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Ford Edge é renovado para ficar mais integrado e competitivo

Modelo está ligeiramente mais barato, e mais equipado, para tentar (finalmente) vender mais - Divulgação
Modelo está ligeiramente mais barato, e mais equipado, para tentar (finalmente) vender mais Imagem: Divulgação

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

08/12/2010 15h56

A Ford fez nesta quarta-feira (08) o lançamento oficial do Edge 2011, apresentado ao público durante o Salão do Automóvel de São Paulo, no final de outubro --  na prática, porém, o modelo já é vendido há algumas semanas. O crossover (assim classificado por mesclar características de utilitário esportivo e sedã médio de luxo) com frente e traseira renovados e conteúdo aperfeiçoado chega importado do Canadá (como o modelo atual, aliás) em três diferentes pacotes:

Edge V6 SEL - R$ 122.100:
Vem equipado de fábrica com motor Duratec V6 a gasolina de 3,5 litros Ti-VCT (duplo comando de válvulas variável e independente) com 289 cavalos de potência; transmissão automática sequencial de seis marchas, que permite trocas manuais na alavanca de câmbio; tração integral AWD; direção hidráulica; rodas de liga leve aro 18; abertura das portas por sistema de teclas; revestimento de couro preto para bancos, volante e câmbio; bancos dianteiros com aquecimento e ajustes elétricos (dez níveis para motorista, seis para o carona); banco traseiro bipartido, reclinável e com rebatível (também eletricamente); seis airbags; freios com ABS (antitravamento) e EBD (distribuição eletrônica de frenagem); sistema anti-derrapagem, com controles de estabilidade e de rolagem; sensor de estacionamento traseiro; sistema de som com rádio/CD/MP3 com entrada auxiliar; e chave auxiliar MyKey (permite a configuração de um perfil que terá limitações de velocidade e não poderá desabilitar os sistemas de segurança).     

Edge V6 Limited - R$ 133.910:
O mesmo conteúdo da versão SEL, mas com revestimento de couro claro, num tom entre cinza e bege e com apliques imitando madeira no painel; rodas aro 20; sistema interativo Ford Touch, que mescla comandos do carro, de climatização, de telefonia e entretenimento na tela central de oito polegadas sensível ao toque e em duas telas TFT de quatro polegadas configuráveis, que substituem o painel de instrumentos convencional; sistema de som Sony Premium, com 390 watts, 12 falantes, duas entradas USB, uma SD Card e entrada Áudio/Vídeo; sistema Sync com reconhecimento de voz (disponível apenas nos idiomas Inglês, Espanhol e Francês); partida do motor através de botão ou no controle remoto (à distância); acesso inteligente ao carro (sem destravamento na chave ou nos botões de código); câmera de ré; sistema de monitoramento de pontos cegos e de tráfego cruzado durante a ré; sensor de chuva; duas memórias de ajuste para banco do motoristas e retrovisores; e abertura e fechamento automático do porta-malas. 

Edge V6 Limited com teto Vista Roof - R$ 142.610:
É acrescida do teto solar panorâmico de duas folhas, que sai por R$ 8.700.

A Ford faz questão, ainda, de ressaltar o custo da cesta de reparo, que pode variar entre R$ 17.587 (padrão Cesvi, com 15 itens) e R$ 48.140 (Ford, com 70 itens) e de revisões com preços fixos: R$ 232 (seis meses ou 10 mil quilômetros), R$ 288 (um ano ou 20 mil quilômetros), R$ 356 (18 meses ou 30 mil quilômetros), R$ 864 (dois anos ou 40 mil quilômetros), R$ 388 (30 meses ou 50 mil quilômetros) e R$ 750 (três anos ou 60 mil quilômetros).

