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Yamaha XT 660Z Ténéré e BMW G 650 GS provam qual aventureira é mais versátil

G 650 GS e XT 660Z Ténéré são equipadas como monocilíndricos de grande capacidade - Doni Castilho/Infomoto
G 650 GS e XT 660Z Ténéré são equipadas como monocilíndricos de grande capacidade Imagem: Doni Castilho/Infomoto

Arthur Caldeira

Da Infomoto

18/05/2012 14h33Atualizada em 21/05/2012 17h48

De um lado, um nome de respeito entre os fãs de off-road. Do outro, o apelo de uma motocicleta que carrega uma marca premium, porém a preço acessível. Ambas apostam no torque de motores monocilíndricos e na versatilidade ciclística para conquistar o consumidor. Esse é o duelo entre a Yamaha XT 660Z Ténéré e a BMW G 650 GS. Para apimentar mais a disputa, as duas têm preços bastante próximos: a lendária Ténéré 660 está cotada a R$ 31.110, enquanto a motocicleta alemã, que montada em Manaus (AM), sai por R$ 29.800.

Apesar da proposta semelhante, há mais diferenças entre elas do que os R$ 1.310. E são diferenças importantes, que o consumidor deve considerar. A começar pelo uso: será seu veículo de uso diário ou a moto vai ficar reservada para as viagens de fim de semana ou para aquela aventura até a Patagônia?

BMW É VERSÁTIL
A BMW G 650 GS ganhou novos ares com a reformulação visual do modelo 2012, ficou mais atraente. Mas por baixo manteve as características que fizeram dela um sucesso. Na motorização, o mesmo monocilíndrico com 652 cm³ de capacidade. Com comando duplo no cabeçote (DOHC), quatro válvulas e refrigeração líquida, o propulsor produz 50 cv de potência máxima a 6.500 rpm. O melhor é o torque de 6,1 kgfm já a 4.800 rpm.

Na parte ciclística, suspensões de longo curso: 170 mm na dianteira com ajuste na pré-carga e retorno; e 165 mm na balança monoamortecida traseira, também com ajuste na pré-carga da mola. Calçada com pneus de uso misto Metzeler Tourance, seu desempenho no fora de estrada é razoável. Só não é melhor em função da roda de liga leve de 19 polegadas na frente -- atrás, a roda tem 17 polegadas.

Somando essas características à boa posição de pilotagem -- ereta, típica das trails -- e à generosa espuma do banco, o resultado é uma moto bastante confortável e ainda assim versátil para encarar uma estrada de terra. Mas nada muito radical que arrisque amassar as rodas de liga-leve ou lama que vá grudar no pneu.

G 650 GS Sertão é a BMW mais off-road

  • Divulgação

    O fã da BMW que procura uma moto mais aventureira pode optar pela recém-lançada G 650 GS Sertão. Com preço sugerido de R$ 32.800, a Sertão tem conjunto de suspensões com curso mais longo. O garfo telescópico dianteiro tem 210 mm de curso e trabalha em conjunto com o braço oscilante traseiro de mesmo curso, com amortecedor a gás.

    Estas especificações somadas às rodas raiadas de 21 polegadas na frente (na Standard a roda dianteira tem 19 polegadas e é de liga leve) e 17 atrás credenciam a moto para enfrentar qualquer irregularidade do caminho de terra. (Da Infomoto)

Com um consumo que variou entre 19 e 21,5 km/litro, a G 650 GS ainda oferece boa autonomia (o tanque tem 14 litros de capacidade) e conforto para viagens. Em resumo, seria a opção ideal para o motociclista que quer uma trail para rodar no dia-a-dia e também para uma viagem (um pouco) aventureira.

Há ainda desenvoltura para rodar no trânsito urbano. Mesmo com guidão largo, a BMW G 650 GS passa com facilidade pelos carros engarrafados. O piloto conta com o auxílio do banco a apenas 78 cm do solo, permitindo que alguém de estatura mediana (1,70 m) apoie os pés no chão com facilidade.

YAMAHA, A ROBUSTA
A Yamaha XT 660Z Ténéré, mostrada no Salão Duas Rodas 2011, em outubro passado, ainda carrega ares de novidade. Em nossa viagem com pelo interior de São Paulo -- mesclando rodovias, estradas sinuosas e caminhos de terra -- não era raro encontrar alguém que perguntasse por detalhes do modelo.

Imponente com seu tanque de 23 litros e para-brisa pequeno, a Ténéré 660 transpira o espírito aventureiro, reforçado pelos protetores de mão e de motor em alumínio (ambos opcionais e montados na unidade testada). Dotada de roda de 21 polegadas na dianteira e suspensões com cursos bem longos -- garfo telescópico convencional com 210 mm de curso, na frente, e balança em alumínio monoamortecida com curso de 200 mm, ajustável em cinco posições, atrás -- a Ténéré parece pronta a encarar qualquer tipo de estrada. E está mesmo.

