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Mercedes C 200 Avantgarde esbanja conforto e potência bebendo pouco

Mesmo com linhas mais modernas, reforma não tirou o visual tradicional do Classe C - Murilo Góes/UOL
Mesmo com linhas mais modernas, reforma não tirou o visual tradicional do Classe C Imagem: Murilo Góes/UOL

Rodrigo Lara

Do UOL, em São Paulo (SP)

07/07/2011 19h40

Desempenho e economia são opostos quando o assunto é carro, certo? É justamente esse conceito que o Mercedes-Benz C 200 Avantgarde (e os demais Classe C, C 180 Turbo e C 250 Sport), em seu modelo 2012, tenta modificar ao oferecer doses altas de potência e conforto sem que seu dono precise fazer visitas constantes ao posto de gasolina. O novo ano/modelo do Classe C foi apresentado à imprensa brasileira em maio e marca o meio da vida da gama, lançada em 2007.

O Classe C, com a nova carroceria, tem os seguintes preços:

- C 180 Turbo -- R$ 116.900
- C 200 Avantgarde -- R$ 150.900
- C 250 Sport -- R$ 190.000

O novo Classe C ajudou a Mercedes-Benz a quebrar o seu recorde de vendas mensais no Brasil em junho. A marca vendeu 1.016 veículos no período, sendo que, deste número, 560 unidades foram do C 180 Turbo, o primeiro da linha renovada a desembarcar no país. Ao todo, os Classe C venderam 714 carros -- incluindo unidades da geração anterior -- no mês, o que representa um crescimento de 62% em relação a junho de 2010 e 47% se considerarmos maio de 2011.

CARA DE MAU
Antes de falarmos sobre o "milagre" desempenhado pelo conjunto motriz do carro -- que já estava disponível nas últimas unidades da geração anterior à venda no Brasil -- vale mostrar onde ele mudou. Na imagem abaixo, é possível ver como o Classe C 2012 evoluiu em relação ao modelo anterior.  O conjunto óptico dianteiro espichou em direção ao parabrisa, formando uma espécie de "L" deitado. Com ele, o carro fica com um ar mais carrancudo, o que ajuda a ressaltar características como a esportividade e a afastar a pecha de "carro de tiozão". Completam a lista de mudanças nessa área um novo desenho de parachoque, com entradas de ar trapezoidais e filetes de LEDs que têm a função de marcar a posição do carro durante o dia.

Na traseira a receita foi similar. As lanternas agora têm superfície plana, sem os gomos em baixo relevo presentes na versão anterior. O desenho geral da peça foi mantido, mas o seu interior ganhou novos refletores e iluminação por LEDs. O parachoque ganhou novos vincos, que circulam por toda a peça. O resultado das alterações pode ser visto abaixo.

Por fim, o interior do modelo concentrou suas mudanças no painel. A peça mantém a parte inferior dos seus contornos, mas ganhou apliques de alumínio (no caso do C 200 Avantgarde), saídas de ar em formato trapezoidal no centro do painel e redondas nas extremidades, novo volante e tela de LCD que se integra ao conjunto de instrumentos, o qual tem novo grafismo e fundo digital na cor dourada. No centro da peça, as teclas de telefone, o botão de volume do rádio (que também pode ser operado pelo volante ou pelo controle principal do sistema multimídia, no console central) também têm nova aparência e o acabamento ao seu redor é do tipo black piano, como pode ser visto abaixo.

Incluindo esses detalhes mais aparentes, a Mercedes-Benz afirma que fez mais de 2.000 alterações no Classe C 2012. O conjunto da obra pode ser visto no álbum de fotos exclusivas publicado mais abaixo, clicadas por Murilo Góes.

EFICIÊNCIA ALEMÃ
O C 200 Avantgarde é movido pelo motor 1.8 CGI (de Charged Gasoline Injection), de quatro cilindros, sobrealimentado por turbo e dotado de injeção direta de combustível. É esse o bloco que equipa todos os modelos Classe C, sendo calibrado para atingir potências distintas em cada um dos três carros da gama. No caso do C 200, o motor rende 184 cavalos a 5.250 rpm e tem torque 27,5 kgfm, presentes entre 1.800 e 4.600 rpm.

Quem manda a força do motor para as rodas traseiras é a transmissão 7G-Tronic Plus, de sete marchas. A receita desse câmbio é diferente, por exemplo, do S-Tronic da rival Audi, caixa automatizada de dupla embreagem e também de sete marchas. O resultado, entretanto, é similar -- com uma leve vantagem para a Audi quanto à velocidade da troca de marchas, e para a Mercedes quando se fala em consumo.

