Kawasaki Ninja 650R e Yamaha XJ6F têm no motor sua grande diferença
Ciclística espartana, design atual e carenagem integral para dar um toque de esportividade e garantir conforto aos motociclistas que querem pegar a estrada. Completando a receita, um motor com a capacidade cúbica da vez no mercado brasileiro: 600 cm³. Assim podem ser resumidas a Yamaha XJ6F, apresentada ao Brasil no início de 2010, e a Kawasaki Ninja 650R, recém-lançada por aqui. Mas, por baixo da carenagem integral, as duas motocicletas escondem sua principal diferença: a arquitetura do motor.
Enquanto a Yamaha aposta em um motor de quatro cilindros em linha, a Kawasaki equipou sua Ninja 650R com um bicilíndrico paralelo. E não apenas o ronco -- agudo na XJ6F e mais grave na Ninja --, mas também o comportamento as diferenciam. Os números de desempenho (fornecidos pelas fábricas), porém, as aproximam.
O propulsor da Kawasaki Ninja 650R tem dois cilindros, comando duplo no cabeçote, refrigeração líquida e 649 cm³ de capacidade. Oferece 72,1 cavalos de potência máxima a 8.500 rpm e 6,7 kgfm de torque máximo a 7.000 rpm.
O motor quatro-cilindros da Yamaha XJ6F também conta com duplo comando no cabeçote (DOHC), 16 válvulas e arrefecimento líquido, mas produz mais potência -- 77,5 cavalos -- em giros mais altos -- 10.000 rpm --, como é característico dos motores com esta construção. E o torque máximo, 6,1 kgfm, a 8.500 giros, é menor que o da Ninja e em uma rotação mais alta.
Apesar dos valores nominais bastante próximos, a potência e o torque dos motores demonstram a personalidade diferente dos propulsores. Enquanto a Ninja privilegia o torque e a potência em baixos regimes, a XJ6F traz bastante emoção em altos giros. O que não quer dizer que o bicilíndrico da Kawasaki não “gire” bastante -- o limite de giros está nas 11.000 rpm. Significa apenas que o propulsor fica mais à vontade entre 2.000 e 9.000 rpm. Dessa forma, permite trocas menos constantes no câmbio de seis marchas, privilegiando uma tocada mais urbana.
Por outro lado, o motor da XJ6F também demonstra fôlego para se pilotar na cidade. A diferença é que ele pede mais rotações -- menos que as motos superesportivas, porém mais que a Ninja 650R. Na prática, isso significa uma tocada um pouco mais esportiva, com o motor trabalhando acima de 6.000 rotações.
ESTILO
Ambas têm projetos novos e seguem a tendência atual: motos fáceis de pilotar, utilizáveis no dia-a-dia e com vigor para encarar viagens. No desenho, seguem linhas diferentes, porém contemporâneas. A Yamaha XJ6F tem um conjunto óptico único, traços angulosos e porte de moto maior, completada por uma traseira minimalista. A Kawasaki trouxe para esta recente versão da 650R as linhas da família Ninja, com dois faróis na dianteira e a traseira também reduzida ao essencial. A escolha no quesito beleza fica para o gosto de cada um.
A Yamaha peca em oferecer somente a cor preta. A Ninja 650R está disponível na cor preta e no tradicional verde.
As carenagens, além de conferirem um ar esportivo, garantem proteção aerodinâmica ao piloto. Neste ponto, ambas cumprem bem o objetivo: desviam o vento, oferecendo conforto no uso rodoviário. Já no uso urbano, as carenagens integrais não atrapalham a pilotagem. O único senão fica por conta das saídas de ar da Kawasaki Ninja 650R, que desviam o ar quente proveniente do motor diretamente para as pernas do piloto, incomodando em dias mais quentes.
Os painéis de instrumentos de ambas, embutidos na carenagem, também são completos: estão lá conta-giros, velocímetros e luzes de advertência, além de relógio e hodômetro. A Ninja conta ainda com uma única tela de cristal líquido totalmente digital, bastante atraente, enquanto a Yamaha usa conta-giros de leitura analógica, o que facilita a visualização.
CICLÍSTICA
Na parte ciclística as duas contam com um chassi tubular em aço. São peças de construção simples, porém proporcionam a estabilidade esperada para o desempenho das duas motocicletas. Não são rígidos como em motos superesportivas, com especificações mais top de linha, mas estão de acordo com a proposta da Ninja 650R e da XJ6F (modelos fáceis de pilotar).
Essa facilidade também vem da boa distribuição de peso em ambas. Elas se utilizam da mesma solução para baixar o centro de gravidade: um escapamento localizado no centro da moto, escondido sob o motor.
As suspensões são convencionais e espartanas em ambas: na dianteira, garfo telescópico sem ajustes e balança traseira monoamortecida. A diferença fica por conta do ponto de fixação: a Yamaha tem sistema monocross com amortecedor fixado no centro da balança, enquanto a Kawasaki optou por uma solução menos comum com o amortecedor fixado lateralmente. Detalhe que não influencia no funcionamento do conjunto.
