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Carros vendidos no Brasil dão grave vexame em crash test

<b>Detalhe do teste com o Chevrolet Classic: pior avaliação possível</b>  - Reprodução
<b>Detalhe do teste com o Chevrolet Classic: pior avaliação possível</b> Imagem: Reprodução

Da Redação

24/11/2011 17h15Atualizada em 11/05/2017 17h51

A segunda fase do programa Latin NCAP, que avalia a segurança de carros vendidos na América Latina, traz uma péssima notícia para os donos de alguns dos carros mais populares no Brasil: em caso de um acidente, os riscos para a integridade física dos ocupantes são altos.

Segundo o relatório do Latin NCAP, o principal problema dos carros mais populares (em vendas e preço) do Brasil está na fragilidade estrutural. "Os testes evidenciam carrocerias frágeis e incapazes de aguentar fortes impactos, além de estruturas perigosas que apresentam graves riscos de lesão e até de morte a seus passageiros, especialmente a região da cabeça do motorista", diz o texto.

E prossegue: "Modelos populares foram falhos em oferecer proteção adequada, sobretudo ao peito do motorista, mas também devendo muito em segurança às pernas e aos joelhos dos passageiros".

O Latin NCAP realiza atualmente apenas testes de impacto frontal, a 64 km/h, com ligeiro desvio lateral (para simular uma tentativa do motorista de desviar do obstáculo). É uma prova mais simples que as executadas por órgãos equivalentes na Europa e nos Estados Unidos. Os resultados, exibidos nesta quinta-feira (24), são ruins para praticamente todos os modelos testados.

Os modelos à venda na Europa, avaliados pelo Euro NCAP, tiveram notas muito melhores que os latino-americanos.

Os dados mostrados no quadro logo abaixo referem-se às duas fases do programa Latin NCAP, sendo que a primeira foi realizada em 2010. Os carros que foram testados nesta segunda fase são: Chevrolet Celta, Classic e Cruze; Fiat Uno, Ford Focus (hatch) e Ka, Nissan March e Tiida hatch. A adesão é voluntária. No quadro, a legenda "sponsors test" indica modelos testados a pedido dos fabricantes, que têm interesse nos resultados do programa. Também há a indicação sobre se o carro possui ou não airbags. O texto tem palavras em inglês.


O que se pode ver é que nenhum modelo conseguiu obter cinco estrelas -- a melhor classificação -- nos dois itens observados: proteção geral dos ocupantes e, em separado (em verde no quadro), proteção a crianças que viajam no banco traseiro.

Modelos como o Chevrolet Classic e o Fiat Uno tiveram resultados desastrosos, obtendo apenas uma estrela no teste geral, e uma e duas, respectivamente, no de proteção infantil. Os resultados mostram também um desequilíbrio de segurança em alguns modelos, como no caso do Toyota Corolla, cuja versão XEI com dois airbags (testada na primeira fase) teve boas quatro estrelas no geral, mas apenas uma no infantil.

Os melhores resultados foram do Chevrolet Cruze e do Ford Focus, dois modelos que foram testados a pedidos pelo Latin NCAP. Ambos empataram, recebendo quatro e três estrelas nos quesitos de proteção geral e infantil. Reveja, no quadro a seguir, os vídeos da primeira fase do Latin NCAP:

DEDO NA FERIDA
O relatório do Latin NCAP divulgado nesta quinta dá uma bronca nas fabricantes de carros instaladas na América Latina, o que obviamente inclui o Brasil. O veredicto é simples: as montadoras sabem, se quiserem, fazer carros seguros e ao mesmo tempo sem custo alto. Os negritos são por conta de UOL Carros.

Diz o texto: "Em ambas as fases do Latin NCAP, alguns veículos testados obtiveram níveis muito melhores de segurança, similares com os níveis adquiridos na América do Norte e na Europa. São modelos mais caros [no caso, principalmente Cruze e Focus, carros globais]. Na Europa, até os carros mais baratos contam com airbags (motorista, passageiro e cortina lateral), e oferecem melhor segurança estrutural. Isso mostra que os maiores fabricantes de veículos sabem como fazer veículos com preços acessíveis que estejam de acordo com os padrões da ONU (Nações Unidas). Portanto, o Latin NCAP recomenda seriamente que esses padrões sejam estendidos a todos os países da América Latina."

A partir de 2012, 30% dos carros novos fabricados no Brasil deverão ter airbags e freios com ABS; em 2013, essa fatia cresce a 60%. Em 2014, todos os carros deverão vir com esses itens. Segundo o Latin NCAP, o custo de produção de uma unidade de airbag é de US$ 50. Nos carros nacionais em que o item é opcional, geralmente amarrado a outros equipamentos (como o ABS), o preço sempre é superior a R$ 1.000.

O Latin NCAP é uma iniciativa conjunta de Federação Internacional do Automóvel (FIA), Fundação FIA, Global New Car Assessment Programme (GNCAP), Fundação Gonzalo Rodríguez, Banco Interamericano de Desenvolvimento e International Consumer Research & Testing (ICRT). Nas próximas fases, a ideia é incrementar os testes com os carros latino-americanos, incluindo impacto lateral, de poste, teste para pedestres e de chicote cervical (impacto posterior, afetando a cabeça).

MONTADORAS
A Fiat do Brasil emitiu na noite desta quinta-feira (24) uma nota oficial comentando os resultados do Latin NCAP. O texto diz, simplesmente, que "os veículos produzidos pela Fiat no Brasil estão enquadrados nas normas de segurança vigentes no país". UOL Carros não conseguiu localizar representantes da assessoria da General Motors. Na Ford, ainda se discute a possibilidade de emitir uma nota comentando os resultados.

Veja abaixo os vídeos com os testes do Euro NCAP, divulgados um dia antes do Latin NCAP: