Paula Gama

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Acidente com Porsche: até cinto é inútil em batidas graves na traseira

No último fim de semana, um trágico acidente ocorreu em São Paulo envolvendo um Porsche 911 Carrera GTS e um Renault Sandero. O que chama atenção é que, apesar de a colisão ter sido traseira - que normalmente causa menos estragos do que as batidas dianteiras e laterais - os dois veículos foram totalmente destruídos e o motorista do carro atingido morreu pouco tempo depois.

A principal razão para a tragédia, de acordo com o perito em análises de sinistros Rodrigo Kleinubing, é a velocidade. Segundo análise realizada a pedido da coluna, o Porsche estava a mais de 130 km/h quando atingiu o Sandero. Em casos como esse, os equipamentos de segurança do veículo se tornam praticamente irrelevantes, explica o especialista.

A traseira do Sandero foi completamente destruída
A traseira do Sandero foi completamente destruída Imagem: Reprodução/TV Globo

"A colisão traseira, a princípio, teria gravidade menor se fosse em velocidade baixa, ou na velocidade da via. Mas em alta velocidade, o sistema de direção passiva do veículo, que é o que vai proteger quem está no carro atingido - como airbags, cinto de segurança e barras laterais - não atua. Nesse tipo de colisão traseira, existe um efeito chicote na coluna vertebral, que não é reduzido pelo cinto de segurança por que ele não é feito para esse tipo de acidente", esclarece.

O perito explica que todos esses equipamentos foram criados pensando nas colisões mais perigosas e comuns, que são as frontais e laterais - também conhecidas como colisões em T. Elas são mais passíveis de acontecer em alta velocidade devido a situações críticas do trânsito, como ultrapassagens e cruzamentos. Nesses casos, os ocupantes são protegidos até mesmo pela carroceria, que é projetada para dispersar o máximo possível de energia antes que chegue ao interior do veículo, onde estão os ocupantes.

Já as colisões traseiras acontecem quando o motorista que vem atrás não consegue frear a tempo. Em velocidades tão altas, como no caso do Porsche, são raras até mesmo em estradas, já que, via de regra, quem vem atrás tem total visibilidade do carro da frente. É exatamente por isso que os sistemas de segurança automotiva estão menos preparados.

"132 km/h é um nível de velocidade, fisicamente falando, altíssimo, em termos de energia, força e distância de parada. É inadmissível em via urbana um veículo trafegar em uma velocidade dessas", opina o especialista.

Vítima não teve como se defender

Kleinubing explica que, nesse caso, a velocidade do Porsche é fundamental para a apuração da responsabilidade do condutor, pois ela torna o acidente inevitável para todos os envolvidos.

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"A alta velocidade aumenta muito a gravidade do acidente, a distância de reação e de parada são muito maiores. Tornando o acidente inevitável, não permite reação nenhuma da vítima, que recebe uma carga por trás, e nem do condutor, que vai ter um tempo de reação muito reduzido". Para se ter uma ideia, de acordo com o software utilizado na análise da cena, o Porsche percorreu 3,66 m em apenas 0,1 segundo.

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