Rodamos cerca de 30 quilômetros por uma complicada trilha de terra entre as cidades de Araçariguama e Pirapora do Bom Jesus. Enquanto a Ténéré ignorava as pedras soltas e os buracos, o bom senso exigia que o piloto da G 650 GS agisse com cautela para não danificar o equipamento. Mas aqui vale ressaltar que a trail alemã não se intimidou: mesmo com roda 19 na dianteira e com pneus mais on do que off-road enfrentou bem os obstáculos. De toda forma, a Ténéré levou vantagem nessa situação.

A Ténéré 660 compartilha o mesmo motor da XT 660R. O monocilíndrico equipado com sistema de injeção eletrônica e arrefecimento líquido produz 48 cv de potência máxima a 6000 rpm e torque máximo de 5,95 kgfm a 5.500 rpm. Há uma alteração, porém: otimizado, o bloco garante mais torque em médias rotações, o que favorece ainda mais a tocada off-road. Outro detalhe faz toda a diferença: as pedaleiras mais largas da Yamaha Ténéré 600 são ideais para se pilotar de pé, facilitando acelerar na terra.

NA CIDADE
Enquanto nos trechos fora-de-estrada a Ténéré levava vantagem, no asfalto foi a vez de a BMW G 650 GS dar o troco. Principalmente nas curvas da sinuosa e bela estrada dos Romeiros, entre Pirapora do Bom Jesus e Itu. A roda de 19 polegadas na dianteira e o menor curso das suspensões permitem deitar nas curvas com mais segurança, enquanto o piloto da Ténéré fica para trás. Novamente, é bom ressaltar que isso não significa que a Yamaha seja ruim de curva, simplesmente não tem o mesmo desempenho dinâmico da BMW.

Outra situação em que a G 650 GS se sai melhor é no trânsito urbano. Mais baixa, leve (10 quilos a menos do que a Ténéré) e com um motor de comportamento mais suave, deixa o piloto mais seguro para trafegar entre os carros. Já a Ténéré é mais bruta, tem uma arrancada mais forte e pilotá-la na cidade exige mais do piloto. Além disso, a Ténéré é mais “beberrona”: fez entre 18 e 20 km/litro.

Outro ponto positivo fica por conta dos freios ABS, que podem ser desligados no off-road, itens de série na 650cc da BMW. Em frenagens de emergência funcionam muito bem. Já a Yamaha não oferece o sistema anti-travamento no Brasil, porém o freio de disco duplo na dianteira que equipa a 660Z é excelente e também para os 186 kg a seco com segurança.

USOS DISTINTOS
Embora os dois modelos comparados sejam versáteis, ou seja, vão bem em variadas situações, o que deve nortear a escolha final é realmente o uso que se dará a cada uma delas.

Se você procura uma moto para uso diário e também para viagens sem muita aventura, a BMW G 650 GS é uma boa opção. Mas se no seu caso o uso for principalmente para aventuras com uma boa dose de terra no caminho, a Yamaha XT 660Z Ténéré foi feita para você -- ou ainda a G 650 GS Sertão (leia o quadro nesta reportagem).

FICHAS TÉCNICAS

Yamaha XT 660Z Ténéré BMW G 650 GS
OHC, 660cm³, monocilíndrico, quatro tempos, quatro válvulas e refrigeração líquida.MotorDOHC, 652cm³, monocilíndrico, quatro válvulas por cilindro e refrigeração líquida.
48 cavalos a 6.000 rpm.Potência50 cavalos a 6.500 rpm.
5,95 kgfm a 5.500 rpm.Torque6,1 kgfm a 4.800 rpm.
Injeção eletrônica e partida elétrica.AlimentaçãoInjeção eletrônica e partida elétrica.
Embreagem multidisco, transmissão final por corrente, cinco marchas.CâmbioTransmissão final por corrente, cinco marchas.
Tipo diamante, em aço.QuadroTipo diamante.
Dianteira com garfo telescópico de 210 mm. Traseira por balança em alumínio monoamortecida com curso de 200 mm, ajustável em cinco posições.SuspensãoDianteira com 170 mm e ajuste na pré-carga e retorno. Traseira de 165 mm, balança monoamortecida e ajuste na pré-carga da mola.
Dianteiro com discos duplos, 298 mm. Traseiro com disco simples de 245 mm.FreiosDisco simples com ABS, 300 mm à frente, 240 mm atrás.
Dianteiro: 90/90R 21M/C 54S.
Traseiro: 130/80R17M/C 65S.
PneusDianteiro: 100/90-19.
Traseiro: 130/80-17.
Comprimento: 2.246 mm.
Largura: 865 mm.
Altura: 1.477 mm.
Altura do assento: 896 mm.
Entre-eixos: 1.500 mm.
Distância mínima do solo: 260 mm
DimensõesComprimento: 2.185 mm.
Largura: 905 mm.
Altura: 1.160 mm.
Altura do assento: 780 mm.
Entre-eixos: não disponível
Distância do solo: não disponível.
186 kg.Peso a seco175 kg.
23 litros.Tanque14 litros.