca em 2008.

  • Claudio de Souza/UOL

    Senta que lá vem design: Mazda Shinari sintetiza a escola Kodo, cujo lema é "soul of motion"

Aqui no 42º Salão de Tóquio, a Mazda finalmente estreia no Japão o primeiro fruto maduro dessa filosofia: o crossover CX-5, dotado plenamente da tecnologia batizada de Skyactiv.

Numa explicação ligeira, Skyactiv é um conjunto de melhorias em estruturas e sistemas fundamentais do carro, todas visando à conjugação de mais eficiência a um comportamento dinâmico interessante. No caso do CX-5, a estrela é o novo motor de 2,2 litros a diesel, que, segundo a Mazda, tem a menor taxa de compressão (de 14:1) do mercado.

Sobrealimentado com turbo de dois estágios, o propulsor Skyactiv-D 2.2 é capaz -- sempre de acordo com a fabricante -- de entregar um torque (ainda não divulgado) equivalente ao de um motor V6 a gasolina de 4 litros de deslocamento. A média de consumo, no entanto, seria baixíssima: 18,6 km/litro. A unidade de força teve como antecessora a Skyactiv-G 2.0 a gasolina (também disponível no CX-5), e ganha a já conhecida transmissão Skyactiv-Drive, automática de seis velocidades.

O CX-5 conta ainda com a implementação da tecnologia Skyactiv no ajuste do chassis (suspensão e direção) e na estrutura -- o uso de novos materiais no crossover aumentou a rigidez da carroceria, ao mesmo tempo que o peso do carro baixou. A próxima etapa da Mazda (não necessariamente no CX-5) é adotar regeneração de energia na frenagem.

O modelo traz em seu visual, ainda com certa timidez, o estilo Kodo, que a Mazda explica como "Soul of Motion" -- o que, em português traduzido do mau inglês, significa algo como "alma do movimento", ou "alma móvel". As linhas dos conceitos Shinari e Takeri, ícones do estilo assumidamente masculino da Mazda, mostram que se trata de uma espécie de variação robusta da "escultura fluida" da Hyundai.

A tecnologia Skyactiv deve evoluir nos próximos anos, até culminar em sua aplicação em carros híbridos da própria Mazda. A marca não despreza essa tendência, mas parece querer dar passos mais cadenciados rumo a ela.

Conforme UOL Carros publicou em maio último, a Mazda deve voltar a vender carros no Brasil em 2013, importados do México. No entanto, o CX-5 a diesel, que não tem tração 4x4 (uma das exigências para homologação no Brasil), vai passar longe de nossas ruas. A versão com motor 2.0 a gasolina, por sua vez, é candidata a reestrear a Mazda no país -- como adiantamos por ocasião do lançamento do CX-5 no Salão de Frankfurt deste ano.

Em outubro último, a Mazda -- hoje desvinculada da Ford -- foi a quinta maior produtora de veículos do Japão, atrás de Toyota, Nissan, Suzuki e Honda.

Viagem a convite da Toyota do Brasil