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Fernando Calmon

Salão do Automóvel de São Paulo tem nova pegada e aposta em eletrificação

Operários trabalha em ajustes no estande da Chevrolet para o Salão do Automóvel - Marcelo Chello/CJPress/Folhapress
Operários trabalha em ajustes no estande da Chevrolet para o Salão do Automóvel
Imagem: Marcelo Chello/CJPress/Folhapress

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

06/11/2018 13h13

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Serão 10 modelos a bateria no SP Expo, inclusive com test-drive aberto ao público

Um passo em direção à eletromobilidade bem mais forte que o evento de dois anos atrás. Assim será o Salão do Automóvel de São Paulo, de 8 a 18 de novembro. Entre protótipos e modelos de série (inclusive em testes de direção) movidos a bateria haverá uma dezena, sem contar híbridos convencionais e plugáveis.

Em sua 30ª edição, será o maior até hoje realizado com 110.000 m², incluindo as pistas externas. Números superlativos: 29 fabricantes (seis marcas, sendo quatro de dois grupos automotivos, não participam este ano); mais de 540 veículos em exposição; 1.200 horas de atividades interativas e cerca de 100 eventos paralelos. O organizador Reed-Alcântara estima atrair mais de 1 milhão de fãs nas redes sociais.

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Dos sempre aguardados veículos-conceito, pelo menos dois vão atrair muita atenção: nova picape Volkswagen para concorrer com a Toro e o primeiro SUV da Fiat de porte médio-grande. Ambos estarão bem próximos das versões definitivas, mas à venda somente em médio prazo, até 18 meses após o Salão, ou seja, 2020.

Carros elétricos serão mais motivo de curiosidade do que realidade no mercado brasileiro, apesar do esforço de fabricantes e importadores em divulgar e estimular seu uso em um evento tão importante. A começar pelo preço de aquisição bastante elevado, infraestrutura por montar, custo das baterias de reposição e sua reciclagem final, valor de revenda e autonomia baixa para dimensões continentais do País. Inexiste ainda a possibilidade de subsídio pela difícil situação das contas públicas nacionais.

Na Europa, por exemplo, alguns governos pagam até 10.000 euros (R$ 43.000) para quem adquirir um elétrico a bateria.

Na semana passada, em São Paulo, a "18ª Conferência Internacional Datagro" dedicou um painel, moderado por este colunista, às novas tendências em tecnologia automotiva. João Medeiros, da FCA, frisou que a rota tecnológica mais próxima da realidade brasileira deveria incluir uso de etanol em veículos híbridos e plugáveis associado a motores de combustão interna de alta eficiência.

Em termos de emissões reais de CO2 (ciclo de vida), principal gás de efeito estufa responsável por mudanças climáticas, um híbrido flex consumindo o nosso combustível vegetal alcançaria no final da próxima década, com os avanços previstos no programa "Rota 2030", algo como 14 g/km.

Na Europa, considerando a participação média da energia elétrica gerada por fontes fósseis, essa referência seria de 82 g/km. Se os europeus conseguissem limpar 100%, também em 2030, de sua geração de eletricidade (improvável, nesse prazo) chegariam a 10 g/km.

Besaliel Botelho, da Bosch, mostrou estudo da companhia apontando 2030 como a data mais provável em que o preço de um automóvel elétrico fique bem próximo ao de um convencional a gasolina. Ainda assim, haveria uma dependência de lítio e cobalto para produção de baterias. Para se ter ideia, um telefone celular utiliza 2 a 3 gramas de lítio, enquanto um automóvel médio exige nada menos de 40 kg.

Enquanto isso não se resolve, quem for ao Salão poderá testar um carro elétrico para admirar silêncio a bordo e torque exuberante logo ao arrancar. Divirtam-se.

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Alta Roda

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Imagem: Alta Roda
+ Primeiro automóvel nacional com chip 4G na central multimídia, permitindo tráfego de dados e acesso à internet, será Chevrolet. O sistema admitirá pagamentos online e no futuro interação com a infraestrutura. A empresa, ao anunciar a novidade no Salão do Automóvel de São Paulo, não revelou ainda o modelo. Tudo indica que será o novo Onix, dentro de um ano.

+ Honda HR-V 2019 quer defender liderança entre SUVs compactos, Honda fez retoques típicos de meia geração. Novos faróis, para-choque, grade, lanternas traseiras de LEDs, rodas de 17 polegadas e suspensão recalibrada. Melhorou o isolamento acústico; fez ajustes no câmbio CVT. Motor manteve 140 cv (1 cv a mais com gasolina do que com etanol, estranho). R$ 92.500 a 108.500.

+ Citröen C4 Cactus, no uso diário, demonstra desempenho bem acima da média do seu segmento graças ao motor turbo de 1,6 litro. Na realidade, até "sobra", mas sem afetar tanto o consumo. Atmosfera interna agrada, em especial pelo espaço para cabeça de todos os ocupantes e para pernas no banco traseiro. Plásticos internos poderiam melhorar. Porta-malas, apenas 320 litros.

+ Quem pensa que o motor de combustão interna já deu o que tinha que dar, está enganado. Na Europa, unidades a gasolina já conseguem consumo praticamente igual a diesel (estrada, 25 km/l) por meio de recursos como turbos de geometria variável, desligamento de 50% dos cilindros e até do motor para aproveitar o "embalo" sob algumas condições de uso.

+ Ciclos de euforia e depressão continuam com sinais trocados entre Brasil e Argentina. Aqui, o mercado vai muito bem, enquanto o argentino entrou em forte recessão este ano. Lá, o clima de pessimismo resvalou para o cancelamento do Salão do Automóvel de Buenos Aires, em julho de 2019. Isso ainda pode se reverter. Até o governo federal tenta ajudar.