Esqueça a crise: lembre de quatro motos que marcaram época no Brasil
O mercado brasileiro de motocicletas já foi bem mais musculoso. Há apenas cinco anos, mais de 2 milhões de motos novas chegaram às ruas. Ano passado, mal passamos das 850 mil unidades vendidas.
Tal "buraco" nas vendas não significa que o brasileiro deixou de gostar ou de precisar de motos, mas sim que os bolsos jamais estiveram tão rasos como atualmente. Neste cenário de crise econômica -- que um dia há de passar -- vale a pena dar uma espairecida e lembrar alguns modelos que marcaram outras épocas e certamente serviram de isca para compradores, atraindo boa parcela da enorme legião de motociclistas que atualmente roda Brasil afora.
Sete e galo
Para começar, escolho um número: 750! O apelidinho que todos conhecem em dado momento designava o que havia de maior, mais veloz e atraente em termos de motocicleta. Simplesmente a máquina que todos queriam mas poucos podiam ter.
A mais relevante 750 aterrissaria no Brasil no início dos anos 1970: a lendária -- e tida como a mãe de todas as superbikes -- Honda CB 750 Four.
Seus 69 cv de potência máxima podem fazer rir atualmente -- em termos de status, as superesportivas de 1000 cc ocupam o mesmo patamar e esbanjam o dobro ou mais desta potência. Porém, a Honda CB 750 Four foi durante anos a referência máxima em termos tecnológicos, com receita de bolo muito bem sucedida para uma motocicleta de alta performance: quatro cilindros em linha, transversal.
Ténéré
Do número que arrebatou corações e mentes há quase meio século passo a um sonoro nome que ainda hoje é sinônimo de emoção e aventura em doses cavalares. Habilmente, a Yamaha se apropriou do nome de um deserto africano, onde suas pioneiras bigtrails de codinome XT venceram os primeiros rali-raids, para lançar uma motocicleta que fez o mundo sonhar, a XT 600 Ténéré.
O modelo surgiu na Europa em 1984, época onde os ralis africanos estavam no auge, para ser fabricado no Brasil quatro anos depois. Com seu tanque enorme, mecânica indestrutível e habilidade para encarar tanto o dia a dia, quanto aventuras "onde Judas perdeu as botas", a Ténéré pode ser considerada a mãe das motos aventureiras que tanto fazem sucesso em todo o planeta.
Do mesmo modo que a potência da Honda Four hoje faz rir, nos faz pensar como qualquer motociclista do final dos anos 1980 considerava que o motor monocilindro de 600 cc da Ténéré era plenamente suficiente para viajar até os confins do planeta...
Ninja
Do nome do deserto passo para um nome guerreiro. Tom Cruise fez sucesso em "Top Gun -- Ases Indomáveis", de 1986. O galã acelerava uma furiosa Kawasaki GPZ 900R Ninja enquanto no Brasil a maior motocicleta à venda era a Honda CBX 750F.
Então, as importações de veículos estavam proibidas no país e assim o sonho de ter uma Ninja foi adiado até 1990, quando o então presidente Fernando Collor fez um grande favor aos motociclistas ao derrubar o veto.
Na versão de 1990, codinome ZX-11, seus 140 cv de potência máxima a levavam à insana velocidade de mais de 280 km/h, um assombro que seduziu brasileiros que podiam pagar cerca de US$ 30 mil pela novidade -- equivalente a mais de R$ 160 mil nos dias atuais. Há anos acorrentados aos 200 km/h do qual a 750 nacional era capaz, moto que custava o equivalente a US$ 25 mil à época, a exclusiva Ninja pareceu uma pechincha.
Hornet
Deste sonho possível para poucos, a evolução do mercado de motocicletas na década de 1990 estimulou concorrência cada vez maior entre marcas. O terreno fértil para lançamento de novidades fez nascer em 2004 um modelo "made in Manaus", mas com alta dose de componentes importados: a inesquecível Honda CB 600F Hornet.
Apesar de ter deixado de ser produzida em 2014, ainda é um objeto do desejo de uma legião enorme de motociclistas. Não há dúvida de que a Hornet tinha uma receita especial que justificou seu sucesso. Potente (100 cv), ágil, fácil de pilotar, agressiva e... com uma sonoridade sedutora.
O urro do motor quatro cilindros em linha acelerado até a faixa vermelha do conta-giros foi com certeza sua melhor ferramenta de marketing. Até hoje a morte da Hornet é lamentada e sua sucessora, a CB 650F, não conseguiu tapar a lacuna como bem observou Arthur Caldeira, da Infomoto, em texto publicado aqui em UOL Carros.
Certamente outros modelos vendidos no Brasil mereceriam figurar nessa história. A não-citação é desculpa boa para, em breve, voltar ao tema e lembrar de modelos que fizeram os brasileiros se apaixonar por motocicletas. Tem algum palpite? Cite nos comentários!
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