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FCA e PSA oficializam fusão que cria quarto maior grupo automotivo do mundo

31.out.2019 - Logos da Peugeot e da Fiat em foto ilustrativa - Regis Duvignau/Reuters
31.out.2019 - Logos da Peugeot e da Fiat em foto ilustrativa Imagem: Regis Duvignau/Reuters

Em Paris*

18/12/2019 06h58

Resumo da notícia

  • Acordo já havia sido anunciado em outubro, mas dependia de aprovação das partes
  • Cada empresa terá 50% das ações
  • Sede administrativa é na Holanda e Carlos Tavares será o CEO

O grupo francês PSA, dono da Peugeot, e a ítalo-americana Fiat-Chrysler (FCA) anunciaram hoje um "acordo de aproximação vinculante" com vistas a uma fusão para criar um novo gigante mundial em um setor de automóveis em plena mutação.

Um comunicado conjunto afirma que os dois grupos procederão uma união entre iguais de suas atividades para "criar a quarta maior montadora de automóveis do mundo".

O trio que lidera o mercado mundial em número de vendas é integrado atualmente pela alemã Volkswagen, a aliança franco-japonesa Renault-Nissan e a japonesa Toyota, nesta ordem.

O novo grupo, com mais de 400 mil funcionários, terá um volume de negócios consolidado de quase 170 bilhões de euros (190 bilhões de dólares) e vendas anuais de 8,7 milhões de veículos, sob as marcas Fiat, Alfa Romeo, Chrysler, Citroën, Dodge, DS, Jeep, Lancia, Maserati, Opel, Peugeot e Vauxhall.

No Brasil, o grupo combinado deve ultrapassar General Motors e Volkswagen em vendas de veículos. No acumulado de janeiro a novembro, FCA e PSA registraram 494.371 emplacamentos ante 430.393 da GM e 373.405 do grupo Volkswagen, segundo dados da Fenabrave.

No país, maior mercado da Fiat fora da Itália, a FCA possui duas fábricas de veículos - Betim (MG) e Goiana (PE) - com capacidade total para cerca de 1 milhão de carros por ano, além de duas fábricas de motores capazes de produzir 1,4 milhão de propulsores a cada ano. Já a PSA tem um polo automotivo em Porto Real (RJ), incluindo fábricas de veículos e motores.

A aproximação resultará em "liderança, recursos e escala para estar na vanguarda de uma nova era de mobilidade sustentável", afirmam PSA e Fiat Chrysler no comunicado.

Também deve gerar "sinergias em um ano avaliadas em quase 3,7 bilhões de euros, sem o fechamento de fábricas relacionado com a negociação", destacam as empresas.

O processo de fusão deve ser concluído no prazo de 12 a 15 meses.

A sede da matriz do novo grupo ficará na Holanda, mas a empresa terá cotações em Paris, Milão e Nova York.

John Elkann, atual presidente da FCA e herdeiro da família Agnelli, presidirá o novo conselho de administração e Carlos Tavares, CEO do grupo PSA, será o diretor geral do novo grupo

Dividendos a acionistas

"Nossa fusão representa uma oportunidade formidável para adquirir uma posição mais forte na indústria automobilística, quando estamos em uma transição para uma mobilidade limpa, segura e duradoura. Queremos oferecer a nossos clientes produtos, tecnologias e serviços do melhor nível", declarou Tavares em uma conferência telefônica com a imprensa.

"É a união de duas empresas de marcas emblemáticas e trabalhadores muito comprometidos. As duas empresas passaram por momentos difíceis e se tornaram grandes grupos ágeis e inteligentes", comentou Mike Manley, presidente executivo da FCA.

As economias geradas pelas sinergias permitirão paralelamente "investir consideravelmente nas tecnologias e serviços que vão modelar a mobilidade do futuro, respondendo ao desafio das regulamentações sobre as emissões de CO2", destacaram os dois grupos.

Antes da fusão, a Chrysler Fiat Automobil distribuirá a seus acionistas um dividendo excepcional de 5,5 bilhões de euros, enquanto a PSA distribuirá aos seus acionistas os 46% que possui no capital da empresa de equipamentos Faurecia, afirma o comunicado.

As duas montadoras anunciaram em 31 de outubro um acordo sobre o princípio de uma fusão, na qual os acionistas dos dois grupos dividirão o capital 50/50, após várias operações financeiras, para formar um novo gigante mundial do setor, sem o fechamento de fábricas.

O Estado francês, que expressou oposição a uma fusão da Renault com a Fiat sem o acordo da Nissan, se declarou favorável a esta aliança, que deve permitir os investimentos necessários para a implementação do carro elétrico e do veículo autônomo, que são calculados em bilhões de euros.

"O acordo entre PSA e FCA é uma ótima notícia para a França, para a Europa e para a nossa indústria automotiva. Representa uma importante etapa na criação de um líder europeu para responder aos desafios da mobilidade sustentável", afirmou o ministro francês da Economia, Bruno Le Maire - o governo detém pouco mais de 10% das ações da PSA.