O acerto das suspensões nos dois modelos privilegia o conforto em detrimento da esportividade. Absorvem as imperfeições do piso e garantem curvas divertidas. Mas não espere que elas se comportem como superesportivas.
Os freios também foram dimensionados de acordo com a proposta de uso e o desempenho dos dois modelos. A Yamaha XJ6F tem disco duplo de 298 mm com pinça de dois pistões, na dianteira; na traseira, disco único de 245 mm com pistão simples. A Ninja tem configuração semelhante, mas a forma e os diâmetros dos discos diferem: 300 mm na frente e 220 mm atrás, no formato margarida. Na prática, o funcionamento é comum: não assustam e param as motos com eficiência. De toda forma, vantagem para a Kawasaki, que oferece a opção do sistema com ABS.
CONCLUSÃO
Com propostas parecidas e especificações também, tanto Yamaha XJ6F quanto Kawasaki Ninja 650R são boas opções de compra no segmento de motos 600 cm³ com carenagem. Cumprem o que prometem, oferecem desempenho satisfatório e são versáteis, podendo ser usadas tanto no dia-a-dia como em viagens.
A diferença crucial está mesmo na motorização. Muitos motociclistas encantam-se com os quatro cilindros em linha como o da XJ6F, enquanto outros não têm essa idéia fixa e terão uma boa surpresa com o desempenho do bicilíndrico da Ninja 650R. A escolha é difícil até mesmo em função do preço. Atualmente, a Yamaha ainda está comercializando a XJ6F modelo 2010 em uma única versão (sem ABS) por R$ 30.000 -- vale dizer que para 2011 não haverá mudanças significativas. Já na tabela da Kawasaki, a Ninja 650R 2011 sai por R$ 27.770 sem ABS, e R$ 29.990 com o sistema antitravamento -- porém, o preço não traz o frete, que varia de acordo com a região.
As muitos quilômetros e diversas situações com os dois modelos, pode-se dizer que o tipo de uso é o fator determinante. Se for comprar uma motocicleta para rodar mais na estrada, opte pela Yamaha XJ6F e seu motor de quatro em linha; mas se o uso for muito mais urbano, fique com a Kawasaki Ninja 650R e seu bicilídrico paralelo. (por Arthur Caldeira)
FICHA TÉCNICA
Kawasaki Ninja 650R (ABS) | Yamaha XJ6F | |
Dois cilindros paralelos, 649 cm³, quatro válvulas por cilindro, DOHC e refrigeração líquida. | Motor | Quatro cilindros em linha, 600 cm³, DOHC, 16 válvulas, quatro tempos, refrigeração líquida. |
72,1 cv a 8.500 rpm. | Potência máxima | 77,5 cv a 10.000 rpm. |
6,7 kgfm a 7.000 rpm. | Torque Máximo | 6,1 kgfm a 8,500 rpm. |
83,0 x 60,0 mm. | Diâmetro e curso | 65,5 x 44,5 mm. |
11,3:1. | Taxa de compressão | 12,2:1. |
Injeção eletrônica; partida elétrica. | Alimentação | Injeção eletrônica; partida elétrica. |
Seis marchas, com transmissão final por corrente. | Câmbio | Seis marchas, com transmissão final por corrente. |
Tipo diamante em tubos de aço. | Quadro | Tipo diamante em tubos de aço. |
Dianteira por garfo telescópico convencional com 41 mm de diâmetro e 120 mm de curso; traseira por balança monoamortecida regulável na précarga com 125 mm de curso. | Suspensão | Dianteira por garfo telescópico convencional, com 130 mm de curso; traseira por balança monoamortecida com 130 mm de curso. |
Disco duplo de 300 mm de diâmetro em forma de pétala com pinça de dois pistões na dianteira; disco simples de 220 mm de diâmetro com pinça de um pistão na traseira. | Freios | Disco duplo de 298 mm de diâmetro com pinça de dois pistões na dianteira; disco de 245 mm de diâmetro com pinça simples na traseira. |
120/70-ZR17 (dianteira)/ 160/60-ZR17 (traseira). | Pneus e rodas | 120/70 ZR17 (dianteira)/ 160/60 ZR17 (traseira). |
2.100 mm (C) x 760 mm (L)x 1.200 mm (A); 1.410 mm (entre-eixos); 145 mm (altura do solo); 790 mm (altura do assento). | Dimensões | 2.120 mm (C) x 770 mm (L) x 1.185 mm (A); 1.440 mm (entre-eixos); 140 mm (distância do solo); 785 mm (altura do assento). |
208 kg. | Peso | 215 kg. |
15,5 litros. | Tanque | 17,3 litros. |
* Infomoto usou capacetes LS2, jaquetas e luvas Dainese
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