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Novo CrossFox suaviza perfil off-road, mas mantém boa dirigibilidade

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

28/11/2009 17h27

Um mês após mostrar a reestilização do Fox, a Volkswagen apresentou na última sexta-feira (27) a renovação para o CrossFox. A atualização segue os mesmos passos do modelo "civil", com a retilínea frente europeia, mudança no padrão de luzes da lanterna traseira e interior mais refinado. No membro aventureiro da família, porém, as alterações acabaram por podar quase que totalmente o ar embrutecido, apelidado de "off-road leve", até então existente.

  • Eugênio Augusto Brito/UOL

    Adeus, quebra-mato: frente "europeia" suavizou perfil aventureiro do novo CrossFox

A própria Volks assume esta mudança de perfil ao afirmar que o novo CrossFox está alinhado ao modo de vida mais "urbano e sofisticado". Como no caso do Fox, não houve qualquer mudança estrutural. Esqueça, porém, o quebra-mato que compunha o visual do primeiro modelo, lançado em 2005. Perseguido mundo afora, pelo bem-estar de pedestres (sua presença amplia a gravidade de lesões em caso de atropelamentos), foi reduzido no último face-lift e desaparece totalmente agora.

No lugar, surge o para-choque na cor da carroceria com a seção inferior dominada pela grade do tipo colmeia na cor preta, como no Fox, porém com visual mais raivoso. Nas extremidades, duas enormes peças fazem o serviço de farol de neblina e luzes de longo alcance. A grade superior, diferente do Fox, tem uma única barra horizontal que serve de suporte ao logo da marca. A fábrica, acredite, diz que o novo estilo -- mais para esportivo do que para "lameiro" -- teve um tubarão como inspiração.

Estribos, skid-plates e faixas laterais foram suavizados (a raposinha, símbolo do CrossFox, deu lugar a uma cordilheira estilizada e agora só é encontrada em tamanho menor na traseira e no interior do veículo), enquanto o rack de teto passa a ser longitudinal, melhorando a aparência e a aerodinâmica do hatch.

A traseira guarda a alteração do suporte do estepe, que abandona a coluna C e agora parte de um mecanismo prateado integrado ao para-choque. Segundo a Volks, o sistema levou cinco meses para ser desenvolvido e está mais seguro e fácil de ser reparado.
 

Por dentro, a principal diferença em relação ao novo Fox está no revestimento dos bancos, que mantém as amarrações laterais, mas agora se vale de relevos (tendência chamada embossed) -- mesmo artifício utilizado no mais novo rival, o Chevrolet Agile. Para UOL Carros, fica a dúvida se este tipo de tecido resiste à passagem do tempo sem ficar desfigurado.

Se o antigo CrossFox era vendido quase como um carro diferente (embora suas vendas sempre tenham sido computadas para a linha Fox), o novo CrossFox assume de vez o ar de versão, quase o de uma mera esportivação, algo para se diferenciar na cidade de todo os outros donos de Fox (ou de outros hatches compactos).

(MUITOS) PREÇOS
Mais uma vez, a Volkswagen complicou a vida do comprador ao compor sua tabela a partir de uma infinidade de pacotes e opcionais.

O preço inicial do CrossFox é R$ 45.550. Mas se o futuro dono quiser itens praticamente fundamentais -- caso de ar-condicionado, trio elétrico (vidros, travamento central e retrovisores), alarme keyless e volante com ajustes de altura e profundidade -- terá de levar também computador de bordo e retrovisores com setas integradas e sistema "tilt down" (mostra o meio-fio na marcha à ré) pagando R$ 49.390.

Quer a nova cor laranja Atacama das fotos do álbum? Basta pagar R$ 1.701, mesmo valor da tradicional amarelo Ímola. Segundo a Volks, menos de 10% dos compradores do CrossFox optam por estas tonalidades, mas mesmo levando uma cor comum é necessário pagar a pintura: R4 945 pela metálica e R$ 1.410 pela perolizada.

O pacote de segurança, com airbags duplos e sistema ABS para freios dianteiros, custa R$ 2.850. Quer trocar as rodas de 15 polegadas em aço por similares de liga leve? Vai ter de levar também pneus de uso misto (Pirelli Scorpion ATR) por R$ 435. O teto solar elétrico sai por R$ 2.032, enquanto revestimento parcial em couro para bancos, painéis das portas, volante e manoplas de freio e câmbio custa R$ 3.448.

O auxílio de estacionamento traseiro vale R$ 684, enquanto o pacote com sensores crepuscular e de chuva, espelho eletrocrômico e acendimento automático de luzes para acompanhamento sai por R$ 985. O belo volante do Passat CC, com comandos multifuncionais, que pode equipar o Fox também está disponível por R$ 286. Por enquanto, só não dá pra ter o CrossFox com o câmbio automatizado i-Motion.

De toda forma, um CrossFox completo pode chegar à marca dos R$ 57 mil, valor equivalente ao de belos modelos médios (hatches ou sedãs) ou mesmo a compactos de imagem, como o smart fortwo, que vão agregar status e sofisticação reais ao motorista.

  • Eugênio Augusto Brito/UOL

    Traseira alinhada à do Fox "civil", traz suporte do estepe fixada na estrutura do para-choque

IMPRESSÕES AO DIRIGIR
Após a apresentação de características e preços, UOL Carros participou do test-drive do novo CrossFox, realizado no Polo Ecoturístico Caminhos do Mar, que liga São Bernardo do Campo (SP) ao litoral paulista pela Velha Estrada de Santos. Bela paisagem, curto trajeto: cerca de 15 quilômetros divididos em trechos que apresentavam condições encontradas em viagens rodoviárias, descida de serra e trilha de terra batida.

Sem mudanças mecânicas, o CrossFox se mostrou novamente mais equilibrado que o Fox. A chave para o bom desempenho, como no modelo antigo, está na suspensão. Mais elevada e ligeiramente mais endurecida, dá melhor sustentação e ajuda a proporcionar uma posição mais elevada de dirigir, mantendo a carroceria a pelo menos 16 cm do solo (com carga; ou a 19 cm, quando vazio).

O motor de 1,6 litro segue rendendo 101/104 cv dependendo do combustível colocado no tanque, gasolina ou etanol, e gerando bons 15,4/15,6 kgfm de torque, logo aos 2.500 giros. Com isso, o pequeno hatch mantém seu comportamento ágil em saídas e retomadas, qualidade facilitada pelo excelente acerto do câmbio MQ200 de cinco marchas.

E se, visualmente, o novo CrossFox quer renegar a origem trilheira (de leve, sempre ressaltando), na prática nada mudou. O modelo encarou com facilidade o pequeno trecho de terra percorrido, sem incomodar os ocupantes com trepidações excessivas.

Ruídos indesejáveis, no entanto, existem. Um deles, por sinal, é o barulho de líquido em movimento que, de tão alto e constante durante o teste, chegou a nos distrair. A resposta está na deficiência de isolamento acústico da carroceria e, provavelmente, de componentes como o tanque de combustível.

Outra característica ruim e inalterada é a baixa visibilidade proporcionada pela grossa coluna A, à frente, e pelo arco superior do estepe, atrás. Estes "obstáculos" seguem complicando a vida do motorista em mudanças de faixa, manobras e balizas. E mostram que mesmo estando mais sofisticado, o CrossFox (assim como o Fox) ainda tem um bom caminho a percorrer na trilha da evolução.