  • Divulgação

    Traseira ficou mais harmônica com linhas mais fluidas, ao mesmo tempo em que dupla saída de escapes de 4"e rodas aro 20 (versão Limited, 18" na SEL) mantém sensação de imponência

INTEGRAÇÃO
Modelo topo da gama Ford, o grandalhão Edge nunca foi bom de loja no Brasil, embora tenha sempre se destacado na opinião pública como veículo robusto e imponente. O último balanço fechado da Fenabrave (entidade que congrega lojistas e distribuidores), de novembro, coloca o crossover na íncomoda 30ª colocação entre os utilitários esportivos, com pouco mais de 600 unidades vendidas desde janeiro. Muito pouco para um veículo que traz o emblema de uma das quatro grandes marcas do mercado, mesmo que posicionado em segmento superior -- ou premium, como preferem as fabricantes.

Pensando na disparidade para a concorrência, a Ford optou por elencar rivais diretos definidos pela faixa de preço e presença de motor V6, não por porte ou aptidão. Assim, fechou-se a lista com Mitsubishi Pajero 3.5 V6 AT (mais barato e único com motor flex, R$ 100 mil e quase 18.400 vendas até novembro), Toyota Hilux SW4 SR4 4.0 V6 AT (R$ 147.950 e 7.100 vendas) , Hyundai Vera Cruz 3.8 V6 AT (R$ 138.150 e quase 3.900 unidades) e Kia Sorento 3.5 V6 AT (a partir de R$ 122.883, com quase 3.450 vendas). Mesmo sem incluir rivais natos, como o Chevrolet Captiva Sport AWD 3.6 V6 (12 mil vendas no mês), o Edge perde para todos no quesito "preferência na hora da compra".

Pois é esta uma das tarefas da atualização de meia-vida, lançada no mercado norte-americano em agosto, com linhas retilíneas dando lugar a traços sinuosos e fluidos, como nos faróis e lanternas com pontas aparadas, embora não obrigatoriamente suaves, como se vê no capô ressaltado, na grade ainda mais ampla ou nas rodas enormes -- tudo isso se traduz na integração visual, estilística e de interação do Edge com a escola Kinetic vista no Fusion, Focus e, recentemente, no New Fiesta. Estes últimos modelos permitem que a Ford do Brasil se gabe de ser a atual líder de vendas da faixa acima dos R$ 50 mil. E é este o contexto almejado também para o crossover -- neste momento, a fabricante já se anima a dizer que o novo Edge vendeu 210 unidades nas últimas semanas do último mês, ótimo índice para quem entregava menos de 60 unidades por mês até então, mas ainda distante dos rivais.

Outro ponto-chave do novo Edge é o nível de acabamento e conforto internos e a tecnologia embarcada, evoluídos em relação ao modelo anterior. Uma crítica recorrente ao agora antigo Edge dizia respeito à falta de verdadeiros diferenciais nestes quesitos: havia a interface Sync, mas ela não trazia plus algum em relação a outro serviço multimídia; o mesmo servia para o padrão de acabamento.

Pois a linha 2011 permite que o dono destrave, acesse e até ligue o Edge sem encostar a mão na chave (basta tê-la por perto, no bolso ou dentro da bolsa), rode com segurança garantida pela tração integral e pelos sistemas ativos e passivos (controle de derrapagem e capotamento, airbags que monitoram presença e peso dos ocupantes, cintos com pré-tensionador, monitoramento da pressão de pneus e da presença de carros no ponto cego lateral e traseiro, em caso de manobras à ré), conecte seus dispositivos eletrônicos de última linha (seja por ligação USB, Bluetooth ou cabos de Áudio e Video), interaja com os sistemas do carro e de entretenimento através de grandes telas configuráveis e sensíveis ao toque e, ainda, tenha estes ajustes gravados (permitindo que o carro seja compartilhado sem atrapalhar a configuração ideal para cada condutor).

