Com A7 Sportback, Audi marca território no filão premium do momento
O segmento dos cupês de quatro portas é recente. Pode-se dizer que ele foi inaugurado em 2004, com o lançamento do Mercedes-Benz CLS. Este reinou sozinho por praticamente quatro anos, e ganhou como primeiro concorrente o Volkswagen Passat CC. Ainda assim, por se tratar de uma marca mais "popular", o cupê da Volks não bateu de frente com o concorrente.
A vida do CLS ficou menos mansa a partir do momento em que outras marcas premium passaram a ter seus representantes nesse segmento específico. A Porsche apresentou o Panamera em 2009. No ano seguinte foi a vez da Aston Martin mostrar ao mundo o Rapide, e da BMW lançar uma versão do Série 5 apelidada de GT. Este último pode ser definido de diversas maneiras -- mas, de forma geral, se enquadra no conceito de "teto com caimento acentuado e quatro portas".
A Audi não poderia ficar de fora do segmento. Em 2010, lançou A5 e A7 Sportback. O primeiro já é vendido no Brasil desde o ano passado e situa-se num degrau abaixo do segundo, que chega agora ao país como fiel representante da estirpe criada pelo CLS. As quatro portas estão lá e o perfil de cupê também, assim como a tampa do compartimento de carga que lembra a de um hatchback.
Se não inova, o A7 não decepciona: é confortável, tem design que mistura classe e agressividade e oferece praticamente tudo de melhor que a Audi tem no momento. E isso tem o seu preço: R$ 323.900, valor que o coloca exatamente entre o sedã médio (para a marca, porém grande para os nossos padrões) A6 e o maior sedã da casa de Ingolstadt, o A8 -- esse sim, um grande até para os padrões alemães.
A localização na tabela de preços também tem muito a ver com o público-alvo do modelo. Durante a apresentação do carro para a imprensa especializada na segunda-feira (25), o presidente da Audi no Brasil, Paulo Kakinoff, definiu o comprador do A7 como "uma pessoa bem-sucedida, com família, e que busca não apenas algo novo, mas também um carro que transmita status e jovialidade".
Trocando em miúdos: uma pessoa de meia-idade e com um bom saldo bancário, que quer um veículo refinado, porém sem a famosa aparência de "carro de tiozão". Kakinoff também salientou que o A7 não tem a função de roubar clientes de outras marcas. Obviamente que, caso isso aconteça, a Audi não ficará chateada -- mas a missão do A7 é satisfazer o público cativo da fabricante e ser uma opção para aquele comprador que tinha um A6 e resolveu comprar um carro diferente sem ter de apelar a um superesportivo ou um modelo de extremo luxo.
SEM MEDO DE DECEPCIONAR
Tendo isso em mente fica mais fácil avaliar o A7 e entender seus traços agressivos. Uma virtude do carro é não causar indiferença. Seja pelo conjunto frontal, que remete diretamente ao superesportivo R8, ou pela traseira com uma espécie de cunha sobre as lanternas, o que confere um ar retrô ao carro. Ainda sobre o conjunto óptico traseiro, merecem destaque as argolas que ficam no fundo das lanternas e dão um aspecto exclusivo ao A7.
O interior do modelo é voltado ao conforto extremo. O A7 pode ter quatro padrões de cores, que englobam os tons do couro dos assentos, dos revestimentos de painel e porta e até do volante. As cores externas são 12. O painel foge um pouco do padrão Audi e apresenta instrumentos ligeiramente inclinados horizontalmente em direção ao centro da peça.
PACOTE BRASIL
Na versão importada para o Brasil, o A7 vem bastante equipado de série, como é possível ver na ficha técnica do modelo. Há três pacotes opcionais. A primeira vem com o chamado pacote Advanced, que reúne o sistema de visão noturna Audi Night Vision, com identificador de pedestres e demais seres vivos; o Audi Pre Sense Plus, que prepara o veículo em caso de colisão iminente; o Audi Side Assist, que monitora os pontos cegos na lateral do veículo; e o piloto automático adaptativo, que controla não apenas a velocidade, mas também a distância em relação aos veículos à frente. Com esse pacote, o preço salta para R$ 343.900.
O A7 ainda pode ser equipado com dois sistemas de som premium. O primeiro é da marca americana Bose, e eleva o preço em R$ 6 mil. O segundo sistema é da dinamarquesa Bang & Olufsen e transforma o A7 numa casa de espetáculos. Com 1.300 W de potência e 15 alto-falantes, este opcional custa (incríveis) R$ 36 mil. Totalmente equipado, o A7 bate nos R$ 380 mil.
CORAÇÃO FORTE
O grande apelo esportivo do A7 está debaixo do capô. É lá que fica abrigado o motor 3.0 TFSI, um V6 capaz de gerar 300 cavalos de potência entre 5.250 e 6.500 rpm e torque de 44,9 kgfm entre 2.900 e 4.500 rpm. Os números do propulsor são interessantes: aceleração de 0 a 100 km/h em 5,6 segundos e consumo médio de 12,2 km/l (segundo a Audi). Com ele, o A7 chega aos 250 km/h, limitados eletronicamente.
O câmbio é um S-tronic de dupla embreagem e sete velocidades, que pode ser operado em modo manual por meio de aletas atrás do volante. Ele é o responsável por gerir a força do motor e a transmitir às quatro rodas do modelo, que é equipado com o sistema de tração integral quattro.
IMPRESSÕES AO DIRIGIR
UOL Carros testou o A7 num percurso de cerca de 150 km por estradas do interior de São Paulo. A primeira característica que chamou a atenção é a facilidade para encontrar uma posição de dirigir. A quantidade de ajustes dos bancos dianteiros parece levar em consideração partes do corpo que nem sabíamos existir. Mas, enquanto os bancos da frente tornam a viagem confortável, o espaço para a cabeça dos ocupantes do banco traseiro penaliza os mais altos.
Todos os comandos estão à mão, com destaque para o console central e sua porção sensível ao toque, que permite desenhar letras na hora de preencher um endereço no sistema de navegação. Operar o sistema MMI Plus, que gerencia as principais funções do carro como os modos de condução, requer alguma prática, mas é infinitamente mais amigável do que os sistemas das rivais Mercedes e BMW.
Em movimento, o A7 Sportback cativa pela sua dinâmica. Os 4,9 metros de comprimento e o 1,9 metro de largura do modelo não são sentidos pelo condutor, assim como os 1.770 kg de peso. O carro tem comportamento ágil, sem ser arisco. Arranca bem, mas sem dar sustos. Parte desse comportamento neutro tem a ver com a tração quattro, que mantém o A7 na linha, e com a suspensão do carro, que trava um bom diálogo com o motorista.
Ao contrário de boa parte dos carros da Audi, o motor 3.0 é dotado de compressor mecânico. Segundo a fabricante, a medida visa dar ao carro um desempenho suave e constante. Tal suavidade, entretanto, vai embora quando se pisa fundo no acelerador e o A7 dispara de maneira visceral, emitindo um ronco nada comportado. A força do propulsor é clara e, em velocidade de cruzeiro, a reserva de torque é permanente.
No final das contas, a Audi acerta em sua estreia -- ainda que tardia -- no terreno dos cupês grandes de quatro portas. Com muito conforto, boa dose de equipamentos e uma tendência à esportividade, o A7 deve agradar aos compradores que buscam classe, mas não querem denunciar sua idade.
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