Tesla pode se destruir se focar apenas na direção autônoma

Tesla deveria parar de falar sobre funções autônomas e cravar quanto seus carros são gostosos de acelerar
Nos últimos tempos, boa parte do interminável burburinho em torno da Tesla tem se centrado em assuntos não relacionados ao que a empresa de fato vende. O plano da Tesla de cortar 9% da força de trabalho têm tido destaque, assim como a vida amorosa do fundador Elon Musk.
Há também muito a discutir no que diz respeito à saúde financeira da Tesla. Segundo dados compilados pela "Bloomberg" no mês passado, a empresa queima mais de US$ 7.430 por minuto e o fluxo de caixa livre -- a quantia em dinheiro que uma empresa gera após contabilizar os gastos de capital -- ficou negativo por seis trimestres consecutivos. Esse valor negativo chegou a um inchado total de US$ 1 bilhão quando a Tesla divulgou os resultados, em 2 de maio.
Por isso, eu queria escrever uma coluna sobre um campo no qual a empresa continua acertando: carros. A Tesla pode não ter pretendido que seu sedã fosse um carro que te faria querer disputar corridas de arrancadas em cada semáforo, mas é exatamente isso que ele é. Na semana passada, testei a tecnologia mais recente do Model S P100D para verificar como anda a marca, e o carro me deu a tal sensação de poder e adrenalina. E em um sedã!
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Digo isso na posição de alguém que dirigiu um Porsche 911 T na véspera. Alguns dias antes, eu estava atrás do volante de um Ford Mustang GT de 460 cavalos e, antes disso, conduzi um Aston Martin DB11. Com um tempo de aceleração de 0 a 100 km/h em 2,5 segundos prometido no site (e de 2,28 segundos reportado por testes subsequentes), o Tesla Model S P100D destrói qualquer coisa que se atreva a se posicionar na linha de partida ao lado dele.
A justaposição de todos esses carros levantou um problema que continuei remoendo enquanto dirigia por Nova York. A estratégia de vendas da Tesla -- e sua atual estrutura de preços -- é voltada a todos, não só aos que amam dirigir: às pessoas que vão de carro para o trabalho, aos nerds da tecnologia, àqueles que dirigem pela primeira vez um Tesla, aos californianos ricos que gostam de se exibir -- a todos os que são o oposto dos fãs do câmbio manual e das pistas.
Mesmo assim, o Model S P100D oferece uma experiência de direção autêntica e poderosa que certamente injetará adrenalina nas veias até do motorista mais exigente.
Mas ao adicionar camadas de facilidades autônomas aos seus produtos, a Tesla ameaça entorpecer e, futuramente, eliminar a emoção de dirigir -- exatamente aquilo que sempre considerei a surpresa que mais dá prazer nesse carro. Será que o conforto de ter a tecnologia cuidando das coisas para você vale o preço de desistir da diversão de uma experiência real?
Será que a Tesla futuramente tornará o carro totalmente autônomo? É provável. Mas quando isso acontecer, a empresa terá perdido algo. Os carros, mesmo com as frustrações do trânsito lento e dos espaços limitados para estacionar, representam uma das últimas formas tangíveis de encarnar -- e de sentir -- poder e liberdade. O Tesla Model S P100D é um dos melhores carros subestimados que existem para os motoristas de verdade. Eu votaria em manter as coisas assim.
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