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Câmbio DCT em motos Honda faz 10 anos, mas ainda não pegou no Brasil

Câmbio de dupla embreagem está presente em dez modelos da marca no mundo todo, mas apenas dois são vendidos no mercado brasileiro - Divulgação
Câmbio de dupla embreagem está presente em dez modelos da marca no mundo todo, mas apenas dois são vendidos no mercado brasileiro Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

16/08/2020 04h00

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Resumo da notícia

  • A tecnologia, exclusiva da Honda, foi apresentada pela primeira vez na Europa em 2010
  • Já foram vendidas mais de 140.000 motos com câmbio DCT no velho continente
  • Câmbio de dupla embreagem vendeu apenas 1.474 unidades no Brasil

A Honda celebra uma década desde a introdução da tecnologia DCT (Dual Clutch Transmission), o câmbio de dupla embreagem, pela primeira vez na sua gama de modelos de duas rodas. O câmbio DCT usado nas motos é semelhante ao de alguns automóveis da fábrica japonesa.

Apresentada na Europa, em 2010, na futurística sport-touring VRF 1200F, até hoje, o DCT da Honda permanece uma tecnologia única no mundo das motos. É a aposta da marca para tornar o motociclismo mais acessível e, dizem, seguro.

Para os engenheiros japoneses, a tecnologia DCT permite ao motociclista concentrar-se mais no trajeto, nos pontos de frenagem, nas curvas e nas acelerações, sem se preocupar com as trocas de marcha. E os iniciantes não têm o receio de deixar a moto "morrer" nas subidas e saídas de semáforos.

Sem falar no conforto para rodar na cidade. Quem pilota scooters que o diga. Mas vale lembrar que o DCT nada tem a ver com o CVT desse tipo de moto.

VFR 1200X - Divulgação - Divulgação
A futurista VFR 1200F estreou o câmbio DCT em motos em 2010
Imagem: Divulgação

No total, já foram vendidas mais de 140.000 motos equipadas com DCT em toda a Europa; só em 2019, 45% das Africa Twin, 52% das NC 750X e 67% das Gold Wing vendidas no velho continente tinham o câmbio de dupla embreagem.

Por outro lado, no Brasil, a tecnologia equipa atualmente apenas dois modelos Honda vendidos aqui: Gold Wing GL 1800 Tour e o scooter X-ADV. O DCT também esteve presente na VFR 1200F e, pouco tempo depois, na Crosstourer VFR 1200X.

DCT 10 anos - Divulgação - Divulgação
Câmbio tem duas embreagens: uma delas faz as trocas nas marchas ímpares e a outra, nas pares
Imagem: Divulgação
Como consequência, as vendas das motos com DCT no Brasil não repetiram o sucesso europeu. Desde 2011, foram comercializadas apenas 1.474 unidades com essa tecnologia no mercado nacional.

A intenção da Honda era mudar esse cenário agora em 2020 com a introdução de versões com DCT nos modelos NC 750X e Africa Twin. Os planos, porém, devem ser adiados para 2021, dizem fontes ligadas à empresa, em função da pandemia.

Como funciona o DCT

O DCT é um câmbio com duas embreagens eletro-hidráulicas e engrenagem automatizada das mudanças. Cada uma das embreagens é ligada a um conjunto separado de marchas: uma engata a 1ª, 3ª e 5ª velocidades e a outra "toma conta" da 2ª, 4ª e 6ª velocidades.

Botões DCT - Divulgação - Divulgação
As trocas podem ser feitas de forma manual, por meio de botões "+" e "-" no punho esquerdo; ou de forma automática
Imagem: Divulgação

As mudanças das velocidades podem ser feitas em modo Manual pelo condutor, usando os botões de mudanças no punho esquerdo do guidão. Ou em modo Automático, de acordo com o monitoramento constante de determinados parâmetros, incluindo a velocidade do veículo, a rotação do motor e o ângulo de abertura do acelerador.

Em nenhum dos casos é necessário apertar um manete de embreagem ou acionar um pedal de câmbio. Durante o engate das marchas, quando uma das embreagens desengrena, a outra engrena a mudança pretendida em simultâneo, assegurando assim mudanças ultrarrápidas e ininterruptas, sem perdas de tração na roda traseira.

Mas a tecnologia DCT não tira a graça de andar de moto, perguntam alguns. Na prática, o câmbio automático é um conforto em longas viagens, ainda mais se estiver com garupa e a moto, carregada.

Talvez, não seja tão divertido em motos esportivas, para acelerar na pista, mas em modelos touring permite curtir a paisagem e focar na estrada, nas curvas. E, ao menos para mim, não prejudica em nada o prazer de andar de moto.