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Nissan Tiida é boa opção, mas segue atrás entre os hatches médios

Nissan Tiida traz visual peculiar, interior espaçoso e bom motor flex, mas vendas ainda patinam - Divulgação
Nissan Tiida traz visual peculiar, interior espaçoso e bom motor flex, mas vendas ainda patinam Imagem: Divulgação

Claudio de Souza

Do UOL, em São Paulo (SP)

21/04/2010 14h00

A Nissan provavelmente não sabe mais o que fazer para acelerar as acanhadas vendas do hatch médio Tiida. O carro já virou flex ainda no ano passado e para a linha 2010 trouxe um discretíssimo facelift. A exemplo do Sentra, outro slow seller da marca japonesa, o modelo recebeu um tapinha de leve no visual da grade dianteira e do logotipo da marca que vai sobre ela. Na versão top, a SL, as rodas de 16 polegadas ganharam novo desenho. E só.

Por dentro, cresceu o recheio do hatch. Os principais itens destacados pela Nissan são a chave presencial I-Key na versão SL e o ajuste de altura do banco do motorista na versão de entrada, a S. Ambas trazem novos desenhos, cores e iluminação dos instrumentos, que realmente ficaram mais fáceis de enxergar. Na versão S, o modelo ganhou ainda renovados tecidos dos bancos e dos revestimentos das portas. A unidade que a Nissan emprestou a UOL Carros para teste, uma SL, era forrada de couro, item de série.
 

ÁLBUM DE FOTOS
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TIIDA EM DETALHES

A versão SL do Tiida 2010 pode ser adquiridas com câmbio manual de seis marchas ou automático de quatro. A opção automática com o acabamento S deixou de ser oferecida. Ficaram assim os preços da gama do hatch:

Tiida S M/T: R$ 50.590
Tiida SL M/T: R$ 55.590
Tiida SL A/T: R$ 59.590

O Tiida é fabricado na Nissan de Aguascalientes, no México, mesmo berço do Sentra. Segundo a marca, é vendido em 175 países ao redor do globo e já emplacou 1,5 milhão de unidades desde 2004, ano de seu lançamento no Japão. São números de sucesso, mas por aqui a história é bem diferente.

Até o final de março o Tiida era apenas o 10º hatch médio mais vendido no Brasil, entre 16 listados pela Fenabrave (a federação dos distribuidores de veículos). Foram 1.451 emplacamentos, o que corresponde a uma fatia de 3,09% do segmento. Como comparação, a mesma quantidade de carros que o Tiida vendeu em três meses foi emplacada em média a cada 15 dias, separadamente, pelo pódio dos dois-volumes médios -- Hyundai i30, Fiat Punto e Chevrolet Astra.

FICHA TÉCNICA E EQUIPAMENTOS DO TIIDA

Levando em conta esse números, nossa convivência com o Tiida 2010, experimentado na configuração SL com câmbio manual, mais uma vez deixou a impressão de que esse é um carro injustiçado pelo mercado. A fórmula de unir carroceria dois-volumes de tamanho médio (são 4,3 metros, 10 cm maior que um Volkswagen Golf) com bom espaço interno e funcionalidades interessantes para a família -- como o banco traseiro deslizante, que aumenta o porta-malas de 289 litros para 463 litros (apenas na versão SL) -- dá bom resultado e é incomum no segmento.

É verdade que o Tiida não é -- a depender do ângulo pelo qual se olha -- exatamente bonito, e a mudança na grade não fez diferença alguma nisso. Além de ainda carregar um excesso de músculos, o modelo manteve a cara de bichinho oriental de brinquedo, e a traseira segue lembrando demais o Peugeot 307. Por dentro, no entanto, o Tiida tem acabamento honesto e boa ergonomia.

IMPRESSÕES
Nas ruas e estradas, o motor 1.8 flexível que o Tiida compartilha com a minivan Livina (e que é feito no México) mostrou disposição na maior parte do tempo. As retomadas passaram bastante segurança, mesmo quando feitas em quinta marcha. O torque de 17,5 kgfm a 4.800 giros é o mesmo para etanol e gasolina, e a potência fica em 126/125 cavalos a 5.200 rpm. O "melhor momento" do Tiida chega aos 5.000 giros, quando se cruzam as curvas de torque e potência; o pior talvez seja a hora de sair com ele da garagem ou num farol, devido à embreagem alta demais e à relativa lassidão da segunda marcha.

No entanto, o trem de força com gerenciamento manual obtém desempenho muito mais incisivo que o automático: a velocidade final com etanol, segundo a Nissan, é de 195 km/h contra 178 km/h.

No que tem de melhor e de pior, o Tiida é sempre muito silencioso e macio. A suspensão dianteira é mais eficiente que a traseira -- mas no geral as irregularidades do terreno são bem neutralizadas, ao mesmo tempo em que há firmeza suficiente para garantir a estabilidade mesmo em curvas mais acentuadas. Os pneus de medida 195/55 calçam, no Tiida SL, rodas de 16 polegadas. É o único traço de esportividade do modelo. Os freios são a disco na dianteira e a tambor na traseira, uma solução usual em carros de menor valor e que no Tiida está na versão top. Em compensação, são dotados de ABS (antitravamento), distribuição eletrônica de frenagem (EBD) e assistência à frenagem (BAS), sempre na versão SL.

A Nissan prevê um consumo de etanol de 7 km/l e 9,6 km/l nos Tiida com transmissão manual, em cidade e estrada, respectivamente. Rodando quase sempre em ambiente urbano (e sem economizar o pé direito, admitimos), nosso resultado foi bem inferior: média de 5 km/l.

O Tiida continua sendo uma interessante opção entre os hatches médios, mas também continua à espera de que finalmente o descubram como tal. A própria Nissan do Brasil parece hoje muito mais preocupada em "bombar" o Livina e preparar terreno para a chegada do compacto March/Micra. Mas, olhando os nove hatches médios que estão à frente do Tiida no ranking de vendas da Fenabrave, diríamos que ao menos seis são menos bons que o carro da Nissan. Vai ver, nem a fabricante acredita nisso.