O mesmo poderia ser dito da versão 2 do sistema Ford Sync -- que agrega os comandos dos sistemas de controle, entretenimento e navegação do carro, permitindo que o motorista os acione através da própria voz --, se os defeitos não tivessem sido mantidos, neste caso: o Português segue fora da lista de idiomas compreendidos (embora o reconhecimento de sotaque das outras três línguas citadas tenha sido aprimorado), assim como a navegação com mapas do Brasil. Assim, segue sendo possível presenciar a bizarra cena de ver um dono de Edge plugado com seu iPhone 4, comandando a lista de músicas com os dedos na enorme tela central do Edge e ouvindo a melodia em som digital 5.1, mas tendo de usar um aparelho GPS independente, preso no para-brisa por meio de ventosas.

  • Divulgação

    Motor recalibrado está mais eficiente e menos poluente, enquanto câmbio automático
    sequencial de seis marchas permite aceleração mais suave, com força para saídas e retomadas

IMPRESSÕES AO DIRIGIR
UOL Carros
participou de uma curta sessão de apresentação dinâmica do Edge, que consistiu em dirigir um modelo pela Marginal Pinheiros, na capital paulista, revezando o volante com outros dois jornalistas após 14 quilômetros. Neste curto contato, o que mais marcou foi a beleza do novo conjunto. O crossover da Ford não chama mais atenção apenas pela imponência e impressão de força, como antes, mas também pelo visual atraente.

Dentro da ampla cabine, é a vez do acabamento agradar aos sentidos, seja através do emborrachado de todo o painel ou da boa qualidade do couro e do estofamento, que ampara bem o corpo, sem ser mole demais ou demasiadamente justo. A interface Touch, com ampla tela de LCD sensível ao toque e menus coloridos divididos em quatro categorias (ajustes do carro, climatização, telefonia e entretenimento), é intuitiva, mas vai requerer um pouco mais de explicações para os menos antenados, uma vez que se reproduz no painel de instrumentos (dependendo da versão e configuração) e acaba interferindo na condução do veículo -- esta, na verdade, é a intenção da Ford, embora o intuito seja permitir que o motorista esteja conectado sem tirar os olhos do trânsito.

Com o botão de partida levemente pressionado (o teste foi feito na versão Limited, que agora traz o comando Power de um toque, dispensando o motorista de ter de manter a tecla pressionada até o total acionamento do motor) e portas e vidros fechados, o silêncio impera na cabine, sendo quebrado apenas pelo ruído leve do ar digital de duas zonas e da programação do sistema de entretenimento. E assim será, mesmo com o teto panorâmico aberto (apenas a primeira das duas folhas se retrai, até o término dos bancos dianteiros), fruto do sistema que diminui a turbulência do ar em velocidades baixas e moderadas.

Segundo a Ford, o motor V6 com duplo comando variável de válvulas está 11% mais eficiente que o predecessor, 7% mais potente (289 cv) e 5% mais "torcudo" (são quase 35 kgfm). Mas o foco de sua atualização está na menor taxa de emissão de poluentes e de consumo (4% de redução). O resultado prático é um motor que permite rodar suave e sem trancos, mas com vigor quase instantâneo para arrancadas e ultrapassagens, fruto também da sinergia com o bom câmbio automático sequencial de seis marchas. Há ainda a possibilidade de trocas manuais, mas isso não implica num modo esportivo: como o motorista tem de posicionar a alavanca na posição mais próxima do console central (M) e usar uma tecla dupla (como o "+/-" de controles remotos) para subir ou reduzir marchas com o dedão, a ação acaba sendo incômoda por manter o braço dobrado e acabará ser utilizada apenas quando uma força maior (ou o uso do freio motor) se fizer necessário. A fábrica fala ainda em consumo de 8,6 km/l na cidade e 12,7 km/l na estrada, mas nosso teste curto e atípico levou o computador de bordo a indicar (após convertemos a escala de litros consumidos a cada 100 quilômetros utilizada pelo Edge) a marca de quase 7 km/l.