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Justiça japonesa prorroga prisão de Ghosn pelo menos até o fim do ano

Nova ordem de prisão expedida por corte fala em "abuso de confiança" - Toshifumi Kitamura/AFP
Nova ordem de prisão expedida por corte fala em "abuso de confiança"
Imagem: Toshifumi Kitamura/AFP

24/12/2018 10h45

Brasileiro está detido desde 19 de novembro; detenção ainda pode ser estendida por mais 10 dias

O ex-presidente da Nissan Carlos Ghosn passará o Natal e o fim de ano na prisão, depois que a justiça japonesa decidiu prolongar sua detenção até 1º de janeiro.

A decisão judicial é o episódio mais recente de uma saga que desperta reações intensas no Japão e no mundo dos negócios desde que o poderoso presidente da Renault e ex-presidente da aliança Renault-Nissan foi detido em 19 de novembro em Tóquio ao desembarcar de seu jato privado. "Hoje foi tomada a decisão de manter (Ghosn) na prisão. O período de detenção terminará em 1º de janeiro", anunciou a Corte de Distrito de Tóquio em um comunicado.

A decisão não significa que Ghosn será liberado no primeiro dia de janeiro, já que a Promotoria pode solicitar nesta data a prorrogação da detenção por mais 10 dias, se considerar que a investigação exige a medida. O ex-presidente da Nissan também está preso por uma primeira acusação, o que significa que não pode deixar o centro penitenciário até o fim desta detenção e após a aceitação por um tribunal de um pedido de liberação de fiança. A prorrogação é um novo problema judicial para Ghosn, depois que na sexta-feira os promotores emitiram uma nova ordem de detenção contra o executivo por "abuso de confiança".

A Promotoria considera Carlos Ghosn suspeito de ter "fracassado em sua função de presidente e de ter provocado um prejuízo a Nissan". De modo concreto, os promotores o censuram por ter feito com que a Nissan cobrisse "perdas em investimentos pessoais" durante a crise financeira de outubro de 2008, algo que ele nega, segundo o canal público NHK. O valor em questão chega a 1,85 bilhão de ienes (aproximadamente R$ 65 bilhões). Para resolver o problema financeiro, Ghosn teria conseguido que um amigo da Arábia Saudita atuasse como avalista e realizado transferências por um valor equivalente na conta deste último a partir de uma conta de uma filial da Nissan.

Este tipo de delito normalmente prescreve após sete anos, mas a lei permite suspender a contagem durante os períodos passados no exterior, numerosos no caso de Ghosn, que passava apenas um terço de seu tempo no Japão.

O empresário franco-brasileiro-libanês foi acusado em 10 de dezembro de ter omitido de suas declarações de renda às autoridades da Bolsa quase 5 bilhões de ienes (44 milhões de dólares) entre 2010 e 2015. Seu braço direito, Greg Kelly, também foi detido.

Os dois também são suspeitos de dissimulação de renda entre 2015 e 2018 por um valor de 4 bilhões de ienes (35 milhões de dólares). A longa detenção do empresário, que está em centro penitenciário da zona norte de Tóquio, provoca muitas críticas, sobretudo no exterior. No Japão é possível deter os suspeitos diversas vezes por diferentes acusações.

Ao mesmo tempo, a aliança Renault-Nissan está no meio da tempestade. As montadoras japonesas Nissan e Mitsubishi Motors destituíram Ghosn do cargo de presidente de seus conselhos de administração, enquanto o grupo francês Renault mantém o executivo no cargo e designou como diretor executivo "provisório seu número dois, Thierry Bolloré.