Faz mal inalar cheiros podres, como de esgoto, puns ou carniça?

Viver em locais sem saneamento ou muito próximos de fontes de água poluídas, aterros sanitários e indústrias químicas pode ter sérias consequências para a saúde, expondo inclusive as pessoas a maus cheiros, sobretudo em dias quentes.

Esses odores fétidos, liberados pela decomposição tanto de resíduos orgânicos como sintéticos, aumentam o risco de diversas doenças crônicas e agudas, físicas e emocionais. E mesmo sentir cheiro de flatulências (puns) não é nada agradável.

Se o seu problema forem os gases intestinais constantes, diminua a ingestão de alimentos fermentativos (açúcares, gorduras, ovos, grãos e laticínios), aumente a ingestão de água e consulte um médico para rastrear distúrbios gastrointestinais.

Agora, como cidadão, conheça seus direitos e mobilize-se com sua vizinhança para que pressionem autoridades locais, promovam conscientização ambiental, ações coletivas de coleta e reciclagem e registrem e denunciem irregularidades.

Se nada for feito, veja a seguir uma lista de problemas de saúde que é possível ter:

Irritação nas mucosas

O cheiro de carniça é causado pela decomposição de matéria orgânica, que libera gases como metano, amônia, dióxido de carbono e sulfeto de hidrogênio. Esses gases combinados podem causar irritação em olhos, garganta e vias aéreas, sobretudo se a concentração, exposição e sensibilidade a eles forem grandes.

Danos ao sistema respiratório

O metano e o dióxido de carbono podem causar falta de ar se sobressaírem ao oxigênio no ambiente. Sintoma também possível após inalação de amônia e sulfeto de hidrogênio, que são fedorentos e capazes de intoxicar, gerando tosse, escarro com sangue, agravo de asma e bronquite e acúmulo de líquido pulmonar.

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Náuseas com chance de vômito

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Imagem: iStock

Odores desagradáveis ativam quimicamente o sistema nervoso central, que transmite estímulos para o aparelho digestivo, induzindo o vômito. Esse mecanismo, de reflexo involuntário, é uma forma de defesa do organismo, que tenta eliminar ou evitar a entrada de substâncias tóxicas ou contaminadas.

Redução ou alteração do olfato

Quando fortes e incessantes, cheiros ruins podem interferir no sentido do olfato e até não serem mais percebidos. Isso pode parecer positivo, mas aumenta os riscos de exposição prolongada, intoxicação (inclusive por fumaça, comida estragada, venenos) e reduções de paladar, apetite e memórias sensoriais.

Dores de cabeça

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Algumas pessoas podem ter uma sensibilidade maior para odores desagradáveis, como ocorre com certos perfumes. Como resultado, substâncias químicas e inflamatórias são liberadas pelo organismo, provocando enxaqueca ou cefaleia tensional que podem vir acompanhadas de tontura, cansaço e alterações visuais.

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Reações emocionais intensas

Nojo, raiva, impaciência são alguns dos sintomas relacionados à exposição a odores fétidos de forma aguda. Agora, continuamente, como quando se é vizinho de uma área poluída, por exemplo, essas reações podem evoluir para estresse, ansiedade e depressão. Fora prejuízos de concentração, raciocínio e aprendizado.

Doenças infecciosas

Puns não transmitem doenças se inalados, ao contrário de resíduos espalhados pelo ar e vapores vindos de esgotos a céu aberto ou despejados em córregos e rios. Podem ser contraídos dessa forma tuberculose, poliomielite, viroses e bactérias patogênicas prevalentes entre doenças respiratórias e gastrointestinais.

Alergias variadas

Decomposição de matéria orgânica e processos industriais e de tratamento liberam no ar compostos e partículas que podem desencadear, quando inaladas ou em contato com a pele, sensibilizações exageradas, causando espirros, congestão nasal, coceira e inflamação de pele e até agravo de eczema.

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Insônia

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Dificuldade em adormecer ou permanecer dormindo para se obter um sono restaurador pode ter relação com odores pútridos, que deixam o sistema nervoso em alerta, dificultando o relaxamento necessário para se adormecer.

Doenças crônicas

Por ser antinatural e muito incômodo respirar ar impuro, principalmente por tempo prolongado, dia após dia, hormônios como adrenalina, noradrenalina e cortisol são despejados na corrente sanguínea. O coração acelera, a pressão se eleva e dessa forma elevam-se os riscos de arritmia, infarto, AVC e até convulsão.

Fontes: Ellen Sodré, otorrinolaringologista da BP - A Beneficência Portuguesa (SP); Selma Arruda, química pelo Instituto Federal de Mato Grosso, especialista em engenharia sanitária e ambiental e autora de um estudo sobre mau cheiro e seus prejuízos à saúde; e Vinícius Nunes, gastroenterologista do Hospital Aliança, em Salvador.

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