Topo

Chery Face surpreende com boa lista de equipamentos e preço de R$ 31.900

<b>Chery Face encara hatches compactos com etiqueta de preço e lista de equipamentos</b> - Murilo Góes/UOL
<b>Chery Face encara hatches compactos com etiqueta de preço e lista de equipamentos</b> Imagem: Murilo Góes/UOL

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em Itu (SP)

09/08/2010 19h38

Atualizado em 12/8 às 12h30

Se você mora em um dos grandes centros do país, já deve ter visto ou ouvido falar do Chery Face antes mesmo de começar a ler este texto. O hatch compacto chinês pode ser visto desde meados de maio nos cerca de 30 concessionários da marca, além de ter participado de diversos eventos promocionais nos últimos meses. A venda, no entanto, só começa agora em agosto, por R$ 31.900 mais o frete. Até poderia ser mais barato, mas o importador aposta que com este valor e a lista de equipamentos bastante completa, o menor dos Chery disponíveis no Brasil deve ser o mais vendido, incomodando os figurões do segmento.

MANUTENÇÃO

A Chery prevê plano de revisão com preço fixo e promete estender, ainda este ano, sua rede de lojas plenas (concessionárias que também fazem o serviço de manutenção) para todos as capitais.

Veja o preço divulgado das revisões programadas:
2.500 km: grátis
10 mil km: R$ 149
20 mil km: R$ 249
30 mil km: R$ 149

Embora o visual lembre monovolumes como Fiat Idea (tem linhas gerais bem similares), Chevrolet Meriva e Nissa Livina, a Chery escala o Face para brigar com os chamados hatches "altinhos", como Volkswagen Fox e Renault Sandero (o Chevrolet Agile não foi citado durante a apresentação, na última sexta-feira, 6), que trazem mais espaço e equipamentos. O objetivo dos chineses, de toda forma, não é convencer pelo porte, e sim pelo menor preço na etiqueta com maior oferta de itens de série. E neste ponto o Face se sai bem, embora tenha de ser comparado a hatches compactos de entrada, como Ford Ka, Fiat Uno e Chevrolet Celta.

Cobrando R$ 32 mil em um segmento onde os rivais elencados costumam pedir perto de R$ 40 mil, o Face traz volante com assistência hidráulica, ar-condicionado, comandos elétricos para retrovisores e todos os vidros, travamento elétrico de portas com alarme, rádio/CD com entrada MP3 (o plugue, no entanto, é no padrão mini e dificulta a conexão de pendrives e principais tocadores), farol de dupla parábola com regulagem de altura do facho, luzes de neblina, bagageiro no teto, rodas de liga leve aro 14 e carroceria pintada integralmente. No quesito segurança, há airbag para condutor e carona, além de freios a disco nas rodas dianteiras com sistema ABS (antitravamento) e EBD (distribuição eletrônica de frenagem). A lista inteira está presente em todo e qualquer Face vendido.

O carro que pesa pouco mais de 1 tonelada é movido pelo motor Acteco, de fabricação austríaca, de 1,3 litro a gasolina, que gera 84 cavalos de potência máxima a 5.750 rpm, torque de 12,4 kgfm entre 3.500 e 4.500 giros e é comandado por câmbio manual de cinco velocidades.

RISCO URUGUAI
E como neste momento você deve estar se perguntando como o Face custa menos que os rivais e oferece mais, é bom saber que o modelo ainda segue a lógica de mercado -- algo mais ou menos equivalente à tese popular do "cobertor curto". Assim, se a lista de equipamentos é bem recheada, sobra para o acabamento, ainda distante do que podemos classificar de bom. Mas nem por isso, vale ressaltar, muito distante do que é encontrado em alguns modelos de entrada fabricados por aqui.

DETALHES DO CHERY FACE

  • Murilo Góes/UOL

    Cabine é completa, do tapete no assoalho ao airbag frontal duplo. Assim, todo Face tem ar-condicionado, direção hidráulica e comandos elétricos para vidros, retrovisores e portas.

  • Murilo Góes/UOL

    Motor fabricado na Áustria rende 84 cavalos e mantém o compacto da Chery no mesmo nível de alguns rivais do segmento de entrada.

  • Murilo Góes/UOL

    O grande problerma, porém, está nas falhas de acabamento, algumas por falta de cuidado, outras por diferenças de projeto e mentalidade.

