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Fernando Calmon

Último entrave do "Rota 2030": quem paga conta para criar novos carros?

Pesquisa e desenvolvimento de novos carros é parte fundamental para indústria forte - Omar Freitas/Agência RBS/Folhapress
Pesquisa e desenvolvimento de novos carros é parte fundamental para indústria forte
Imagem: Omar Freitas/Agência RBS/Folhapress

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

25/04/2018 10h23

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Governo fala em reduzir incentivos, indústria rebate: desembolso com P&D pode fugir do Brasil

Falta pouco, depois de muitas incertezas, para início do programa "Rota 2030". Trata-se de um conjunto de regulamentações técnicas -- segurança, economia de combustível e emissões -- em três períodos de cinco anos, que indicará caminhos para produzir e/ou importar veículos no mercado brasileiro.

É possível, depois de quatro adiamentos, que seja anunciado no próximo mês de maio. Na realidade, depois de mais 100 reuniões entre governo federal e representantes do setor em 2017, há consenso em todos os temas técnicos. A discussão continua sobre custo dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D).

O governo federal alega que a situação fiscal do país dificulta qualquer incentivo no momento, embora a indústria alegue que desembolsos futuros sobre P&D podem ser redirecionados do Brasil para outros países.

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R$ 1,5 bilhão de incentivo para R$ 5 bilhões em investimentos?

Durante o 9º Fórum da Indústria Automobilística, na semana passada em São Paulo, organizado pela "Automotive Business", as peculiaridades do "Rota 2030", sucessor do "Inovar-Auto" (2013-2017), tomou boa parte das apresentações e debates. O novo programa exigirá investimentos de US$ 5 bilhões especificamente em P&D.

"A contrapartida é que 30% ou US$ 1,5 bilhão possa ser compensado, a posteriori, com crédito de impostos diretos como IPI ou de importação", lembrou Antônio Megale, presidente da Anfavea. O governo quer compensação no Imposto de Renda, mas as empresas alegam que precisam ter lucro e isso não acontecerá tão cedo depois de uma crise de vendas atroz nos últimos quatro anos.

Mais provável é uma conta de chegar para destravar o impasse, possivelmente um nível de incentivo menor que o proposto.

Ineficiência será castigada

Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças, afirmou que "'Rota 2030' não é panaceia, mas alinhamento com os avanços atuais no exterior e possibilidade de planejar em longo prazo". Já o consultor Octavio de Barros, da Quantum4, parafraseou o dramaturgo Nélson Rodrigues, mas adaptou à situação econômica: "Toda ineficiência será castigada". Para ele não há mais tempo a perder.

Nessa segunda-feira, o tema continuou quente no Seminário Autodata Mercosul Automotivo. Pablo di Si, presidente da VW América do Sul e Caribe, enfatizou a necessidade de não ficar para trás. "Precisamos decidir se vamos apenas dobrar chapas metálicas ou avançar em direção à modernidade", disparou.

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Roda viva

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Imagem: Alta Roda

+ Estudo dos mais confiáveis, executado pelo Sindipeças, sobre a frota brasileira de veículos (automóveis, comerciais leves e pesados) apontou crescimento de apenas 1,2% em 2017 sobre 2016. São 43,4 milhões de unidades que se somam a 13,2 milhões de motos, totalizando 57 milhões. Essa é frota efetiva e não 80 milhões, do Denatran, que não controla sucateamento.

+ Honda City 2018 recebeu pequenas alterações de estilo e acabamento, mas na essência não mudou muito. Atmosfera a bordo ficou melhor. Mecanicamente tudo igual, inclusive câmbio automático que, como em todo CVT, fica só um pouco menos “estranho” na posição S. Faróis de LED estão na versão superior, mas pelo preço deveria oferecer controle de estabilidade (ESC).

+ Caixa de registro de dados está incluída nos Tesla elétricos semiautônomos, mas são acessíveis apenas com colaboração do fabricante do carro. Autoridades de segurança de trânsito dos EUA não gostaram dessa “blindagem", no curso de inquérito sobre acidente fatal com um Tesla X, na Califórnia. Ao contrário dos aviões, onde essas caixas permitem livre acesso aos investigadores.

+ Ressalva: sistema híbrido do Lexus LS500h com motor convencional a combustão e mais dois elétricos utiliza tração puramente traseira. O par de motores elétricos ajuda no aumento de desempenho e redução de consumo de combustível, mas não se trata de tração 4x4 como em concorrentes Audi A8 e Mercedes-Benz Classe S.