Às portas do Brasil, Chery QQ é testado na Argentina
No recém-terminado Salão do Automóvel de São Paulo, chamou atenção o anúncio do preço do Chery QQ. O carro será vendido no Brasil no ano que vem por R$ 22.900, o que o transforma no veículo de passeio mais barato vendido no país -- mas bastante completo para o segmento. Na Argentina, o subcompacto também é um dos carros mais em conta, mesmo importado da China. O modelo atrai por seu simpático desenho e uma interessante relação custo/benefício.
O QQ vai ser vendido na versão básica pelo equivalente a R$ 16,5 mil no mercado argentino. E já equipado com direção hidráulica, rádio/CD/MP3/USB e abertura interna do tanque de combustível. A "versão especial" testada -- limitada a 200 unidades -- sai pelo equivalente a R$ 18 mil e ainda conta com sensor de estacionamento, ar-condicionado e trio elétrico. Não há no mercado argentino outro carro com o mesmo número de equipamentos por esse preço, e ainda com garantia de dois anos.
Quem não se lembra do Daewoo Matiz dos anos 1990? Não dá para negar que as linhas do QQ foram inspiradas no modelo sulcoreano. A lateral dos dois compactos é praticamete idêntica. A frente do Chery mostra sua personalidade por meio dos faróis circulares, seguidos pelas luzes de pisca e pelos faróis de neblina dispostos verticalmente no parachoque. A traseira tem uma estética mais discreta, com um aplique cromado sobre a placa. Desde a versão mais barata, o QQ já conta com carcaças dos retrovisores na cor da carroceria. E, nesta configuração mais recheada, ainda há um pequeno aerofólio traseiro.
A silhueta redonda é ligeiramente quebrada pelos racks no teto nesta "versão especial". Só faltaram as rodas de liga leve. Em suma, trata-se de um modelo com linhas amplamente conhecidas, mas que tenta se diferenciar pela simpatia. No interior, os plásticos -- obviamente -- são rígidos, mas em geral têm uma boa apresentação. Quando se presta atenção aos detalhes, notam-se boas soluções, como no fechamento do porta-luvas. Há outros pontos positivos, como a aplicação de tecido nas portas, semelhante ao dos assentos. O quadro de instrumentos é digital e oferece uma boa leitura.
Ao dirigir, incomoda o pé ficar um pouco longe do chão. Além disso, o pedal do freio tem curso muito longo -- no início, parecia que ia se gastar muito tempo para funcionar -- e, ao acioná-lo, a sensação é de estar pisando numa borracha. Mas é apenas uma questão de adaptação. Além disso, dá para desfrutar da suavidade da direção e do resto dos comandos. Os bancos traseiros acomodam sem dificuldades duas pessoas. Ao contrário de muitos carros do segmento, os assentos oferecem um apoio generoso e permitem encontrar uma boa posição, embora a ausência de encostos de cabeça seja indesculpável. O porta-malas de 190 litros é pequeno, mas é aceitável num carro pensado para o uso nas cidades.
PRIMEIRAS IMPRESSÕES
O conforto do Chery QQ não é comprometido apenas pelo espaço interno. O conjunto composto pela curta distância entre-eixos (2,34 metros) em conjunto com uma suspensão firme se mostrou bastante sensível às imperfeições das ruas da cidade. Estradas irregulares e lombadas precisam ser encaradas com calma e tranquilidade. Caso contrário, sente-se praticamente na íntegra, dentro do habitáculo, o que está acontecendo lá fora. Até porque o isolamento acústico é pífio. Além disso, um ruído estrutural vindo da dianteira incomoda bastante. Em velocidades de cruzeiro, o barulho no interior provocado tanto pelo vento, como pela rodagem, é alto.
Já o comportamento dinâmico do QQ é aceitável, mas com os já mencionados balanços na carroceria. Além disso, é preciso ficar atento à ação dos ventos laterais, que influem diretamente na direção do chinês. A boa visibilidade é conseguida pelas colunas finas, que junto com o sensor de estacionamento (exclusivo da "versão especial") auxiliam na hora de parar.
Os 68 cv do motor a gasolina de 1.1 litro conseguem mover os 890 kg do QQ num bom ritmo. O compacto é ágil no trânsito da cidade, graças às curtas relações da transmissão. Na estrada, é necessário atenção para calcular as manobras, além de uma ampla utilização do câmbio. A velocidade máxima anunciada é de 140 km/h, mas pisando fundo é possível chegar até 150 km/h. A Chery também anuncia que o zero a 100 km/h é feito em 15 segundos e o consumo fica em ótimos 19,2 km/l. (por Gaston Vanini, do Mega Autos/Argentina)
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