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A temporada 2021 dos brasileiros na motovelocidade mundial

Eric Granado, piloto brasileiro de motovelocidade - Divulgação
Eric Granado, piloto brasileiro de motovelocidade Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

03/11/2021 10h12

Se não errei nas contas, foram seis os brasileiros a tentarem a sorte em campeonatos internacionais da motovelocidade neste quase terminado ano de 2021. Aos nomes: Eric Granado, Meikon e Ton Kawakami, Diogo Moreira, Humberto Maier (o "Turquinho") e Eduardo Burr.

Eric Granado, 25 anos, é, atualmente, o mais proeminente entre todos, tanto pela experiência quanto pelos campeonatos que tomou parte. Encerrou sua temporada 2021 domingo passado, conseguindo o 5º lugar na classificação final no Campeonato Espanhol de Superbikes. Além disso, foi 4º colocado no Mundial da MotoE, o das motos elétricas.

Ser "top five" em torneios fortes, de alto nível, é sempre bom. Mas tenho certeza que Eric não ficou contente com sua temporada. Aliás, nem ele nem eu, e nem ninguém que segue sua carreira de pertinho.

A expectativa para este ano era bem maior. Na MotoE, categoria na qual ele é, reconhecidamente, o mais rápido entre todos os pilotos, o único resultado satisfatório era ter sido campeão. Um tombo fora de hora na etapa final (existe algum tombo que não seja fora de hora?), desmanchou a chance de Eric ser campeão mundial. Acontece, mas... é frustrante.

Já no Espanhol de Superbikes, a integração com uma equipe nova e a adaptação à inédita montaria, a Honda CBR 1000RR-R Fireblade, resultaram mais complexas que o previsto. Eric não venceu nenhuma das 12 corridas disputadas, tendo sido "apenas" 2º colocado em quatro delas. Pouco para quem tem por objetivo - e capacidade, a meu ver - competir no WSBK, o mundial de superbikes.

Ton e Meikon Kawakami, que disputaram o mundial da WSS300 em 2021, também não tem motivos para festejar. A temporada deles foi abaixo das previsões. Frequentemente estiveram no grupo dos ponteiros, mas pisaram pouco no pódio, apenas uma vez cada um. Meikon ao final foi 8º no campeonato e Ton 13º, posições inferiores ao potencial e expectativas. Há anos competindo no exterior, os irmãos Kawakami ainda não conseguiram assumir protagonismo, brigar por vitórias e disputar por títulos, o que é complexo tendo em vista já terem 18 (Meikon) e 20 anos (Ton).

Diogo Moreira, piloto brasileiro de motovelocidade - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Situação oposta é a de Diogo Moreira, 16 anos, que colheu bons frutos em sua temporada de estreia na fortíssima Red Bull Rookies Cup. O torneio, de onde saíram boa parte dos atuais dominadores da MotoGP, é uma das melhores vitrines da motovelocidade, onde os team managers vão pescar futuros talentos para levar ao Mundial de Moto3. Moreira, brilhante 6º colocado (mesmo saltando quatro das 14 corridas por conta de ter contraído Covid-19) foi o melhor entre os pilotos estreantes. Caso continue na Red Bull Rookies Cup em 2022 será forte candidato a campeão, mas há quem ache que ele já devia ir logo para a Moto3 mundial. Será?

Outro jovem (16 anos) brasileiro em pistas internacionais nesta temporada foi Humberto Maier, o "Turquinho". Bicampeão da Copa Yamaha R3 no Brasil (2019 e 2020), este ano Turquinho fez sua primeira temporada internacional completa na European R3 Cup. E fez bonito, vencendo corrida na Holanda e sendo 2º colocado na França. Fechou em um excelente 7º posto na classificação final, o que é excelente para quem pisou pela primeira vez nas pistas europeias, caso também de outro brasileiro na European R3 Cup, Eduardo Burr, 15 anos, que foi 18º colocado.

E para 2022, o que esperar? Para alguns deles, caso de Eric Granado e dos irmãos Kawakami, a temporada do ano que vem será crucial. Granado já está confirmado na MotoE e no Espanhol de Superbikes, e seu único objetivo possível é o de ser, finalmente, campeão, conquistar ambos os títulos de preferência, e assim ter seu passaporte carimbado para o WSBK.

Já o futuro dos "Kawakami Brothers" é uma incógnita. Possivelmente Meikon continuará na WSS300 para uma terceira temporada, na qual se espera um salto qualitativo, a briga pelo título. Já para Ton uma quarta temporada na WSS300 talvez seja contraproducente. O melhor seria subir para a WSSP, pilotar as 600 com as quais foi campeão no Brasil anos atrás.

Para Moreira, Turquinho e Burr o caminho em 2022 tende a ser relativamente tranquilo. Tomara consigam dar continuidade à suas carreiras internacionais, pois ainda são muito jovens e mostraram bom potencial. Nenhum deles tropeçou e a chance de evolução é grande. Ao contrário de Granado e dos Kawakami, chegar à categoria máxima, a MotoGP, para estes três ainda não é um sonho desfeito. E é isso que eles - e nós - gostaríamos que acontecesse.