Durante a apresentação, bastou observar o carro com mais atenção para encontrar falhas: as mais comuns são problemas de encaixe das borrachas de vedação, plásticos tortos e parafusos aparentes, além de tecidos dos bancos com problemas de costura. Também há o caso da mangueira do lavador de para-brisas, que fica exposta no lado interno do capô. Ou o uso dos pneus Champiro, mesmo com a fábrica fazendo questão de dizer que só usa componentes fabricados por grandes multinacionais (ainda que tudo venha com o selo "made in China").

Ainda assim, o Face mostra um surpreendente padrão de acabamento para o segmento: o plástico de painéis é rígido, mas não tão áspero ao toque, enquanto a cabine se torna um ambiente mais amigável e arejado com o tecido em dois tons (cinza e bege) recobrindo a face interna das portas e os bancos. Há descanso para o pé esquerdo do motorista, regulagem de altura do volante e comandos elétricos para todos os vidros, instalados nas portas e não em posições estranhas do habitáculo.

No geral, o Face que começa a ser vendido chega a ser mais bem-acabado que os modelos mais caros da Chery -- o médio Cielo, hatch e sedã, e o SUV Tiggo. A explicação está na origem: as primeiras unidades do Face a desembarcar por aqui, assim como os dois modelos que chegaram antes, vinham do Uruguai, onde a Chery tem uma fábrica em regime de CKD (montagem do carro a partir de peças que chegam de contêiner) e onde falar em melhor qualidade de acabamento é tão abstrato quanto filosofar sobre o sentido da vida. A partir de agora, todos os carros chegam de navio através do porto de Vitória (ES) vindos da China, onde as unidades para o consumo no Brasil são fabricadas com maior cuidado.

Os executivos não falam oficialmente sobre isso, apenas dizem que "a operação via Uruguai não estava dando certo". Informalmente, porém, admitem que "dizer aos chineses para melhorar a qualidade é algo possível e rápido, mas era impossível mudar a mentalidade dos uruguaios", entre outras coisas (saiba mais no Blog da Redação).

  • Murilo Góes/UOL

    Face tem 3,70 metros de ponta a ponta; espaço é menor que o de rivais, mas vida a bordo pode ser mais agradável com itens de conforto e segurança presentes no chinês

IMPRESSÕES AO DIRIGIR
Após um test-drive de pouco mais de 15 quilômetros em percurso que misturava trecho rodoviário em pista simples, estacionamentos, entrada de um condomínio de luxo e alguns metros de terra, ficou a certeza: o Chery Face é um carro feito para o uso urbano, no dia-a-dia.

Apesar das falhas de acabamento, seus equipamentos têm potencial para transformar a rotina de ir ao trabalho, aos estudos e ao mercado em uma atividade mais agradável. O câmbio funciona bem, embora tenha uma escalonamento estranho, com a segunda marcha muito longa e as demais bem mais curtas. De toda forma, isso vai garantir retomadas mais tranquilas no anda-para das grandes cidades. 

Assim como será mais fácil estacionar com o auxílio do sensor de estacionamento que além do tradicional bipe mostra a distância para os obstáculos através de gráficos e da distância em metros e centímetros numa tela feita para ser observada através do retrovisor interno. Ou acionar o freio de mão por meio do dispositivo em forma de "rampa" que substitui a alavanca tradicional.

Se você for pegar a estrada, fique esperto! Como ocorre com outros populares, o motor do Face é pouco vigoroso e vai andar sempre no limite, sem que isso signifique andar mais rápido. Além disso, o espaço interno é reduzido: só cabem quatro pessoas mesmo, e não cinco como quer o fabricante. Quanto à carga, polêmica à vista: visualmente, o porta-malas tem menos de 200 litros de capacidade; no entanto, a ficha técnica divulgada aponta 460 l, enquanto assessores da marca cravam 324 litros com os bancos em uso, chegando a 620 l para o rebatimento, "de acordo com a norma ISO3832".

A representante da Chery fala em consumo médio de 13 km/l, o que levaria a uma autonomia superior a 580 quilômetros (o tanque de combustível é de 45 litros), mas foi impossível fazer a medição. O Chery ainda conta com medidor de consumo instantâneo no painel, que registra o gasto imediato no padrão litros/100 quilômetros e te ajuda a pisar menos para andar mais.

Viagem a convite da Chery do Brasil