A dupla 1.8 CGI e 7G-Tronic Plus aliada à suspensão com o sistema de amortecimento inteligente Agility Control tornam o rodar do carro confortável. As marchas sobem rapidamente e aproveitam com eficiência a potência e o torque do motor. Já a suspensão filtra bem as irregularidades mais comuns do piso, reservando solavancos apenas às situações mais extremas. Em altas velocidades, ela mantém o carro firme e garante uma direção precisa e segura.

Entre itens de conforto e segurança, destacam-se a tradicional sopa de letrinhas da Mercedes-Benz, composta por freios adaptativos com auxílio em ladeiras, ABS (antitravamento nos freios), BAS (assistente de frenagem em emergência), ESP (controle de estabilidade), ASR (controle de tração), apoios de cabeça dianteiros ativos, airbags frontais, laterais e de cortina, sistema Attention Assist (que monitora as reações do motorista e o alerta quando detecta cansaço ao volante), ar-condicionado digital, piloto automático com limitador de velocidade, volante multifunções e teto solar elétrico.

IMPRESSÕES AO DIRIGIR
Primeiramente, é preciso dizer que a reestilização sofrida pelos Mercedes-Benz Classe C conseguiu rejuvenescer o carro, mesmo sem causar uma revolução nas linhas da carroceria. A consideração a respeito do exterior também vale para o habitáculo, que trocou boa parte do conservadorismo por um ar mais refinado e moderno, principalmente se considerarmos a versão C 200 Avantgarde avaliada por UOL Carros. Não seria exagero dizer que, por dentro, esse carro parece pertencer a uma categoria (ainda mais) superior.

A boa impressão é mantida ao acomodar-se no banco do motorista. É extremamente fácil encontrar uma boa posição de dirigir -- mérito do posto de comando, com ajustes de altura, inclinação, distância dos pedais, ângulo do assento e apoio lombar, e da direção, que pode ser ajustada em altura e profundidade.

Feito o ritual de ajustes, é hora de andar com o carro. O rodar é firme, porém confortável, e o silêncio a bordo é total. Essas duas características resultam em efeitos práticos: é difícil se estressar em congestionamentos quando se dirige o C 200 Avantgarde. O que está fora do carro parece ainda mais longe, e mimos como o ar digital e o sistema de som com conectividade USB ajudam a acalmar até aos mais afoitos.

Nem tudo são elogios, entretanto. A direção tem um peso um pouco maior do que deveria em baixas velocidades, e pode causar estranhamento num primeiro contato. O sistema multimídia não possui tela sensível ao toque e, pelo menos por ora, não tem a navegação por GPS disponível no Brasil. É comum se confundir com a haste do piloto automático e a das luzes de direção, muito próximas. E, por fim, o maior dos problemas: o carro não conta com sensores em seu exterior para medir a distância de obstáculos, item presente em carros mais baratos e de extrema importância quando se manobra um automóvel de 4,59 metros de comprimento (e que custa R$ 150.900).

LONGE DO POSTO DE GASOLINA
Na hora de acelerar, o C 200 Avantgarde mostra que passa longe de ser um sedã pacato. Ele não possui uma aceleração digna de superesportivo, mas os 7,8 segundos de 0 a 100 km/h alegados pela marca fazem dele um carro rápido. As respostas do motor são vigorosas e, quando no modo Sport, o câmbio deixa as trocas de marchas para as rotações mais elevadas.

Quando a questão são as curvas, suspensão e direção mostram o porquê do seu ajuste mais firme. Mesmo com o ESP desligado, é difícil fazer o C 200 Avantgarde escorregar e perder o seu comportamento essencialmente neutro. Se não é sua vocação, o carro não desaponta o motorista quando este quer se divertir. Diversão que seria ainda maior caso o modelo avaliado estivesse equipado com as aletas para troca de marcha atrás do volante, disponíveis na versão top de linha da gama, a C 250 Sport.

A melhor parte, contudo, ficou para a hora de abastecer o carro. Ou melhor, na hora de não abastecer. UOL Carros rodou 790 km com o veículo num trajeto tipicamente misto, que incluiu trechos urbanos, subidas e descidas de serra e estradas planas e com poucas curvas. Ao final, o computador de bordo marcava 11,3 l/100 km (outra "falha" do carro é não trazer as unidades de consumo adaptadas ao padrão brasileiro), o que significa uma média de 8,8 km/l de gasolina. Prova de que o conceito BlueEfficiency, que envolve componentes do carro como motor, transmissão e aerodinâmica, realmente funciona bem.

O número, excelente se considerarmos o tipo de uso do carro, poderia ser ainda maior, já que na estrada o consumo instantâneo ficava na faixa de 14 km/l. Se você é amigo do frentista e usava as visitas ao posto de combustível para colocar o papo em dia, um alerta: se quiser manter a amizade e estiver ao volante do C 200 Avantgarde, considere um cafezinho na padaria mais próxima.