Governo tenta reduzir IPI de carros poluentes e vai na contramão do mundo
Enquanto o mundo tenta eletrificar a frota de carros para reduzir as emissões de CO2, o governo brasileiro estuda proposta que vai na contramão de tudo isso. Chamado de IPI Verde, os carros abastecidos a etanol, gasolina e diesel podem ser beneficiados com uma mudança de tributos.
Segundo a tabela que a nossa reportagem teve acesso, picapes a diesel pagariam até 10,1% do imposto. Percentual é menor do que o mínimo pago pelos carros híbridos movidos a gasolina - que partem de 11,5% e podem chegar até 17,5%.
Hoje, as caminhonetes pagam entre 14-19% de IPI, mas com a proposta essa alíquota ficaria entre 3,6% a 10,1% (valor máximo).
Enquanto que os veículos movidos a combustão encerram o ano de 2023 com alta de 11,33%, os híbridos fecharam o mesmo período com 82% de crescimento. Já os elétricos puros registraram aumento de 128% nas vendas de 2023 - uma parte de mercado ainda pequena, representando entre janeiro e dezembro exatos 19.310 veículos elétricos (BEV) vendidos no Brasil.
Tributação por potência
Além da alíquota por combustível, o governo ainda estuda implementar a cobrança do IPI por potência. Porém, um motor com 100 cv não tem a mesma eficiência energética de uma máquina elétrica com 100 cv.
Um exemplo é o Haval H6 GT PHEV, que tem uma emissão de CO2 de 21 mg/kg e um motor com 393 cv de potência. Já uma Ram 1500 com 400 cv (potência próxima do Haval H6) tem uma taxa de emissão de CO2 de 327 mg/kg.
Para os fabricantes de motores elétricos, a proposta é um erro, pode travar propulsores e limitar a tecnologia. Lembrando que o mundo BEV irá fazer parte de todas as marcas, e no Brasil certamente como parte menor do mercado. A corrente híbrida será muito maior.
Efeitos do IPI
Vale lembrar que na década de 1990 o governo federal chegou a reduzir o IPI para 0,1% com intuito de expandir o mercado. Na época, a redução surtiu efeito e a participação dos motores 1.0 subiu de 4,3% em 1990 para 39,7% em 1994.
Agora, com a mudança na alíquota - em razão do chamado IPI Verde - todo um setor é prejudicado e o consumidor pagará a conta, uma vez que terá de se agradar com automóveis de propulsão com menor tecnologia e certamente redução de potência.
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* Colaborou Rodrigo Barros
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