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Kasinski Comet GT 650 usa conjunto honesto para ser a opção mais acessível do segmento

Vendida por R$ 20.990, essa Kasinski é a opção mais barata entre as nakeds de 600cc - Doni Castilho/Infomoto
Vendida por R$ 20.990, essa Kasinski é a opção mais barata entre as nakeds de 600cc Imagem: Doni Castilho/Infomoto

André Jordão

Da Infomoto

21/03/2012 12h00

O mercado brasileiro de motos nunca ofereceu tantas opções para o consumidor. Isso se explica pelo fato de o Brasil figurar atualmente entre os cinco maiores produtores mundiais de motocicletas, com uma frota de mais de 17 milhões de motocicletas -- média de uma para cada 11,5 habitantes -- e cadeia produtiva empregando diretamente cerca de 140 mil pessoas na indústria de todo o país.

Com esse boom vieram as opções. E com estas opções, que vão de motocicletas da BMW e MV Agusta, até Honda, Yamaha, Dafra e Kasinski, apareceu a Comet GT650. Apresentada no fim do ano passado, durante o Salão Duas Rodas 2011, essa naked de 650 cm³ é a moto mais acessível (R$ 20.990) do segmento de nakeds de 600cc e aparece como mais uma opção para o motociclista que deseja dar um upgrade à sua rotina.

Para isso, a Kasinski optou por manter o motor de dois cilindros em V, que equipa sua irmã carenada, a Comet GT650R. Além de diferenciá-la, fazem dessa naked uma alternativa as motos de quatro e dois cilindros em linha. Já no conjunto nenhuma surpresa. Suspensões eficientes, desempenho condizente com sua proposta e um design agressivo, tudo para conseguir um espaço neste concorrido nicho das nakeds de média cilindrada.

ÚNICA COM V2
Para reduzir gastos e aproveitar os componentes que já têm em casa, a Kasinski preferiu equipar a Comet GT650 com o mesmo motor de dois cilindros em V que já movem a esportiva Comet GT650R e a custom Mirage 650. O problema é que os engenheiros da marca tiveram que alterar a faixa útil do propulsor, deixando esta naked manca em rotações mais baixas.

Como o motor é o mesmo e a tocada precisava ser diferente, a potência máxima (89,6 cv) só aparece aos 9.250 rpm e o torque máximo (6,9 kgfm) nos 7.250 rpm. Isso complica um pouco a vida do motociclista urbano -- público alvo desta moto --, que precisa trocar de marcha o tempo todo.

Por outro lado, quando chega às rodovias o motor apresenta uma dinâmica interessante. O condutor consegue trabalhar em todas as faixas do propulsor e, se não fosse o vento, viajaria aos 150 km/h sem se cansar. Por conta dessa característica, o consumo da GT650 variou bem entre o trânsito urbano e o trânsito viário. Alimentada por injeção eletrônica, essa naked chegou a fazer 16,9 km/l na estrada e baixou para 14,5 km/l na cidade.

CICLÍSTICA ACERTADA
Se a motorização desta Kasinski deixou um pouco a desejar na cidade, na ciclística acertou em cheio. Todo o conjunto funciona alinhado com a proposta urbana desta moto. Os potentes discos duplos dianteiros (pinças duplas com quatro pistões) aliados ao disco simples traseiro deixam o piloto tranquilo nas frenagens. A Kasinski não divulga diâmetro dos discos, nem o curso das suspensões.

Aliás, as suspensões trabalham com maestria. Na dianteira, o garfo invertido tem ajuste. E na traseira a balança monochoque também é ajustável. Mesmo com o asfalto bem irregular, a GT650 mostrou estar preparada para a rotina diária de qualquer trabalhador. Ponto negativo é o esterço desta naked. O ângulo não privilegia a troca rápida de direção e dificulta manobras em pequenos espaços. 

Outro item que também contribui para a tocada e garante aderência, principalmente nas curvas, são os pneus. Os Metzeler Sportec M3 montados nas rodas de 17 polegadas contribuem para essa naked deitar nas curvas e transpor os buracos da cidade. Não é uma esportiva, mas contorna um trajeto sinuoso sem fazer feio.

FICHA TÉCNICA

Kasinski Comet GT 650
Motor: DOHC, 647 cm³, quatro tempos, oito válvulas, dois cilindros em V, arrefecido a água
Alimentação: Injeção eletrônica
Potência máxima: 89,6 cv a 9.250 rpm
Torque máximo: 6,9 kgfm a 7.250 rpm
Lubrificação: Bomba de óleo
Câmbio: Seis velocidades
Transmissão final: Corrente
Partida: Elétrica
Embreagem: Multidiscos banhados em óleo
Freios: dianteiro hidráulico a disco duplo; traseiro hidráulico a disco
Pneus: dianteiro 120/70 - R17; traseiro traseiro 160/60 – R17
Suspensão: dianteira telescópica invertida (upside-down), com ajuste de amortecimento; traseira por balança monochoque ajustável
Dimensões: (CxLxA) 2.095 mm, 785 mm e 1.125 mm
Distância entre eixos: 1.445 mm
Distância livre do solo: 185 mm
Altura do assento: 835 mm
Peso a seco: 193 kg
Cores: Preto e vermelho

VISUAL AGRESSIVO E ERGONOMIA
Outra característica que diferencia a Comet GT650 é seu visual agressivo. Equipada com um conjunto óptico trapezoidal, o modelo vem com decoração bicolor no banco da garupa. Detalhe que também foge dos padrões do segmento. O banco bi-partido remete às motos racing e realmente dá um ar mais esportivo a essa Kasinski. Entretanto, o conforto fica comprometido. O encaixe das pernas é um ponto positivo, mas a garupa sofre com esse tipo de assento. 

Um ponto que poderia ser revisto é o acabamento. Muitos cabos aparentes e soldas grosseiras no quadro tubular atrapalham um pouco o visual dessa naked. Mas nada comprometedor. Na maioria dos lugares que estacionei, a Comet GT650 atraiu a curiosidade de outros motociclistas. Poucos a conhecem e rapidamente nota-se o desejo dos consumidores que, em sua maioria, tem uma moto de baixa cilindrada (125cc até 250cc) e vêem nessa Kasinski uma alternativa para o mundo das motocicletas mais potentes.

Por fim, o painel é completo, mescla informações analógicas e digitais e ainda conta com três níveis de iluminação, o que facilita a visualização tanto durante o dia como mais para a noite. A Kasinski GT650 é comercializada nas cores preta e vermelha pelo prelo sugerido de R$ 20.990.

Depois de avaliá-la, ainda ficou uma dúvida: o preço mais acessível cobrado pela Kasinski faz da Comet 650GT uma opção interessante? Acredito que sim. Primeiro pelo fato do mercado brasileiro oferecer hoje opções para todos os motociclistas e deixar que eles escolham o melhor -- o que por si só já é um ponto positivo. Segundo, pela Kasinski apostar e lançar uma moto mais barata que suas concorrentes e que permite à maioria dos motociclistas ingressarem em um segmento que talvez, sem a GT650, eles não conseguissem. Conjunto honesto e preço justo, esses são os trunfos dessa naked.