Paula Gama

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Por que bandidos evitam roubar e furtar picapes Ford Ranger e Chevrolet S10

Entre janeiro de 2023 e março de 2024, o estado de São Paulo registrou 7.060 roubos ou furtos de picapes.

Nesse cenário, a Fiat Strada lidera as estatísticas com 1.570 ocorrências, seguida pela Volkswagen Saveiro e pela Toyota Hilux, com 1.223 e 1.036 sinistros, respectivamente.

O que chama atenção é que a Chevrolet S10 e a Ford Ranger, rivais diretas da Hilux, estão envolvidas em 465 e 268 roubos ou furtos, respectivamente, destacando-se pela relativamente "baixa" procura dos criminosos. Mas por que essas duas últimas picapes são menos visadas? A resposta passa pela tecnologia.

A primeira explicação, evidentemente, é a diferença no número de vendas. Enquanto a Hilux teve 15 mil unidades emplacadas em 2024, as concorrentes não passaram de 7.800 cada. Outra coisa em comum é que S10 e Ranger são picapes conectadas, ou seja, tecnologias avançadas de comunicação e rastreamento que permitem monitoramento em tempo real. Trata-se do OnStar e do FordPass. De acordo com a Chevrolet, o índice de recuperação de veículos em caso de roubo é de 95%, o que leva à redução do valor do seguro automotivo.

Rodrigo Boutti, diretor de operações da Sat Company, explica:

"S10 e Ranger são picapes conectadas, ou seja, possuem rastreamento que pode ser feito rapidamente por meio de um aplicativo. Isso assusta os ladrões, pois a chance de recuperação do veículo é muito alta".

Boutti destaca que, ao perceberem a tecla do OnStar ou de sistemas similares, os criminosos tendem a evitar essas picapes, preferindo modelos mais antigos ou de outras marcas sem rastreamento nativo.

Em 2022, passei por uma situação que deixou bem clara a atuação do sistema. Estava em uma picape Ford Maverick, equipada com a tecnologia, quando quatro homens anunciaram um assalto. Alguns minutos depois de entregar o carro, lembrei do equipamento e passei a localização do veículo para a polícia. Apenas nove minutos depois, o carro foi encontrado e, junto com ele, outros três veículos roubados. Ou seja, a operação deu um "prejuízo" aos bandidos, que só não foram presos porque não estavam mais no local.

Mudança de comportamento

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Imagem: Divulgação
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De acordo com Boutti, o roubo, quando é empregada violência ou ameaça, e o furto de picapes está em alta por alguns motivos - um deles é a alta procura por peças. Por outro lado, elas também são versáteis para a prática de outros crimes, como contrabando de drogas e produtos roubados.

"No caso da Toyota Hilux, as ações criminosas são comuns, especialmente no interior de São Paulo, pois a falta de fiscalização em vias rurais facilita a ação dos bandidos. Eles costumam desmanchar essas Hilux em canaviais, usando vias de acesso com baixa fiscalização. Além disso, muitas dessas picapes são utilizadas em atividades ilícitas, como transporte de drogas e contrabandos nas fronteiras com o Paraguai e a Bolívia, onde os veículos são emplacados e utilizados como carros normais", afirma Boutti.

A estratégia das montadoras em incluir tecnologias de rastreamento e a conscientização dos proprietários, que cada vez mais optam por instalar rastreadores adicionais, têm mudado o cenário.

"Hoje, proprietários de Hilux estão colocando rastreadores. Quando o equipamento fica popular em uma cidade, os bandidos percebem e migram para outra. É por isso que o seguro é mais barato para veículos rastreáveis", explica o especialista.

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