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"Mototerapia" é opção para quem quer desestressar e pode pagar por isso

Clãs geralmente são formados por fãs de uma mesma marca. Caso mais notório é sempre o da Harley-Davidson - Guto Maia/Folhapress
Clãs geralmente são formados por fãs de uma mesma marca. Caso mais notório é sempre o da Harley-Davidson Imagem: Guto Maia/Folhapress

Roberto Agresti

Colunista do UOL

05/06/2017 10h00

Sempre aos fins de semana, viagens reúnem amantes em motos que podem passar dos R$ 100 mil

A maior parte das motos vendidas no Brasil pertence à categoria das utilitárias, com motores de até 160 cc.

Esse tipo de máquina não encanta exatamente pelas formas ou desempenho, mas sim pela praticidade: leva do ponto A ao B com economia e simplicidade e é, frequentemente, ferramenta de trabalho nas mãos de profissionais como mototaxistas ou motofretistas.

Em outro patamar estão aquelas motocicletas cuja razão de existir é o fascínio, o objeto do desejo sobre duas rodas. Modelos de BMW, Harley-Davidson e Ducati, entre outras, fazem parte desse grupo: estão acima do conceito de moto enquanto simples meio de locomoção.

Lazer e satisfação pessoal são os pontos principais que estimulam as vendas de tais modelos, que muitas vezes custam acima de R$ 100 mil e funcionam como instrumentos de socialização e lazer, ampliando as possibilidades de relacionamento.

Confrarias em duas rodas

A agradável sensação de pertencer a um grupo, a uma confraria, é algo que cada vez mais ganha terreno. 

Profissionais bem-sucedidos -- é possível empenhar tanto dinheiro em um "brinquedão" desses sem ser bem-sucedido? -- viram motociclistas de final de semana e encontram no motociclismo a válvula de escape para o estresse do dia a dia.

Grupos se formam em torno de marcas e a participação neles independe de fatores profissionais -- em que pese a coincidência de quase todos terem o bolso "bem forrado": o importante é "fazer parte".

Pontos de encontro atraem essas turmas Brasil afora nos fins de semana, e a moto vira elo de socialização e diversão. Há os fãs das custom e seus cromados, os devoradores de grã-turismo e maxitrail, os admiradores do desempenho exagerado das superesportivas, a turma do fora-de-estrada...

Boa parte desses grupos é formada por gente que, na juventude, usou a motocicleta como meio de transporte. Agora, com a conta bancária mais gordinha, comemora a volta ao guidão sob outro espírito.

"Mototerapia" é um rótulo que cabe bem para boa parte desses motociclistas de final de semana, que elegeram o guidão como forma de espantar os problemas do cotidiano.